1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Medida drástica

6 de setembro de 2011

Banco Central da Suíça anunciou que vai atrelar o franco suíço ao euro para tentar frear a alta da moeda, fixando a cotação em um mínimo de 1,20 franco suíço. Última vez que suíços adotaram medida similar foi em 1978.

Franco suíço forte prejudica indústria do país
Franco suíço forte prejudica indústria do paísFoto: picture-alliance/dpa

O Banco Central da Suíça (SNB) anunciou nesta terça-feira (06/09) que vai atrelar o franco suíço ao euro, na tentativa de conter a valorização da moeda do país, fixando a cotação em relação ao euro em uma taxa mínima de 1,20 franco. O SNB anunciou que vai procurar manter esse piso com "toda determinação", estando disposto a "comprar divisas de forma ilimitada, caso necessário", para manter o euro nesta marca.

Após o anúncio, o euro subiu acentuadamente, ultrapassando 1,20 franco. Na manhã, o euro custava menos de 1,11 franco. Tanto o Banco Central Europeu (BCE) quanto a Comissão Europeia declararam em uma nota breve que tomaram conhecimento da medida do SNB.

"A atual sobrevalorização maciça do franco suíço constitui uma ameaça grave para a economia da Suíça e é um risco de deflação", avalia o SNB, acrescentando que o franco suíço continua alto no patamar de 1,20, devendo continuar a enfraquecer ao longo do tempo. Caso contrário, o banco anunciou que poderá tomar novas medidas, se as perspectivas econômicas e os riscos de deflação as fizerem necessárias.

A alta da moeda encarece as férias no país para estrangeirosFoto: DW / Burman

A última vez que o valor do franco suíço foi limitado desta forma foi em 1978, quando a taxa de câmbio contra o marco alemão foi desvalorizada. O franco suíço forte tem prejudicado a economia suíça, causando principalmente perdas na exportação. Analistas vinham, por isso, especulando há semanas a respeito de uma possível medida de atrelamento do franco ao euro como medida de proteção para a economia suíça.

Empresários suíços aliviados

Após o anúncio da medida, as ações suíças valorizaram.  O índice suíço SMI subiu 4,8 pontos percentuais, para 5.399 pontos.

"Esta é uma medida de emergência em um momento extremamente difícil", avaliou Rudolf Minsch, principal economista da federação suíça de empresários, Economiesuisse. "Sem esta medida, nossas empresas teriam que cortar mais postos de trabalho", acrescentou, afirmando que a moeda ainda se encontra sobrevalorizado. "Entre 1,30 e 1,40 seria uma taxa de câmbio justa", afirmou Minsch, cuja organização representa cerca de 30 mil empresas com 1,5 milhão de empregados.

Investidores internacionais estavam depositando seu dinheiro em bancos suíços, devido às incertezas nos mercados de ações. A economia suíça teve nos últimos meses um desempenho melhor do que muitos outros Estados europeus endividados. Entretanto, devido à sobrevalorização do franco, o governo projeta para o país uma taxa de crescimento modesta, de apenas 2,1% para 2011 e de 1,5% para 2012.

Meta é combater especuladores e deflação

Suíços cruzam fronteira para comprar nos países vizinhosFoto: AP

A medida do banco central da Suíça visa também frear especuladores. Estes apostavam que a crise do euro e dados econômicos desfavoráveis dos EUA levariam mais gente a apostar na moeda suíça. Assim, os especuladores poderiam vender com lucro seus francos comprados anteriormente, como ocorreu em agosto, quando o franco subiu, custando temporariamente quase tanto quanto o euro. No começo de 2010, a moeda suíça custava cerca de 68 centavos de euro.

O suíço franco forte encareceu produtos suíços no exterior e tornou também mais caras as férias de turistas estrangeiros no país. Produtos importados, como petróleo e máquinas, ficaram mais baratos, mas os suíços passaram a atravessar em massa a fronteira para fazer compras nos países vizinhos. Isso também provocou uma pressão sobre os preços, que caíram em agosto em 0,3% em relação ao mês anterior.

Isto despertou preocupações de deflação no SNB. Expectativas deflacionistas são perigosas para a economia. Há o risco de que os consumidores se retraiam, esperando uma nova queda dos preços, dando força, assim, a um mecanismo de espiral descendente.

MD/dadp/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer