Banco Central Europeu eleva taxa de juros em 0,5 ponto
15 de dezembro de 2022
Com alíquota agora fixada em 2,5%, entidade tenta frear inflação no bloco. Bancos centrais de diversos países fizeram movimentos semelhantes nesta semana.
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O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira (15/12) uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa de juros da zona do euro, para 2,5% ao ano, com o objetivo de tentar controlar a inflação.
É a quarta elevação seguida no ano da taxa de juros da zona do euro, que em julho estava em -0,5%.
Desta vez, o aumento foi mais ameno do que os anunciados em setembro e outubro, quando o acréscimo havia sido de 0,75 ponto percentual.
Apesar da desaceleração do ritmo de alta, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que o bloco está "jogando um longo jogo" e espera que a taxa siga subindo no ano que vem.
"Acreditamos que as taxas de juros ainda terão que subir significativamente, em um ritmo constante, para atingir níveis suficientemente restritivos para garantir um retorno oportuno da inflação à meta de 2% a médio prazo", disse Lagarde. O BCE é sediado em Frankfurt, na Alemanha.
A taxa de juros básica é muito menor do que a que as pessoas e empresas tendem a pagar quando fazem um financiamento, mas sua trajetória tem um impacto decisivo na alíquota que será cobrada nesses empréstimos.
Maior taxa desde 2008
A atual taxa de juros, de 2,5%, é a maior na zona do euro desde 2008. Naquele ano, a crise financeira mundial levou os bancos centrais a reduzirem as taxas a níveis sem precedentes para incentivar a economia e, de modo geral, as mantiveram baixas por mais de uma década.
O ano de 2022, porém, trouxe uma série de turbulências à economia global. Após dois anos de pandemia de coronavírus e a subsequente instabilidade, a invasão russa da Ucrânia impactou os preços de energia e de alimentos, aumentando a inflação em vários países.
O aumento das taxas de juros é uma ferramenta que os bancos centrais recorrem para combater a inflação. A medida busca desencorajar empréstimos e gastos, num esforço para reduzir a demanda e, consequentemente, os preços – um ato de equilíbrio que também pode, por outro lado, retardar o crescimento econômico ou levar à recessão.
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Tendência global
O anúncio do BCE ocorreu um dia depois que o Banco Central dos Estados Unidos (Fed) também confirmou aumento idêntico na sua taxa, de 0,5 ponto percentual. Nos EUA, a taxa de juros foi ajustada para de 4,25% a 4,75%.
A exemplo do BCE, o Fed também diminuiu o ritmo do aumento, após quatro altas consecutivas de 0,75 ponto percentual, o que a entidade já havia sinalizado que iria acontecer à medida que a inflação começasse a cair.
No Reino Unido, também nesta quinta-feira, o Banco Central da Inglaterra aumentou a taxa de juros em 0,5 ponto percentual, para 3,5%, a mais alta em 14 anos – nono aumento consecutivo desde dezembro de 2021.
Na mesma data, o Banco Central da Suíça optou por um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, para 1%. E, na Noruega, houve acréscimo de 0,25 ponto percentual.
gb/bl (AFP, Reuters, dpa, rtr)
A desigualdade econômica na União Europeia
As diferenças nos padrões de vida entre países da União Europeia são extremas. Mas, dependendo de como a riqueza é medida, há algumas surpresas – até quando se trata das nações em crise do bloco.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Bulgária: salários baixíssimos
A Bulgária é considerada o país mais pobre da União Europeia e também aquele onde a corrupção é mais generalizada no bloco. Segundo a Germany Trade and Invest (GTAI), a renda bruta média em 2018 foi de apenas 580 euros por mês. Desde que o país ingressou na UE, vários jovens búlgaros deixaram sua terra natal, sendo muitos deles profissionais qualificados.
Foto: BGNES
Romênia: o penúltimo lugar no ranking econômico da UE
Não se deixe enganar pela riqueza de cidades pitorescas cuidadosamente restauradas, como Brasov (foto), na Transilvânia. Com um Produto Interno Bruto (PIB) de 11.440 euros per capita (2019), o país está, de fato, numa posição melhor do que a Bulgária (8.680 euros). Mas com um salário médio bruto de 1.050 euros em 2019, ainda fica bem atrás da Alemanha (3.994 euros).
Foto: Imago Images/Design Pics/R. Maschmeyer
Grécia: saindo de uma crise para entrar em outra
Quando o país estava apenas começando a se recuperar dos efeitos da crise da dívida, em grande parte graças ao turismo dos últimos anos, veio a crise do coronavírus. Ainda que tenha um PIB per capita de cerca de 17.500 euros - aproximadamente o dobro do da Bulgária -, o país é considerado pobre se comparado à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/VisualEyze
França: país de proprietários de imóveis
Quando o assunto é riqueza média, os franceses estão muito à frente dos alemães. Com um patrimônio líquido de 26.500 euros (2018) per capita, os franceses possuem quase 10.000 euros a mais, de acordo com dados da Allianz, em parte devido à baixa participação imobiliária dos alemães. Na França, muitos chegam a ter até uma segunda casa no interior.
Foto: picture alliance/prisma/K. Katja
Itália: sem crescimento e altas dívidas
Entre os países europeus, a Itália foi particularmente atingida pela covid-19, com a cidade de Bérgamo rendendo manchetes como o epicentro da pandemia. Após cerca de duas décadas de estagnação econômica, o país é hoje um dos que defendem a distribuição de ajuda devido à pandemia entre os membros da UE. Com um PIB de 29.610 euros (2018) per capita, a Itália fica pouco abaixo da média do bloco.
Foto: AFP/P. Cruciatti
Espanha: o pavor de uma segunda onda
Após um forte aumento nas infecções por covid-19, as autoridades da Catalunha reimpuseram limitações de circulação em julho. O país é extremamente dependente do turismo, que representa cerca de 15% do PIB. Com uma produção econômica per capita de 26.440 euros (2018), a Espanha fica abaixo da média da UE, de pouco menos de 31.000 euros.
Foto: Reuters/N. Doce
Suécia: muita prosperidade, altos impostos e sem confinamento
A Suécia resolveu enfrentar a crise do coronavírus sem lockdown, o que, em comparação com seus vizinhos, acabou provocando muitas mortes. Com um PIB de 46.180 euros per capita, a Suécia fica em quinto lugar na Europa, atrás de Luxemburgo, Irlanda, Dinamarca e Holanda. Apesar dos altos impostos, os suecos ficaram à frente dos franceses em 2018, com um patrimônio líquido de 27.511 euros.
Foto: imago images/TT/J. Nilsson
Países Baixos: riqueza e produção econômica elevadas
Ao lado da Suécia, Dinamarca e Áustria, os holandeses estão entre os países que rejeitam transferências bilionárias sem contrapartida de reformas para países como a Itália. Com um PIB de 46.800 euros per capita (2019) e um patrimônio líquido de mais de 60.000 euros per capita (2018), eles estão no topo do ranking da UE.
Foto: picture-alliance/robertharding/F. Hall
Alemanha: uma nação rica, mas os cidadãos nem tanto
Até agora, o país tem contornado a pandemia com sucesso. Os custos econômicos, no entanto, são enormes: as exportações caíram, e muitas empresas lutam para sobreviver. Detentora da maior economia da UE, a Alemanha teve um PIB de 41.340 euros (2019) per capita. Em 2018, porém, os alemães possuíam um patrimônio líquido de apenas 16.800 euros per capita - metade do observado na Itália.