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Avança concentração no mercado da cerveja

Neusa Soliz22 de janeiro de 2004

A Carlsberg comprou a Holsten por mais de um bilhão de euros e essa certamente não foi a última cervejaria alemã a mudar de dono. A concentração ameaça a diversidade do mercado alemão, com mais de mil de marcas.

Fábrica da Holsten em HamburgoFoto: AP

Christian Eisenbeiss, acionista majoritário da Holsten, vendeu 51% de suas ações à Carlsberg, que como outras cervejarias européias está interessada em aumentar sua parcela no mercado alemão. Com a transação, a empresa da Dinamarca agora ocupa o quinto lugar no ranking mundial dos fabricantes. A Carlsberg pretende comprar as demais ações, e a transação toda vai lhe custar 1,065 bilhão de euros, inclusive as dívidas da empresa alemã e os compromissos do fundo de pensões.

Mercado acaba com a diversidade

A tradicional cervejaria do norte da Alemanha não continuará produzindo todas as suas marcas, pois a Carlsberg já acertou a venda de duas delas - König e Licher - à alemã Bitburger por 469 milhões de euros. Com a transação, a Carlsberg foi o terceiro fabricante de cerveja europeu a entrar em grande estilo no mercado alemão, depois da Heineken, holandesa, e a Interbrew, belga. Com 100 milhões de hectolitros por ano, ele é o maior da Europa e o terceiro do mundo, após os Estados Unidos e a China.

Há aproximadamente 1300 cervejarias na Alemanha, a maioria empresas pequenas, muitas vezes familiares, com produção local. Dez grupos maiores controlam mais da metade do mercado. Mas essa variedade que faz a festa do apreciador de cervejas está com os dias contados. Segundo um estudo da consultoria Ernst & Young, duas de cada três cervejarias alemãs não têm condições de subsistir. Até 2015, restarão apenas 190.

O que acaba com as cervejarias

O que está acontecendo na terra da cerveja? Uma porção de coisas, pois as cervejarias sofrem pressões de vários lados. Em primeiro lugar, o consumo está em retração há anos, ao mesmo tempo em que outras bebidas sobem na preferência. Em 2003, o consumo per capita de água foi de 129 litros, superando, pela primeira vez, o da cerveja (cerca de 120 litros).

Os alemães bebem cada vez menos cervejaFoto: AP

No ranking das bebidas, ela agora ocupa o terceiro lugar, pois a bebida número 1 dos alemães é o café. Uma pesquisa realizada esta semana revelou que mais de um terço dos alemães não gostam de cerveja. O número dos que apreciam vinho, pelo contrário, vem aumentando constantemente.

Além do encolhimento do mercado da cerveja, preços cada vez mais altos da energia e dos transportes preocupam os fabricantes, principalmente a introdução de pedágio para caminhões. Como eles já repassaram os aumentos aos consumidores nos anos anteriores, em 2004 estão hesitantes. Aumenta a procura pelas marcas mais baratas, que entretando atingiram uma parcela de 20%.

Outro problema é a lei que impôs pagamento de depósito para latinhas de bebidas e embalagens PET no ano passado. Desde então, a produção das cervejarias alemãs caiu 4%. A Holsten é uma das que teve prejuízo com isso, daí sua venda não ter sido uma surpresa.

Grandes engolem pequenas

Nem todas se queixam do depósito, contudo. A Krombacher e a Bitburger, duas das grandes, por exemplo, sempre se concentraram em vender cerveja em garrafas. E deram-se bem com essa tendência "ecológica". A Krombacher, que é a maior cervejaria alemã, aumentou suas vendas em 12% em 2003, totalizando mais de 5 milhões de hectolitros (500 milhões de litros).

Diante das dificuldades, só sobrevivem os grandes, que assim podem racionalizar seus custos. Por isso, o lema no mercado da cerveja no momento é "comer ou ser engolido", ou melhor, "beber ou ser tragado". Nesse sentido, outras cervejarias alemãs terão que se expandir, se não quiserem ser compradas por estrangeiras, entre elas a Brau und Brunnen e a Radeberger, que pertence ao grupo Oetker.

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