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Banda paulistana Bixiga 70 abre Copa da Cultura em Berlim

Marco Sanchez13 de junho de 2014

Som instrumental e criativo do grupo embalou primeiro dia do evento que une esporte e cultura. Além de novos nomes, festival também traz veteranos, como Sérgio Mendes e Ed Motta, à capital alemã.

Bixiga 70 foi formado no cosmopolita bairro de São PauloFoto: Nicole Heiniger

A Copa da Cultura está de volta a Berlim. Em sua terceira edição, o evento – que contempla música, futebol e arte durante o mês do Mundial de futebol – traz uma intensa programação cultural com foco no país sede do evento. A música brasileira será representada não somente por artistas consagrados internacionalmente, mas também por novos nomes, como a banda paulistana Bixiga 70.

O grupo embalou o público no primeiro dia do evento, esquentando a torcida para a vitória do Brasil sobre a Croácia nesta quinta-feira (12/06). A banda, com dez integrantes, formou-se a partir da união de músicos já conhecidos na cena paulistana, vindos das mais variadas vertentes musicais.

"Procurávamos um ambiente em que os ritmos e arranjos fossem o foco da atenção. E principalmente, fazemos música para dançar", define diz o baterista do Bixiga 70, Décio 7.

O nome da banda é uma homenagem a um dos mais boêmios bairros paulistanos e ao estúdio onde o grupo nasceu, localizado no número 70 da conhecida Rua Treze de Maio.

"O Bixiga carrega uma tradição com várias gerações e vertentes musicais. Além disso, é um bairro originalmente de imigrantes italianos, que também recebeu nordestinos, africanos e sul-americanos. Uma área extremamente cosmopolita. Isso tem muito a ver com o nosso som, nutre o nosso imaginário e reflete a maneira como encaramos a vida", diz Décio 7.

Dos tambores africanos à psicodelia

A música criada pelos paulistanos busca estreitar os laços entre o passado e o futuro através de uma leitura da música cosmopolita de países como Gana e Nigéria, dos tambores dos terreiros, do psicodélico, do jazz e da música latina e brasileira, de uma maneira despretensiosa e sem limites para o improviso, mas buscando sempre criar uma sonoridade dançante.

Membros do Bixiga 70 e a embaixadora do Brasil na Alemanha, Maria Luiza Viotti, em BerlimFoto: Sebastian Bolesch/Haus der Kulturen der Welt

"O contato com a música africana aconteceu de várias formas. Alguns integrantes do grupo frequentaram terreiros de candomblé e umbanda. Outros pesquisaram ritmos e manifestações populares africanas e afro-brasileiras ou conhecem mais profundamente o jazz. As influências latinas e brasileiras são bagagens da nossa vida. Temos formações distintas dentro do grupo, que se completam com muita fluidez", afirma o baterista.

No ano passado, o Bixiga 70 lançou seu segundo disco, que na Europa recebeu o título de Ocupai. Mais seguros de sua fórmula, os paulistanos investem em ritmos mais pesados, tornando o som da banda ainda mais dinâmico. Eles também não têm medo de experimentar, juntando ainda mais influências ao caldeirão, que inclui teclados, percussão, riffs de guitarra, música negra, africana e urbana com o improviso do jazz, mas sem serem herméticos e nunca se esquecendo da pista de dança.

Turnê internacional

Esta é a terceira turnê europeia da banda, que já se apresentou em grandes festivais como o Aux Heures d'Eté, na França, e o Roskilde, na Dinamarca. O grupo também passou por clubes da França, Suécia, Alemanha e Holanda.

Vivendo em Los Angeles, os mineiros do Graveola misturam rock e pop com letras engajadas e divertidasFoto: Tamas Bodolay

"O show do segundo álbum está mais conciso, o que está tornando essa turnê muito especial. Somos muito bem recebidos no velho continente. Parece que as pessoas estão bem abertas ao novo, independente do estilo musical", considera Décio 7.

Esta turnê também tem um sabor especial para a banda. Além de tocarem em Berlim pela primeira vez, os músicos também se apresentaram num lugar diretamente ligado às raízes da sonoridade do Bixiga 70.

"Foi a nossa primeira vez no continente africano, tocando em Rabat, no Marrocos. Uma experiência incrível para o grupo. No dia seguinte ao show, fizemos um intercâmbio com os músicos locais. Foi uma tarde inesquecível. Em Berlim, tivemos quatro dias livres, e deu para ver de perto por que a cidade é um dos epicentros culturais da Europa", diz o baterista.

Depois de Berlim, o Bixiga 70 ainda toca na Bélgica antes de retornar ao Brasil e voltar ao estúdio para "trabalhar, absorver as experiências da viagem e transformar tudo em som".

Programação do festival

Além do grupo do bairro do Bixiga, a cena paulistana também está representada na Copa da Cultura com o pop rock dançante de Tulipa Ruiz e o hip hop inteligente e cheio de brasilidade do Emicida.

Sérgio Mendes é a grande atração do festivalFoto: Andrew Southam

Para quem procura mais novidades, o festival apresenta artistas que moram no exterior e têm seu trabalho caracterizado por algo tipicamente brasileiro: a mistura. Vivendo em Los Angeles, os mineiros do Graveola mesclam pop, rock e música brasileira dos anos 1970 – com letras engajadas, mas cheias de humor. Outros grupos como Da Lata e Fumaça Preta exploram, com suas particularidades, as possibilidades da música brasileira.

Veteranos

Sérgio Mendes é a principal atração desta Copa da Cultura. O veterano cantor, nascido em Niterói, é um dos mais conhecidos nomes da música brasileira no exterior, tendo trabalhado ao lado de artistas como Stevie Wonder, Black Eyed Peas e Justin Timberlake. O também veterano Ed Motta volta aos palcos alemães para embalar os berlinenses com sua mistura de MPB, soul, rock e jazz.

Paralelamente à programação cultural, o evento vai exibir todas as partidas da Copa, sendo algumas delas acompanhadas de debates e discussões. Nos fins de semana, além dos jogos, o público também pode celebrar as vitórias ou superar as derrotas de sua seleção com shows ao ar livre e caipirinha.

A Copa da Cultura vai até 13 de julho na Casa das Culturas do Mundo, em Berlim.

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