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Babchenko: assassinato forjado e muitas questões em aberto

Maksym Drabok av
31 de maio de 2018

Parece um thriller de espionagem ruim: a Ucrânia divulga a morte de um crítico do Kremlin e no dia seguinte revela tratar-se de uma encenação de seu serviço secreto. Para quê? E quem sai perdendo mais: Moscou ou Kiev?

Arkady Babchenko (esq.) apresentou-se à imprensa ao lado do procurador geral de Kiev, Yuriy Lutsenko
Arkady Babchenko (esq.) apresentou-se à imprensa ao lado do procurador geral de Kiev, Yuriy LutsenkoFoto: Reuters/V. Ogirenko

A notícia do assassinato do jornalista russo Arkady Babchenko espalhou-se como fogo na floresta. De todo o mundo partiram condolências, políticos expressaram luto e indignação. Também o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, criticou com rigor o suposto atentado a mando do Kremlin.

E aí, a virada inesperada: o homicídio do crítico do Kremlin fora encenado, forjado pelo serviço secreto ucraniano SBU para supostamente desmascarar os mandantes de um real complô assassino contra Babchenko.

No entanto o procedimento do SBU suscita numerosas perguntas prementes que, caso permaneçam sem resposta, poderão minar a credibilidade do governo em Kiev.

Essa encenação pelo serviço secreto da Ucrânia era realmente necessária?

Para esclarecer um crime – mesmo que só planejado – não é forçosamente necessário simulá-lo. É possível que Kiev tencionasse despertar a maior atenção pública possível, e só um atentado encenado como esse garantiria que a mídia mundial desse destaque ao assunto.

O governo ucraniano planejara colocar a Rússia no banco dos réus, diante do pano de fundo da opinião pública mundial ultrajada. Em vez disso, agora o Kremlin está em posição de acusar Kiev de ter enganado a comunidade internacional.

Como está a credibilidade das autoridades ucranianas após esse episódio?

Há uma diferença entre "operações secretas" e "palhaçada". Como a comunidade internacional deve agora reagir, da próxima vez que se noticiar um incidente assim? Primeiro esperar um ou dois dias, para ter certeza que ele realmente ocorreu?

O governo em Kiev estará se autodesqualificando, caso não seja capaz de apresentar provas verificáveis justificando a conduta das forças de segurança. E mesmo que haja provas sustentando as acusações ucranianas contra Moscou, permanece o perigo de a credibilidade do país estar comprometida de forma duradoura.

Populares revoltados e viaturas da polícia diante do local do suposto crimeFoto: picture-alliance/dpa/Stringer/Sputnik

É realmente possível que a esposa de Arkady Babchenko nada soubesse da morte encenada de seu marido?

Na coletiva de imprensa após a "operação especial", anunciou-se que a família de Babchenko não estava informada. Ele próprio desculpou-se, ainda na ocasião, com sua esposa, conectada ao vivo, com as palavras: "Sinceramente, me perdoe, Olechka, mas não havia outra possibilidade."

Antes, a polícia de Kiev divulgara que a mulher o encontrara no apartamento do casal, com tiros nas costas e banhado de sangue, tendo chamado a emergência. Arkady Babchenko teria morrido pouco depois na ambulância. Portanto há aí uma série de contradições que precisam ser esclarecidas.

Como o serviço secreto ucraniano conseguiu a colaboração do suposto assassino?

O homem alegadamente contratado por Moscou para assassinar Babchenko teria concordado em cooperar com o serviço secreto ucraniano. Segundo o procurador geral de Kiev, Yuriy Lutsenko, os agentes descobriram a tempo os planos de atentado e fizeram o assassino "virar a casaca". No entanto ainda não há mais informações a respeito.

No momento faltam peças demais do quebra-cabeças para se formar uma imagem completa. Kiev vai precisar explicar muita coisa. Senão a Rússia poderá se apossar da interpretação dos fatos, e a "operação especial" resultará num clássico gol contra para a Ucrânia.

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