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Avião ucraniano foi "provavelmente" abatido pelo Irã

9 de janeiro de 2020

Fontes de segurança dos EUA e do Iraque avaliam que sistema de defesa antiaéreo iraniano teria sido responsável pela queda de aeronave com 176 pessoas a bordo. Canadá e Reino Unido endossam possibilidade.

Destroços no local da queda do Boeing 737-800 da companhia aérea Ukraine International
Autoridade de aviação civil iraniana se recusa entregar caixas-pretas do avião acidentado a EUA e Boeing Foto: Reuters/Wana/N. Tabatabaee

O avião de passageiros da Ucrânia que caiu no Irã, matando todas seus 176 ocupantes, foi provavelmente abatido pelos próprios iranianos, por acidente, informaram membros de serviços de inteligência dos Estados Unidos e do Iraque nesta quinta-feira (09/01). Os governos do Canadá e do Reino Unido também endossaram essa possibilidade.

Um vídeo divulgado pelo The New York Times também mostra o que parece ser um míssil atingindo um avião perto do aeroporto de Teerã, na mesma área em que a aeronave de passageiros caiu. O jornal afirma que verificou a autenticidade das imagens.

O Boeing 737-800 da companhia aérea Ukraine International caiu na madrugada de quarta-feira, apenas três minutos depois de decolar do aeroporto de Teerã com destino a Kiev. A tragédia ocorreu poucas horas depois do ataque iraniano a duas bases que abrigam militares americanos no Iraque, o que provocou imediatas especulações de relação entre os dois acontecimentos.

De acordo com duas fontes de inteligência americanas e uma iraquiana, ouvidas pela revista americana Newsweek, o avião foi provavelmente abatido por um míssil terra-ar disparado por um sistema de defesa aéreo Tor-M1, de fabricação russa. De acordo com os oficiais americanos entrevistados, o sistema provavelmente foi colocado em modo de alerta pelos iranianos logo depois de seu ataque às bases, para a eventualidade de uma retaliação americana.

Já uma autoridade americana citada pela agência de notícias Reuters disse que satélites dos EUA detectaram o lançamento de dois mísseis terra-ar logo após o Boeing 737-800 deixar Teerã. Em seguida, houve uma explosão na área em que o avião voava, e os satélites ainda detectaram a aeronave pegando fogo antes de atingir o solo. Para fontes de serviços de segurança europeus, os relatos de que o avião foi derrubado são "críveis", relatou a emissora CNN.

Nesta quinta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, também indicou que o avião parece ter sido derrubado pelos iranianos: "[O avião] estava voando numa área complicada. Eles podem ter se enganado. Alguns dizem que pode ter sido uma falha técnica, mas pessoalmente eu não acredito que seja essa a questão", disse a jornalistas na Casa Branca. 

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também afirmou que evidências obtidas a partir de diversas fontes sugerem que o avião foi derrubado por um míssil iraniano, possivelmente por engano. Ele pediu uma investigação completa e afirmou que seu governo "não irá descansar" enquanto não houver justiça.

O ministro do Exterior britânico, Dominic Raab, afirmou que, devido a um "conjunto de informações" de que o voo da Ukraine International "foi derrubado por um míssil terra-ar iraniano" e a "tensões elevadas", cidadãos britânicos foram aconselhados a não viajar para, a partir ou passando pelo Irã. "Precisamos urgentemente de uma investigação transparente para estabelecer o que causou a queda", disse.

Na quarta-feira, logo depois da queda, autoridades de aviação do Irã se apressaram em afirmar que a causa da queda parecia ter sido uma falha mecânica. O ministro dos Transportes, Mohammed Eslami, rejeitou alegações de que a queda da aeronave seria "suspeita": "O avião pegou fogo devido a um defeito técnico, e isso resultou num acidente. Cientificamente, é impossível um míssil ter atingido o avião ucraniano, e esses boatos não têm lógica."

Nesta quinta-feira, o Irã voltou a negar que um de seus mísseis tenha derrubado o avião. Em comunicado, o porta-voz do governo iraniano, Ali Rabiei, classificou os relatórios que culpam o Irã pela queda do avião ao sul de Teerã como "falsos" e disse que eles fazem parte de "uma guerra psicológica" contra o país. Já o Ministério de Relações Exteriores considerou as declarações "especulações suspeitas".

Inicialmente, a embaixada da Ucrânia no Irã também falou de falha mecânica e descartou que o desastre tivesse sido provocado por terrorismo. Em novo comunicado, porém, Kiev omitiu essa versão e afirmou apenas estar investigando a causa do incidente.

Uma comissão de investigadores ucranianos foi enviada a Teerã. A equipe conta com especialistas que participaram das investigações do voo MH17, da Malaysia Airlines, derrubado em 2014 por um míssil antiaéreo russo no espaço aéreo da Ucrânia.

Mais tarde, o governo da Ucrânia informou que passara a investigar a possibilidade de o avião ter sido atingido por um míssil antiaéreo. Também são analisadas as possibilidades de que a aeronave tenha colidido com um drone ou outro objeto voador, ou que tenha ocorrido uma explosão interna como resultado de um ato terrorista, ou uma falha técnica levando à explosão no motor.

O avião transportava 167 passageiros e nove tripulantes, sendo 82 iranianos e 63 canadenses, 11 ucranianos, dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos. O Boeing 737-800 operava há apenas três anos, segundo o serviço de monitoramento aéreo FlightRadar24.

De acordo com as regras internacionais, cabe ao Irã a investigação sobre o incidente. Inicialmente, a autoridade de aviação civil iraniana afirmou, porém, que não entregaria aos Estados Unidos e à Boeing as caixas-pretas do avião.

Nesta sexta-feira, a agência de notícias estatal iraniana Irna citou um porta-voz do Ministério do Exterior do país "convidou tanto a Ucrânia quanto a Boeing para participar das investigações". O porta-voz também disse que Teerã aceitará a ajuda de outros países de que tenham morrido cidadãos.

Segundo especialistas, poucos países são capazes de realizar esse processo, entre eles Alemanha, EUA, França e Reino Unido. Nesta sexta-feira, a França ofereceu ajuda ao Irã para investigar as causas da queda do avião.

JPS/afp/ots/rt

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