Bancada de ultradireita do Parlamento Europeu exclui AfD
23 de maio de 2024
Declarações levianas de eurodeputado alemão minimizando SS nazista seguem custando aliados à AfD. Segundo bancada Identidade e Democracia, delegação da sigla alemã comprometia sua "coesão e reputação".
Maximilian Krah, da AfD: "Nem todo mundo que usava uniforme da SS era automaticamente um criminoso"Foto: Frederick Florin/AFP
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Após diversos escândalos, a bancada de extrema direita do Parlamento Europeu Identidade e Democracia (ID) excluiu de seus quadros, nesta quinta-feira (23/05), os deputados do partido de ultradireita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), com efeito imediato.
O estopim mais recente foram as declarações do principal eurodeputado alemão minimizando o grau de criminalidade da organização paramilitar nazista SS, em entrevista a um jornal italiano, no fim de semana.
"O grupo ID não quer estar associado aos incidentes em torno de Maximilian Krah, o principal candidato da AfD nas eleições europeias", declarou a sigla ultradireitista italiana Liga, cujo parlamentar Marco Zanni é presidente da ID.
A agência de notícias AFP cita um esboço de resolução da bancada, segundo o qual "uma série de incidentes" envolvendo Krah e a delegação alemã teria prejudicado a "coesão e reputação" do grupo europeu de extrema direita.
Segundo fontes internas da ID, além da Liga, teriam votado a favor da exclusão o partido francês Reunião Nacional (RN), o belga Interesse Flamengo (VB), o dinamarquês Partido Popular Dinamarquês (DF) e o tcheco Liberdade e Democracia Direta (SPD). Manifestaram-se contra o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) e um partido da Estônia. Até agora, a Identidade e Democracia contava com 58 eurodeputados, sendo nove deles da AfD.
A exclusão da legenda alemã tem, acima de tudo, caráter simbólico, pois só após as eleições europeias, em duas semanas, o Parlamento voltará a se reunir, e então as bancadas possivelmente se reagruparão. A legenda alemã declarou-se confiante de que conseguirá novos aliados após o pleito, mascado para 9 de junho.
Entrevista fatídica para Krah
Na segunda-feira, os populistas de direita franceses da Reunião Nacional (RN), liderada por Marine Le Pen, já haviam rompido a colaboração com a AfD. A legenda alemã ainda tentara contornar a decisão, apelando para que fosse excluído apenas seu candidato Krah.
Em mensagem à diretoria da ID, a presidente da delegação da AfD, Christine Anderson, argumentara que o comportamento do eurodeputado não justificava o afastamento de todos os membros. A liderança partidária em Berlim já havia proibido Krah de se apresentar nos eventos públicos. Em resposta, ele anunciou que se retirava da diretoria federal e interromperia a campanha eleitoral.
A SS foi uma organização paramilitar do regime nazista (1933-1945) com papel central no aparato policial do Terceiro Reich e na execução do Holocausto, construindo e dirigindo campos de extermínio em que morreram milhões de europeus, sobretudo judeus.
Ao longo da sua história, a SS também incluiu formações militares mais tradicionais, agrupadas na Waffen-SS, aberta a membros não alemães e também implicada em crimes de guerra. Em suas declarações ao jornal La Repubblica, Maximilian Krah comentara que "nunca diria que qualquer um que usasse um uniforme da SS era automaticamente um criminoso".
av/le (AFP,DPA)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Aliança 90/Os Verdes e A Esquerda.
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
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União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não está organizada. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
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Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com o proletariado. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
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Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
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Partido Liberal Democrático (FDP)
O FDP foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". Resgata a herança política de legendas liberais proibidas pelo nazismo.
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A Esquerda (Die Linke)
Die Linke surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
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Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, e atualmente representada no Parlamento Europeu e em legislativos estaduais alemães, a AfD se alinha com outros partidos populistas de direita europeus, como FPÖ, FN ou Ukip. Só em 2016 ela definiu seu programa partidário, que oscila entre visões reacionárias, conservadoras, liberais e libertárias.
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Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Partido Nacional-Democrata da Alemanha (NPD), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violeta, que reivindica uma política espiritualista.