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ClimaEspanha

Barcelona declara emergência em razão da seca

2 de fevereiro de 2024

Medida amplia o racionamento de água, após três anos sem chuvas significativas na região. Catalunha enfrenta a sua pior seca desde o início dos registros pluviométricos.

Leito seco de reservatório de água na Catalunha
Em partes da Catalunha, nível de água nos reservatórios está abaixo de 16% da capacidadeFoto: Lorena Sopêna/EUROPA PRESS//dpa/picture alliance

A região da Catalunha declarou estado de emergência a partir desta sexta-feira (02/02) em razão da forte seca em Barcelona e boa parte dos arredores da segunda maior cidade da Espanha.

A decisão permite a adoção de medidas rígidas de racionamento de água, após três anos sem incidência significativa de chuvas na região, onde vivem cerca de seis milhões de pessoas.

O nível de água nos reservatórios está abaixo de 16% da capacidade – patamar determinado pelas autoridades para a imposição das medidas de racionamento. O chefe de governo da Catalunha, Peres Aragonès, disse que a região vive a pior seca do último século. "Jamais enfrentamos uma seca tão longa e intensa desde o início dos registros pluviométricos", afirmou.

As medidas impostas pelo estado de emergência reduzem o limite do consumo diário de água por residência, de 210 para 200 litros por pessoa. Se as condições se agravarem, esse limite será reduzido para 180 ou 160 litros.

A partir de agora, está proibida a limpeza pública com água fresca. As piscinas não podem ser reabastecidas, inclusive em hotéis e campings, com algumas exceções para usos esportivos. Os carros somente podem ser lavados em estabelecimentos que utilizem água reciclada e os jardins públicos devem ser irrigados com águas subterrâneas.

Também está proibida a irrigação de jardins e áreas verdes privadas ou públicas, a não ser em caso de risco de sobrevivência de árvores ou em jardins botânicos públicos, mas sempre com água reciclada ou freática.

Em algumas regiões da Espanha, as temperaturas chegaram a 30ºC em pleno mês de janeiroFoto: Josep/Lago/AFP/Getty Images

Os chuveiros públicos nas praias permanecerão fechados, e está proibido o uso recreativo de água em rinques de patinação no gelo, em jogos ou brincadeiras ou para banhos de espuma.

Restrições podem ser ampliadas

Restrições mais rígidas, como a proibição total da irrigação em parques públicos e do uso de chuveiros em academias de ginástica, poderão ser impostas se persistirem as condições atuais. Nesse caso, fazendas e fábricas também terão o abastecimento significativamente reduzido.

As medidas adotadas a partir desta sexta-feira impõem uma redução de 80% no uso da água para a irrigação das plantações, ou seja, o dobro do corte de 40% introduzido em novembro do ano passado. Na indústria, a redução deve ser ampliada de 15% para 25%.

O estado de emergência inclui 202 municipalidades das regiões e Barcelona e Girona.

A Catalunha e a região de Andaluzia, que também sobre os efeitos da seca, já preparam medidas para importar água fresca usando navios, embora as autoridades admitam que seria uma medida dispendiosa que não compensaria a falta de chuvas.

"Precisamos de 30 dias de chuva", explicou recentemente o chefe do governo regional de Andaluzia, Juan Manuel Moreno. "Mas, chuvas de verdade, não de chuviscos, por ao menos 30 dias seguidos." 

No último verão no Hemisfério Norte, em meados do ano passado, fortes ondas de calor atingiram a Espanha e a Europa, com quebra de recordes de temperatura em vários pontos do continente. O calor agravou a falta de água, com o aumento da evaporação nos reservatórios e do consumo por parte da população.

Influência das mudanças climáticas

Mesmo após a chegada do inverno no continente, a temperatura se manteve acima da média na Espanha, chegando a marcar 30ºC em algumas regiões em pleno mês de janeiro – o que normalmente ocorre somente em junho.

Especialistas afirmam que as mudanças climáticas amplificam a intensidade e frequência de eventos climáticos extremos como ondas de calor, secas e incêndios florestais.

A Catalunha investiu em usinas de dessalinização e em outras medidas para mitigar a crise hídrica, mas entidades ambientalistas destacam a importância de melhorar o uso de águas residuais e subterrâneas. "A seca não resulta apenas da falta de chuvas, mas também do mau gerenciamento", afirmou em nota a ONG ambientalista Greenpeace.

rc/bl (AFP, EFE)

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