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Banco Mundial reduz previsão de crescimento para o Brasil

9 de janeiro de 2019

Órgão aponta que economia brasileira deve crescer 2,2% em 2019. Previsão depende de reformas. Tensões comerciais reduzem estimativas para crescimento econômico global.

Porto do Rio de Janeiro
Foto: picture-alliance/dpa/M. Say

O Banco Mundial (BM) diminuiu nesta terça-feira (08/01) as previsões de crescimento feitas para o Brasil. A estimativa é que a economia do país cresça 2,2% em 2019, 0,3 ponto percentual a menos do que o previsto num relatório elaborado em junho do ano passado.

O órgão multilateral estimou ainda que o país cresceu apenas 1,2% em 2018, reduzindo em 1,2 ponto percentual o previsto no relatório anterior. Para 2020, foi mantida a estimativa de um crescimento de 2,4%.

Segundo Ayhan Kose, diretor do Grupo de Análise das Perspectivas de Desenvolvimento do Banco Mundial, o crescimento do Brasil foi "atenuado" no ano passado pela greve dos caminhoneiros e pela "incerteza" em torno das eleições presidenciais.

O Banco Mundial espera, no entanto, que a economia brasileira avance, mas a previsão depende da aprovação de reformas tributárias e que a recuperação do consumo e dos investimentos supere os cortes nos gastos públicos.

O órgão multilateral também reduziu as perspectivas de crescimento para América Latina, que devem ficar em 0,6% em 2018 e 1,7% em 2019, uma diminuição de 1,1 e 0,6 ponto percentual respectivamente.

Entre os riscos para a região, o Banco Mundial destacou o possível endurecimento das condições mundiais de financiamento, o que gera "preocupação para os países com grande déficit em conta corrente ou que dependem muito dos fluxos de capitais, entre eles a Argentina, a Bolívia e várias nações do Caribe".

Kose também advertiu sobre o perigo de que um "aumento das tensões entre os Estados Unidos e a China atrase o crescimento regional a médio prazo através de diversas vias, como as exportações, a confiança e o mercado de produtos básicos".

As tensões comerciais também impulsionaram a redução da previsão para a economia mundial, que passou dos 3% previstos para 2019 para 2,9%.

Os principais riscos para a economia global são a possibilidade de perturbações descontroladas dos mercados financeiros, uma escalada de disputas comerciais, a incerteza política e a desaceleração em simultâneo dos EUA e China, as duas maiores economias mundiais. 

O crescimento econômico nos EUA vai passar de 2,9% em 2018 e 2,5% em 2019 para 1,6% em 2020, segundo o relatório, enquanto na China se espera um crescimento de 6,5% em 2018 e 6,2% tanto em 2019 como em 2020. 

Um crescimento mais tímido também foi previsto para o conjunto dos países da zona do euro, que deve chegar a 1,9% em 2018 e 1,6% em 2019.

"No começo de 2018, a economia global estava funcionando a pleno rendimento, mas perdeu velocidade durante o ano, e o caminho pode ter ainda mais percalços no ano", afirmou Kristalina Georgieva, diretora-executiva do Banco Mundial.

O boletim ressalta que "a recuperação dos exportadores de matérias-primas estagnou, enquanto a atividade nos importadores destes produtos desacelerou". Além disso, o relatório cita vários fatores que podem conter ainda mais a economia global.

"Um ajuste mais abrupto dos custos de financiamento pode deprimir os fluxos de capital e levar a um menor crescimento em muitos mercados emergentes", disse o órgão em relação ao progressivo ritmo de aumento de juros realizado pelo banco central dos Estados Unidos – Federal Reserve, ou Fed.

Além disso, há no horizonte uma previsível redução da demanda externa, elevados níveis de endividamento – públicos e privados – e uma temida intensificação das tensões comerciais.

CN/efe/lusa/afp/ots

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