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Terrorista identificada

2 de abril de 2010

A jovem de 17 anos carregava uma carta de amor no momento do atentado que vitimou 40 pessoas no metrô de Moscou. Segundo a imprensa russa, a vingança pela morte de seu parceiro baleado foi planejada por terceiros.

Ato de terror no metrô da capital russa foi planejado por rebeldes caucasianosFoto: AP

As autoridades russas identificaram uma das duas terroristas suicidas que provocaram o atentado na segunda-feira passada (28/03) no metrô de Moscou.

Trata-se de uma jovem de 17 anos natural da república caucasiana do Daguestão. A informação foi divulgada por um representante da comissão antiterrorismo do governo russo às agências de notícias locais, nesta sexta-feira (02/04).

Segundo o jornal russo Kommersant, Dzhennet Abdurajmanova, nascida em 1992, era viúva de um extremista islâmico do Daguestão morto na véspera do último Ano Novo pelas forças de segurança russas.

Quanto à segunda mulher envolvida no recente atentado que vitimou 40 pessoas, as autoridades russas não divulgaram informações oficiais. Segundo a imprensa local, trata-se possivelmente de uma tchetchena de 20 anos de idade cujo marido também foi assassinado em outubro de 2009.

"Viúvas negras"

O rosto lembra o de uma criança. A adolescente vestida em trajes muçulmanos passa uma impressão de inocência, se não fosse a pistola nas mãos. Foi com essa imagem que a imprensa russa revelou a identidade de uma das executoras do ato de terror.

Ao que tudo indica, a trajetória de Dzhennet Abdurakhmanova não é tão incomum no Cáucaso do Norte. Ela é uma entre muitas jovens que entram em contato com rebeldes islâmicos através da internet, passam a viver com eles e, após morte destes em combate com as forças de segurança russas, se tornam vingadoras. As chamadas "viúvas negras" foram responsáveis por uma série de atentados graves na Rússia nos últimos dez anos.

Até agora se sabe pouco sobre a jovem morta na explosão que ela mesma provocou. Segundo o jornal Kommersant, ela cresceu em um pequeno vilarejo no oeste do Daguestão conhecido por seus mestres de luta livre oriental.

Mal completara 16 anos, Dzhennet conheceu pela internet Umalat Magomedov, chamado de "Emir do Daguestão" e amigo do mentor dos mais recentes atentados de Moscou, Doku Umarov, o "Emir do Cáucaso". Após um primeiro encontro com Magomedov, a jovem foi praticamente obrigada a viver com ele, noticia o jornal russo, baseado em informações de investigadores do Daguestão.

"Sacrifício" em nome do amor

Foto divulgada pelo jornal russo 'Kommersant' supostamente mostra Dzhannet Abdurakhmanova e seu parceiro Umalat MagomedovFoto: AP

Na foto publicada pelo jornal, Magomedov aparece abraçado com sua jovem parceira; ambos seguram suas armas diante da câmera. Não se sabe se eles eram casados oficialmente.

Poucos meses depois, Magomedov seria morto. Segundo informações dos investigadores, ele foi baleado em um controle policial em 31 de dezembro passado, no Daguestão, onde vivia com Dzhennet. Foi então que os rebeldes muçulmanos "convenceram" a jovem de que ela deveria se "sacrificar" para vingar a morte de seu parceiro, descreve o jornal.

Os policiais encontraram uma carta em árabe junto ao corpo da jovem, noticiou o jornal Moskovski Komsomolez. Como árabe é uma língua rara no Cáucaso do Norte, é possível que Dzhennet tenha sido treinada como terrorista no Oriente Médio.

Segundo o Kommersant, a jovem poderia pertencer a um grupo de 30 terroristas suicidas recrutados por líderes extremistas, sobretudo via internet, e treinado na Tchetchênia. Provavelmente ela viajou a Moscou de ônibus, junto com a outra jovem com quem executaria o ato de terror.

A imprensa russa diz que a segunda envolvida era uma tchetchena de 20 anos, viúva de um rebelde morto em outubro de 2009 e dado como desaparecido desde então. Um representante do serviço secreto tchetcheno questionou a autenticidade desse relato, argumentando que a foto da jovem não corresponde aos traços fisionômicos da terrorista morta.

A carta de amor encontrada nos escombros do metrô em Moscou termina com a saudação "nós nos encontramos no céu" e com uma assinatura em caligrafia infantil de um nome árabe que significa "paraíso", divulgou o Moskowski Komsomolez.

Medvedev: devem-se punir todos os cúmplices

Cinco dias após o atentado que abalou a capital, o presidente russo, Dimitri Medvedev anunciou mais rigor no combate aos movimentos rebeldes no Cáucaso. Até agora só teriam sido mortos alguns "bandidos notórios", disse Medvedev, acrescentando que isso não seria suficente. "Todos têm que ser localizados e punidos."

O líder rebelde tchetcheno Doku Umarov assumiu a autoria do recente atentado no metrô de Moscou. No entanto, as autoridades russas querem rastrear todos os cúmplices. Todo ajudante – "tenha ele somente cozinhado ou lavado roupa" – tem que ser considerado um criminoso, declarou Medvedev, de acordo com agências de notícia russas.

SL/afp/apn
Revisão: Nádia Pontes

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