Batalha de Aleppo provoca a fuga de centenas de milhares de pessoas
30 de julho de 2012Na luta pelo controle da metrópole síria Aleppo, pela primeira vez tropas rebeldes sírias conquistaram, segundo informações próprias, uma ligação rodoviária direta para a vizinha Turquia.
Os rebeldes se apoderaram de um ponto estratégico ao noroeste de Aleppo, onde antes se encontrava um posto de controle de tropas do regime, afirmou o comandante rebelde local à agência de notícias DPA, nesta segunda-feira (30/07).
Assim, combatentes e reforços de abastecimento poderão ser transportados pela rota de 50 quilômetros de extensão. Por outro lado, as tropas do governo iniciaram uma nova ofensiva terrestre para recuperar o controle da disputada metrópole econômica no norte do país.
Deserção em Londres
As últimas informações sobre a situação em Aleppo são contraditórias. A mídia estatal informou que o bairro Salaheddine, controlado pelos rebeldes, teria sido dominado por tropas do governo. Ativistas em Aleppo afirmaram, no entanto, que as lutas continuam e que tropas de Assad ainda não adentraram o bairro.
Os combates estão provocando a fuga em massa de moradores. A chefe das Nações Unidas para assuntos humanitários, Valerie Amos, afirmou que 200 mil pessoas teriam fugido da cidade para regiões vizinhas nos últimos dez dias.
Enquanto isso, o Ministério do Exterior britânico informou que o principal diplomata sírio no país, o agente diplomático Khaled al-Ayoubi, desertou nesta segunda-feira, alegando que não pode mais representar o regime do presidente Bashar al-Assad devido aos atos violentos de repressão contra a própria população.
A deserção de Ayoubi seria mais um "golpe" para o regime de Assad, afirmou o ministério em Londres. No final de maio, o governo britânico expulsou o antecessor de Ayoubi e outros dois diplomatas. Anteriormente, o próprio governo sírio havia retirado seu embaixador em Londres.
Batalha por Aleppo
A batalha por Aleppo é considerada estratégica na luta entre o governo e opositores. Tropas fiéis a Assad e rebeldes lutam há uma semana pelo controle da metrópole de quase 3 milhões de habitantes, mas os confrontos se intensificaram no sábado passado.
Desde sábado, os militares sírios tentam reconquistar o bairro Salaheddine com helicópteros e armas pesadas, mas os rebeldes, muitos vindos das redondezas para a cidade, resistem. Devido à proximidade com a Turquia, Aleppo é um local ideal para os rebeldes, que podem se reagrupar e receber armas através da fronteira turca.
As lideranças sírias lutam com todos os meios para se manter no poder. Principalmente nas duas últimas semanas, os conflitos se intensificaram, após os rebeldes terem avançado em Aleppo e Damasco. Num ataque à bomba na capital síria, há duas semanas, quatro representantes do alto escalão do aparato de segurança do governo foram mortos, entre eles, o ministro da Defesa.
Patrimônio ameaçado
Desde março último, a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) tem demonstrado preocupação que um Patrimônio Mundial da Humanidade, como o centro histórico de Aleppo, possa vir a sofrer danos com a guerra civil. A existência da cidade foi mencionada pela primeira vez há cerca de 4 mil anos.
Ainda não é possível avaliar que edifícios históricos foram danificados pelos tiroteios ininterruptos. O centro histórico de Aleppo, com uma área de cerca de 350 hectares, é envolto por uma muralha. Até o início das lutas, viviam por lá cerca de 120 mil pessoas.
CA/dapd/afp/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler