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Balanço positivo dos brasileiros na Biofach

Roselaine Wandscheer18 de fevereiro de 2003

Açúcar, café e soja do Brasil brilharam na Biofach, maior feira mundial de orgânicos, encerrada no domingo em Nurembergue, na Alemanha. Produtores alemães preocupados com crescimento da concorrência internacional.

Café orgânico do Brasil é prestigiado no exteriorFoto: Bilderbox

Os expositores e visitantes brasileiros fazem um balanço positivo de sua participação na Biofach 2003, encerrada no domingo (16). O grupo, composto de 22 expositores e 18 representantes de projetos do Sebrae paulista, foi organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK - São Paulo), em conjunto com a Agência de Promoção das Exportações, o Instituto Biodinâmico e o portal Planeta Orgânico.

A participação brasileira faz parte de um projeto que visa a colocação dos produtos brasileiros no mercado alemão. A iniciativa engloba, entre outras coisas, a organização de seminários, pesquisa de mercado, apoio logístico, encontros, visitas agendadas e rodadas de negócio para divulgar o produto orgânico brasileiro na Alemanha. Na manhã desta segunda-feira, o grupo visitou o supermercado de orgânicos de Nurembergue.

A diretora do Departamento de Feiras da AHK mostrou-se surpresa com a variedade. "Nosso pessoal está encantado. Infelizmente, no Brasil ainda temos um público pequeno. Embora nossos produtos orgânicos tenham uma excelente qualidade, eles são três a quatro vezes mais caros que os convencionais", assinala Dinah Worisch Mazzo.

Açúcar, café e soja, os favoritos

Apesar da grande variedade de orgânicos do Brasil trazidos à feira no sul da Alemanha (concentrados de frutas, verduras, arroz, mel, entre outros), o interesse concentrou-se em açúcar, café e soja em grão. "As negociações com os produtores devem se estender nos próximos três meses", explica Dennis Ditchfield.

Segundo o presidente do Instituto Biodinâmico (IBD), uma das principais certificadoras do Brasil, a feira foi produtiva tanto no aspecto comercial, pois houve muitos contatos para representação, como em termos de crescimento de espaço físico – o estande brasileiro tinha 265 metros quadrados.

A preocupação do Instituto Biodinâmico com o aspecto social da produção de orgânicos impressionou os visitantes, conforme explica seu presidente: "Ao conferirmos nossos certificados de garantia, atentamos também se não há exploração do trabalhador ou mão-de-obra infantil."

Alemães preocupados com a concorrência

O mercado de produtos em harmonia com a natureza está em crescimento principalmente nos grandes centros alemães. No ano passado, o setor foi responsável por um faturamento da ordem de três bilhões de euros. "Temos um ótimo potencial para os produtos biológicos, mas nossos preços estão no limite", queixa-se Thomas Dosch, da Bioland, a maior associação alemã de produtores de orgânicos, com 4400 membros.

A produção de leite é uma das que mais preocupa, assinala o agricultor Siegfried Meyer. "Como nossos preços são acoplados aos dos produtos da agricultura convencional, ganhamos 6,5 centavos de euro por litro de leite. Pelos meus cálculos, o preço deveria ser pelo menos um centavo mais alto", reclama o produtor. (N.R.: o litro do leite custa ao consumidor alemão cerca de 80 centavos).

O mesmo não vale para carnes ou verduras. Enquanto o quilo de carne bovina alemã para refogado, com o selo orgânico, custava em torno de 14 euros, no ano passado, o preço da mesma carne de produção convencional era de 8 euros.

Por ser um mercado importante, a Alemanha é o principal alvo dos produtores de outros países, principalmente os vizinhos. Britânicos, holandeses, italianos e dinamarqueses conquistam cada vez mais espaço, em detrimento dos produtores locais.

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