Autoridades de Hong Kong removem barricadas de protesto
18 de novembro de 2014
Decisão judicial determinou que partes de acampamentos sejam removidas para liberar avenidas bloqueadas. Remoção aconteceu sem resistência dos manifestantes que exigem eleições livres a partir de 2017.
Anúncio
Autoridades de Hong Kong começaram nesta terça-feira (18/11) a remover partes dos acampamentos de protesto pró-democracia, cumprindo uma decisão judicial. Os manifestantes que estão acampados desde o final de setembro em zonas estratégicas da cidade querem o direito de escolher livremente os candidatos da eleição em 2017.
Os manifestantes não se opuseram à remoção. Um dos líderes estudantis dos protestos, Joshua Wong, de 18 anos, afirmou que a intenção é "respeitar a decisão da Justiça", acrescentando, porém, que o grupo permaneceria diante da sede do governo, na avenida Tim Mei.
Dezenas de manifestantes recolheram suas tendas sem apresentar resistência, enquanto algumas centenas permaneceram acampadas no bairro Admiralty. A polícia e os oficiais de Justiça têm ordens de remover tanto as barricadas nesse distrito financeiro na ilha de Hong Kong como as do distrito comercial de Mongkok, na península de Kowloon.
O deputado democrata Lee Cheuk-yan acusou as autoridades de "se esconderem atrás da Justiça", numa tentativa de acabar com os protestos, ao invés de negociar com os ativistas. "Nós precisamos de uma solução política. Queremos que o governo negocie, e não uma ação policial", exigiu.
Negociação negada
Há sete semanas os manifestantes vêm bloqueando as principais vias da cidade. Empresas de transporte privadas também apelaram à Justiça pela remoção das barricadas, alegando que elas têm prejudicado seus negócios.
O grupo acampado exige a renúncia do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, e eleições livres a partir de 2017. Em agosto, o Congresso Nacional Popular da China determinou que os candidatos para a eleição precisam ser aprovados por Pequim.
Em reação, dezenas de milhares de cidadãos de Hong Kong saíram às ruas, exigindo democracia. Os protestos começaram em setembro pacificamente, porém em meados de outubro a violência eclodiu depois da divulgação de um vídeo, no qual policiais à paisana espancavam um manifestante algemado.
Depois do início da onda de violência, o governo de Hong Kong concordou em conversar com os líderes estudantis do movimento de protesto. Contudo Pequim deixou claro que não iria mudar de posição e, como previsto, os manifestantes saíram de mãos abanando das negociações.
Os protestos iniciados pelos estudantes são considerados ilegais tanto pelo governo chinês quanto pela administração de Hong Kong. Em seu auge, eles chegaram a atrair mais de 100 mil pessoas, mas os manifestantes vêm perdendo o apoio da população com passar das semanas.
CN/dpa/afp/ap
Protestos pró-democracia em Hong Kong
Manifestações vêm sufocando o território autônomo, levando a uma quase paralisação da vida pública. O que começou como uma greve de estudantes ganhou a adesão de milhares de ativistas.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Confrontos entre manifestantes pró e contra os protestos
Manifestantes contrários aos protestos pró-democracia (e) entraram em confronto nesta sexta-feira (03/10) com aqueles que há dias ocupam o centro de Hong Kong. Eles destruíram barracas, rasgaram faixas e atiraram garrafas contra os integrantes do movimento Occupy Central. A polícia precisou intervir.
Foto: Alex Ogle/AFP/Getty Images
Chefe do Executivo não renuncia
Minutos antes da meia-noite da quinta-feira (02/10), o chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying (d), e sua secretária de governo Carrie Lam deram uma entrevista ressaltando que não vão deixar o governo. Eles concordaram, porém, em conversar com os estudantes, que haviam dado um ultimato: exigiam a renúncia do líder até o fim da quinta-feira, caso contrário, ocupariam prédios do governo.
Foto: AFP/Getty Images/A. Wallace
Dia Nacional da China
Manifestantes ocuparam ruas centrais de Hong Kong na quarta-feira (01/10), Dia Nacional da China. Inicialmente, esta era a data marcada para o começo dos protestos por mais democracia e eleições livres.
Foto: Reuters/Tyrone Siu
De costas para a China
Durante uma cerimônia em comemoração ao Dia Nacional da China, os manifestantes viraram as costas para o evento e para bandeira chinesa, proferindo as palavras "queremos democracia de verdade". O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, rejeitou uma reunião com os manifestantes.
Foto: picture-alliance/dpa/Dennis M. Sabangan
Ruas bloqueadas
Apesar de apelos do governo, dezenas de milhares passaram a noite em vigília e amanheceram bloqueando as ruas de Hong Kong nesta terça-feira (30/09). Os manifestantes estocaram alimentos e ergueram barreiras improvisadas, esperando uma reação da polícia no Dia Nacional da China.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Bombas contra os manifestantes
Na noite de domingo para segunda-feira (29/09), policiais atacaram o movimento pela democracia com bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e cassetetes. Fontes da própria polícia falam em 38 feridos.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Caos no transporte público
Em vários pontos nevrálgicos da cidade – não apenas no distrito financeiro, mas também na península de Kowloon –, os manifestantes bloquearam cruzamentos e algumas das principais avenidas, deixando a região administrativa especial da China em situação caótica no final de semana. O departamento de trânsito afirmou que duzentas linhas de ônibus e boa parte das linhas de bondes sofreram interrupções.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Vida pública paralisada
Também escolas e comércio nas áreas afetadas pelos protestos estão parcialmente fechados. Aos pais, foi recomendado que deixassem as crianças em casa. Bancos e empresas de investimentos de grande porte tiveram que tomar precauções, estabelecendo um plano de contingência para se manter em operação.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Uma semana de protestos
Os protestos que vêm sufocando o território autônomo chinês foram iniciados na segunda-feira (22/09) com uma greve de estudantes. Desde então, ganharam maiores proporções. Durante o fim de semana seguinte, o movimento Occupy Central se juntou aos estudantes. Os manifestantes exigem eleições democráticas e a renúncia do líder do governo de Hong Kong, Leung Chun-ying.
Foto: Reuters
Estopim dos protestos
Os manifestantes não aceitam uma determinação da liderança comunista da China em Pequim, que estabelece que apenas candidatos pré-selecionados pelas lideranças em Pequim poderão concorrer às eleições para o governo de Hong Kong em 2017. Na prática, isso significa que nomeações de candidatos críticos ao governo estão excluídas.
Foto: XAUME OLLEROS/AFP/Getty Images
"Um país, dois sistemas"
Desde que foi devolvida à China em 1997, a ex-colônia do Império Britânico recebeu status especial. Ao contrário da China, em Hong Kong há liberdade de imprensa e de reunião. No entanto, Pequim quer manter o controle político sobre a região e observa os protestos atuais de perto, rejeitando "atividades ilegais" que "põem em risco a paz social".
Foto: Reuters/Bobby Yip
Reação de Pequim
O governo chinês classifica as manifestações de "reuniões ilegais", mas se diz confiante de que as autoridades locais poderão lidar legalmente com os protestos, segundo informações da agência de notícias Xinhua ao citar um porta-voz do Conselho de Estado.