Governo alemão proíbe grupo separatista de extrema direita
13 de maio de 2025
Ministério do Interior bane atuação do grupo "Reino da Alemanha", facção do movimento Reichsbürger, que rejeita o sistema democrático do país. Alguns dos líderes foram presos, incluindo seu autoproclamado "rei".
Grupo Königreich Deutschland é acusando de tentar estabelecer um "contraestado" dentro da AlemanhaFoto: Hendrik Schmidt/dpa/picture alliance
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O Ministro do Interior alemão, Alexander Dobrindt, anunciou o banimento nesta terça-feira (13/05) do grupo de extrema direita Königreich Deutschland ("Reino da Alemanha"), uma facção do movimento Reichsbürger ("Cidadãos do Império Alemão"), que rejeita a moderna democracia alemã e já foi até mesmo implicado no planejamento de uma tentativa de golpe em 2022.
O banimento do grupo "Reino da Alemanha" ocorreu após a polícia realizar operações de busca e apreensão em propriedades de suas lideranças em sete estados alemães. Foram efetuadas quatro prisões. Entre os detidos está Peter Fitzek, que fundou o grupo em 2012 e se autoproclamou monarca do "Reino".
O ministro Dobrindt, que assumiu o cargo há poucos dias, disse que "os membros desta associação criaram um 'contraestado' em nosso país e construíram estruturas econômicas criminosas."
"Dessa forma, eles minam o Estado de Direito e o monopólio da República Federal sobre o uso legítimo da força", acrescentou. "Ao mesmo tempo, usam narrativas conspiratórias antissemitas para sustentar sua suposta reivindicação de autoridade." A proibição também inclui ramificações que se originaram do "Reino da Alemanha".
As operações policiais desta terça-feira tiveram início durante a madrugada em edifícios utilizados pelo grupo e nas residências de apartamentos de seus membros mais importantes nos estados de Baden-Württemberg, Baixa Saxônia, Renânia do Norte-Vestfália, Renânia-Palatinado, Saxônia, Saxônia-Anhalt e Turíngia.
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O que é o "Reino da Alemanha"?
As autoridades calculam que o "Reino da Alemanha" conte pelo menos 6 mil seguidores, alguns vivendo em comunidades organizadas e isoladas nos estados da Turíngia e Brandemburgo, no Leste alemão. É considerado pelas autoridades como o maior grupo organizado dentro do movimento Reichsbürger, que por sua vez soma mais de 20 mil seguidores.
Essas práticas seguem o credo Reichsbürger, que considera a atual República Federal da Alemanha não passa de uma "empresa", uma construção artificial imposta pelos Aliados após a Segunda Guerra Mundial. Segundo essa visão, a única "Alemanha legítima" seria o extinto Império Alemão (1871-1918).
Assim, os seguidores do movimento costumam imprimir seus próprios passaportes e carteiras de motorista com antigos símbolos imperais. Os documentos do Estado alemão moderno seriam uma "assinatura de contrato" que acaba reduzindo os cidadãos à condição de "escravos". Portanto, não registrar os filhos em cartório seria um ato de resistência.
Os adeptos também costumam ser seguidores de outras correntes conspiracionistas, entre elas a crença de que a Alemanha seria governada por membros de um suposto "deep State" (Estado profundo). Vários são adeptos de teorias conspiratórias do movimento QAnon, para quem as principais instituições de governo do mundo são dominadas por uma elite de pedófilos satanistas. O movimento também ganhou tração durante a pandemia, quando os Reichsbürger passaram a se mesclar com ativistas antivacinas.
Polícia alemã realizou operações em sete estados alemães e prendeu quatro pessoasFoto: Bodo Schackow/dpa/picture-alliance
Cerca de 27 pessoas foram acusadas em conexão com a tentativa de golpe de Estado e 380 armas de fogo foram encontradas. No final de abril de 2024 tiveram início três julgamentos separados por terrorismo e conspiração contra os acusados.
Quem são os detidos?
De acordo com o Ministério Público Federal, quatro homens foram presos nesta terça-feira, incluindo o autointitulado "monarca" Peter Fitzek.
Segundo um porta-voz da promotoria federal duas das prisões foram feitas no distrito de Saxônia Central, no estado da Saxônia, e as demais nos distritos de Oder-Spree, em Brandemburgo, e Bad Dürkheim, na Renânia-Palatinado.
Buscas também foram realizadas na região de Solothurn, na Suíça, onde o alvo também era um cidadão alemão.
Os quatro alemães presos têm 37, 38, 46 e 59 anos de idade e serão levados entre esta terça e quarta-feira perante um juiz no Tribunal Federal de Justiça em Karlsruhe, quando será decidido se eles devem ou não ser mantidos sob custódia.
rc (DPA, AP, EPD, AFP)
O mês de maio em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Francesco Sforza/REUTERS
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O Ministério Público da Alemanha anunciou a prisão de três cidadãos ucranianos, dois deles na Alemanha e um na Suíça, por suspeita de atuarem como agentes da Rússia para realizar atos de sabotagem com explosivos no transporte de cargas alemão. (14/05)
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Morre "Pepe" Mujica, o presidente mais humilde do mundo
O ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica morreu aos 89 anos. Ele estava em estágio terminal de um câncer de esôfago e recebia cuidados paliativos. Sua morte foi informada pelo atual líder do país sul-americano, Yamandu Orsi. Líderes do mundo inteiro se despediram do ex-guerrilheiro uruguaio. (13/05)
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Primeira bênção dominical do papa Leão 14
Em sua primeira bênção dominical na Praça de São Pedro, o papa Leão 14 pediu uma paz genuína e justa na Ucrânia e um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. "Depois desse cenário dramático de uma terceira guerra mundial em pedaços, como tantas vezes afirmou o papa Francisco, eu me dirijo também aos grandes do mundo, repetindo o apelo sempre atual: nunca mais a guerra", afirmou o pontífice. (11/05)
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O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para expandir as operações militares em Gaza, incluindo a "conquista" do território palestino e a pressão para que residentes se desloquem para o sul. No domingo, militares israelenses já haviam iniciado uma convocação em massa de reservistas para ampliar a ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza. (05/05)
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Míssil disparado do Iêmen cai perto do aeroporto de Tel Aviv
O Aeroporto Internacional de Ben Gurion, na região de Tel Aviv, foi alvo de um ataque de míssil. Os rebeldes Houthis, do Iêmen, grupo aliado do Hamas, reivindicaram a autoria do ataque, que causou interrupção no tráfego aéreo. O exército israelense reconheceu que não conseguiu interceptar o míssil. (04/05)
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Austrália: esquerda reelege premiê em meio a onda anti-Trump
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Foto: Rick Rycroft/AP Photo/picture alliance
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Foto: dts Nachrichtenagentur/IMAGO
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