Violência em ascensão
13 de novembro de 2011O procurador-geral da República Rainer Griesbaum informou que foi preso neste domingo (13/11), em Hannover, Holger G., de 37 anos de idade, suspeito de integrar desde o fim da década de 1990 um grupo denominado Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU na sigla em alemão). A revista de sua residência confirmou as suspeitas.
Entre outras provas, encontrou-se em sua posse o script de um filme de propaganda do grupo, além de uma instalação de tiro camuflada, declarou Griesbaum. Supõe-se que Holger G. tenha providenciado carteiras de habilitação e passaportes para outros três presumíveis terroristas.
Na véspera, a Procuradoria Geral da República divulgara que ativistas de extrema direita seriam suspeitos de terem assassinado uma policial da cidade de Heilbronn, em 2007, assim como pela morte de nove comerciantes da área de gastronomia, em diferentes regiões da Alemanha, entre 2000 e 2006. Oito deles eram de nacionalidade turca e um tinha a grega.
Encadeamento de indícios
Após um assalto a banco na cidade de Eisenach, no leste do país, a polícia seguiu o rastro de dois suspeitos, mais tarde identificados como Uwe M. e Uwe B., até a casa incendiada onde ambos cometeram suicídio, em Zwickau, no estado da Saxônia.
Na cena do crime, a polícia encontrou uma pistola e DVDs em que os dois homens assumiam a autoria dos nove homicídios, alegando serem membros da NSU, uma "rede de camaradas cujo princípio básico é: ação em vez de palavras". Segundo a revista Der Spiegel, num vídeo de propaganda com 15 minutos de duração, os criminosos anunciavam futuros atentados.
Suspeita de cumplicidade, sua companheira de moradia Beate Z. foi detida e ofereceu-se como testemunha de acusação, em troca de abrandamento de sentença. Como os dois suicidas, ela integrava o grupo de extrema direita Defesa da Pátria Turíngia.
Da agitação ao terrorismo
A série de assassinatos da provável autoria do trio neonazista alarmou as autoridades alemãs para a possibilidade de que certos grupos de extrema direita do país tenham passado da agitação política ao terrorismo declarado.
O ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, declarou neste domingo que o país está vivendo "uma nova forma de terrorismo de extrema direita", a qual "não reivindica publicamente os atentados, nem se gaba de seus atos nos meios radicais de direita".
Hans-Werner Wargel, diretor do Departamento de Defesa da Constituição da Baixa Saxônia, comentou que a Alemanha "está lidando com o pior caso de violência de extrema direita em décadas". A chefe de governo alemã, Angela Merkel, também expressou preocupação,neste domingo, com a série de atentados.
Clamor pelo banimento do NPD
O deputado de origem turca Cem Özdemir, que lidera a bancada parlamentar do Partido Verde, mostrou-se incrédulo quanto à possibilidade de o trio neonazista ter escapado às autoridades durante tanto tempo, visto que estava ativo desde os anos 1990.
O especialista em extremismo de direita Bernd Wagner declarou ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger: "Vínhamos alertando que dentro da cena [de direita radical] desenvolveram-se grupos muito militantes, e que possivelmente passaram ao terrorismo. O motivo é sempre o mesmo: uma luta militar organizada contra a democracia e contra os estrangeiros".
O Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão) planeja uma sessão extraordinária para discutir o terrorismo neonazista, em reação ao presente caso, o qual reavivou clamores para que o Partido Nacional Democrático (NPD) seja banido. "O NPD, que é o braço político do meio nazista e inimigo da Constituição, recebe dinheiro dos contribuintes alemães, e deveria ser finalmente banido", exigiu o parlamentar social-democrata Ralf Stegner.
AV/dw/afp/rtr/dapd
Revisão: Roselaine Wandscheer