Autoridades turcas confiscam material da Deutsche Welle
Christoph Jumpelt (pv)6 de setembro de 2016
Ancara apreende gravação de entrevista com o ministro turco da Juventude e do Esporte, Akif Çagatay Kiliç. Governo alega que "perguntas feitas não foram as planejadas".
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Imediatamente após a gravação de uma entrevista televisiva com o ministro turco da Juventude e do Esporte, Akif Çagatay Kiliç, para o talk show da DW "Conflict Zone", autoridades turcas confiscaram as imagens de vídeo. A entrevista foi conduzida pelo apresentador Michel Friedman na noite desta segunda-feira (05/09), na capital Ancara.
As gravações foram realizadas nas dependências do próprio Ministério da Juventude e do Esporte e incluíam perguntas que haviam sido enviadas previamente ao ministério.
Friedman perguntou sobre a tentativa de golpe de Estado em julho, assim como sobre as demissões em massa e as detenções que ocorrerem na sequência. Ele perguntou sobre a situação da mídia na Turquia e também sobre a posição da mulher na sociedade turca. O ministro Kiliç foi convidado para explicar as várias declarações feitas pelo presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, em relação a estes tópicos.
Assim que o ministro saiu da sala, o assessor de imprensa do ministro anunciou que a DW não seria autorizada a transmitir a entrevista. Quando Friedman e colegas editorais protestaram, o material foi confiscado por funcionários do ministério turco.
DW protesta
O diretor-geral da DW, Peter Limbourg, pronunciou-se nesta terça-feira sobre o comportamento das autoridades turcas. "O incidente é prova de uma violação flagrante da liberdade de imprensa na Turquia. O que estamos vivenciando constitui um ato de coerção do regime turco. Já não se segue a lei, e isso não tem nada que ver com democracia", disse Limbourg.
"Não pode ser que um ministro responda de boa vontade a uma entrevista e, em seguida, tenta bloquear a transmissão simplesmente porque não gostou das perguntas feitas. Estamos solicitando às autoridades turcas a devolução imediata do material e iremos considerar nossas opções legais."
Logo após o incidente, a DW apelou ao Ministério da Juventude e do Esporte turco, assim como à direção-geral turca para a imprensa e informação, exigindo a liberação das imagens de vídeo. Um prazo fixado para o meio-dia (horário local) desta terça-feira expirou sem qualquer resposta.
Durante diversas conversas telefônicas com representantes do Ministério da Juventude e do Esporte, a DW solicitou repetidamente a devolução do material. A resposta manteve-se inalterada: o ministério não está de acordo com a difusão da entrevista.
Em comunicado feito ao departamento de língua turca da DW, Übeydullah Yener, assessor de imprensa do ministro, afirmou: "Não houve autorização para a entrevista. As perguntas feitas não foram as planejadas. O próprio senhor Friedman sabe exatamente por que isso aconteceu. Algumas afirmações estavam mais para alegações. Em tal situação, não foi concedida autorização."
Liberdade de imprensa?
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é celebrado em 3 de maio. Em alguns países, porém, essa é uma realidade distante. Confira quais são os piores colocados no ranking mundial da Repórteres sem Fronteiras.
Foto: Fotolia/picsfive
Síria: perseguição e morte
Desde a revolta contra Baschar al-Assad, muitos jornalistas são perseguidos e mortos. Há anos, a Repórteres sem Fronteiras incluiu o regime de Assad na lista dos "inimigos da liberdade de imprensa". Mas a Frente al-Nusra, que luta contra Assad, e os militantes do "Estado Islâmico" também atacam jornalistas, sequestrando e matando profissionais de mídias estatais sírias e correspondentes.
Foto: Abd Doumany/AFP/Getty Images
China: maior prisão de blogueiros e jornalistas do mundo
Para a Repórteres sem Fronteiras, a China é o país onde mais blogueiros e jornalistas estão presos. O regime autoritário é contra quem emite opiniões indesejáveis sobre o sistema. A pressão contra jornalistas estrangeiros só vem crescendo. Eles são proibidos de entrar em algumas regiões do país e o trabalho é controlado. Às vezes, assistentes chineses ou entrevistados são simplesmente presos.
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Vietnã: prisão para críticos do regime
O país não possui mídia independente. O Partido Comunista, o único do Vietnã, passa aos jornalistas as informações que devem ser publicadas. Inclusive muitos editores, redatores e jornalistas são membros do partido. Blogueiros estão cada vez mais no foco das autoridades e, se desafiam o monopólio de opinião do partido, são silenciados por meio da prisão.
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Turcomenistão: aparente independência de jornalistas
O presidente Gurbanguly Berdimuhammedov detém todos os meios de comunicação. Porém, há uma exceção: o jornal Rysgal. Mas também o Rysgal tem que pedir autorização para publicar suas edições. Existe no país uma lei contra o monopólio da mídia e, desde então, os cidadãos têm acesso à imprensa estrangeira. Mas a internet é controlada pelo governo e a maioria dos sites é bloqueada.
Foto: Stringer/AFP/Getty Images
Coreia do Norte: imprensa ditada por Kim Jong-un
A liberdade de imprensa não existe na Coreia do Norte. Jornalistas não podem fazer reportagens de forma livre, já que o ditador Kim Jong-un controla o que deve ser publicado pela mídia. Com televisão ou rádio é possível receber sinais só de emissoras estatais. Qualquer pessoa que expressar opinião de forma livre acaba em um dos chamados "campos de reeducação" juntamente com toda a família.
Foto: picture-alliance/dpa/Yonhap/Kcna
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