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Guantánamo

(rw)26 de novembro de 2006

O quartel-general dos EUA na Europa, na cidade alemã de Stuttgart, planejou e coordenou o transporte ilegal de prisioneiros para Guantánamo. A denúncia partiu de um programa da emissora de televisão pública alemã ARD.

Pelo menos um vôo para o transporte de prisioneiros teria partido da base norte-americana de RamsteinFoto: AP

Segundo o programa Report Mainz, que irá ao ar na noite desta segunda-feira (27/11) na emissora pública alemã de televisão ARD, transportes ilegais de detentos para a prisão de Guantánamo também foram planejados e coordenados pelo quartel-general dos Estados Unidos na Europa (Eucom), localizado na cidade alemã de Stuttgart. As informações constam de um relatório mantido em segredo pelo Eucom, divulgou a ARD neste domingo.

Segundo o documento, a Eucom organizou em janeiro de 2002 o transporte de seis argelinos de Tuzla, na Bósnia, para Incirlik, na Turquia. Dali, teriam sido levados com outros 28 prisioneiros de Candahar (Afeganistão) para Guantánamo, em Cuba. Segundo o programa, eles continuam presos sem acusação formal.

Alguns meses antes, os seis teriam sido considerados inocentes por dois tribunais (um bósnio e outro internacional) da acusação de terem planejado atentados contra embaixadas ocidentais em Sarajevo. Questionada pela agência alemã de notícias dpa, a Eucom não quis se pronunciar sobre o assunto. Pelo menos um dos vôos para o transporte de prisioneiros teria partido da base aérea norte-americana de Ramstein, no sudoeste alemão.

Manfred NowakFoto: AP

O relator especial das Nações Unidas para casos de tortura, o austríaco Manfred Nowak, qualifica o tratamento dado aos prisioneiros durante o vôo como "gravíssima violação aos direitos humanos e tortura". Segundo ele, o documento deveria ser objeto de investigações das autoridades alemãs. "Naturalmente que é um caso para a Promotoria Pública alemã, pois aconteceu na Alemanha e a coordenação foi feita a partir da Alemanha", disse Nowak.

"Conseqüências políticas e penais"

Em entrevista ao Report Mainz, o encarregado de direitos humanos do governo alemão, Günther Nooke, disse que informaria o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, a respeito. "Se violações aos direitos humanos foram planejadas em solo alemão, este é um tema que deve ser discutido pelo mais alto escalão do poder, para evitar que isso se repita", acrescentou.

Segundo informações apuradas pelos repórteres alemães, há também oficiais alemães trabalhando no quartel-general dos Estados Unidos em Stuttgart.

O deputado federal alemão Hans Christian Ströbele, do Partido Verde, pretende enviar um requerimento de informações ao governo, questionando o que os militares alemães na Eucom sabiam sobre o transporte para Guantánamo. Segundo Ströbele, é urgente que o caso seja esclarecido, "pois isto naturalmente tem de ter conseqüências bem diretas, tanto políticas quanto penais".

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