Bailarina arrisca 15 anos de prisão por doar U$ 51 à Ucrânia
8 de agosto de 2024
Ksenia Karelina, uma cidadã russo-americana, foi presa em fevereiro na Rússia e acusada de "traição" após doar em 2022 o equivalente a R$ 280 para uma ONG humanitária que atua na Ucrânia.
Ksenia Karelina durante uma audiência num tribunal russo em junho deste anoFoto: AP/picture alliance
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O Ministério Público da Rússia solicitou nesta quinta-feira (08/07) uma pena de 15 anos de prisão para a cidadã russo-americana Ksenia Karelina, de 33 anos, que foi acusada pelo Kremlin de alta traição por enviar US$ 51,80 (R$ 283) a uma ONG que atua na Ucrânia.
"O Ministério Público pediu 15 anos de prisão", disse o advogado da acusada, Mikhail Mushailov, citado pela agência de notícias russa Interfax. Segundo o advogado, a sentença será proferida em 15 de agosto pelo Tribunal Regional de Sverdlovsk, nos Urais russos.
Na quarta-feira, Karelina, uma bailarina amadora, declarou-se culpada das acusações apresentadas pelo Ministério Público.
Em fevereiro, Karelina, que mora em Los Angeles, nos EUA, foi presa em Ecaterimburgo, na região dos Urais russos, enquanto viajava para visitar parentes. Nascida na Rússia e cidadã americana desde 2021, Karelina foi inicialmente acusada de desacato, supostamente por xingar policiais.
Posteriormente, agentes do FSB, a principal agência de segurança russa, examinaram seu telefone e disseram ter descoberto que, antes de viajar para a Rússia, ela havia feito uma doação para uma organização com sede nos EUA que fornece assistência à Ucrânia. A ONG, chamada Razom, fundada em 2014 por ucranianos que vivem nos EUA, coleta fundos para fornecer equipamento médico e alimentos para a população da Ucrânia.
As acusações e o julgamento de Karelina ocorrem depois que o líder russo, Vladimir Putin, assinou um decreto em abril do ano passado aumentando a pena máxima por traição para prisão perpétua, em vez de 20 anos, como parte de um esforço para aumentar a repressão à dissidência no país.
Três dos trocados eram cidadãos americanos, incluindo o jornalista Evan Gershkovich, que também foi detido em Ecaterimburgo. Outros prisioneiros trocados incluíam a artista russa Sasha Skochilenko, de 33 anos, que foi condenada a sete anos de prisão por espalhar adesivos com mensagens antiguerra em produtos à venda num supermercado.
Os Estados Unidos e a oposição russa acusam o Kremlin de tomar como reféns prisioneiros políticos e cidadãos estrangeiros para posteriormente trocá-los por russos que cumprem penas em prisões ocidentais. Em troca de jornalistas, ativistas políticos e artistas, a Rússia obteve a libertação de figuras como Vadim Krasikov, um agente do FSB condenado na Alemanha por assassinar um exilado checheno num parque de Berlim em 2019.
jps (EFE, ots)
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