Forças do regime de Bashar al-Assad avançam sobre os últimos redutos rebeldes no leste da cidade. Milhares de civis não têm para onde fugir, em meio a relatos de atrocidades e execuções em massa.
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As forças militares do governo sírio avançam sobre os últimos redutos dos rebeldes no leste de Aleppo nesta terça-feira (13/12), segundo os militares sírios, no prenúncio de uma importante vitória para o regime do presidente Bashar al-Assad. As Forças Armadas da Síria afirmam já controlar 98% do leste da cidade.
Um alto oficial das Forças Armadas, que não quis se identificar, afirmou que o leste de Aleppo está "livre de terroristas", uma expressão usada pelo regime para se referir a todos os rebeldes. Um outro representantes dos militares declarou à agência de notícias Reuters que o governo está muito próximo da vitória. Segundo ele, transcorrem "os momentos finais" da batalha.
Ao mesmo tempo, líderes mundiais e agências humanitárias lançaram apelos em prol das vidas de milhares de civis que "não têm um lugar seguro para onde fugir" e pediram às tropas governamentais que não cometam atrocidades contra a população. Milhares de moradores tentam fugir da cidade para escapar das frentes de batalha, à medida que os soldados avançam.
Os apelos acontecem no mesmo dia em que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirmou ter recebido relatos de que ao menos 82 civis foram mortos durante o avanço das tropas do governo, incluindo 11 mulheres e 13 crianças.
O porta-voz Rupert Colville disse que os relatos afirmam que forças governamentais invadiram casas e atiraram imediatamente contra civis, na região controlada pelos rebeldes. Numa entrevista em Genebra, ele disse que os relatos chegaram na noite passada e que ele não sabe dizer onde exatamente ocorreram as mortes, mas que têm os nomes de todas as vítimas.
Os relatos, não confirmados, elevam o temor de que execuções estejam ocorrendo no leste de Aleppo nas horas finais da batalha pela cidade, dividida entre uma área governamental e uma rebelde de 2012. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou na noite desta segunda-feira estar alarmado com os relatos de "atrocidades" cometidas contra um grande número de civis, incluindo mulheres e crianças, nas últimas horas na cidade.
Moradores e ativistas da oposição disseram à agências de notícias AP que forças do governo estavam executando rebeldes nas ruas de áreas reconquistadas nesta segunda-feira, mas os militares sírios negaram as acusações. Ativistas disseram que há inúmeros cadáveres nas ruas.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha apelou aos dois lados para que poupem as vidas de civis, afirmando que milhares de pessoas no leste de Aleppo, que não têm nenhum envolvimento no conflito, "literalmente não têm um lugar seguro para onde fugir".
O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou nesta segunda-feira que a guerra no país matou mais de 312 mil pessoas desde março de 2011, incluindo 90 mil civis, entre os quais 16 mil crianças.
O número de mortos inclui mais de 53 mil rebeldes e cerca de 110 mil combatentes pró-regime, entre forças do governo e milicianos, também estrangeiros. A ONG disse ainda que 55 mil jihadistas foram mortos em combates.
AS/ap/efe/rtr/afp
Síria: patrimônio histórico destruído na guerra civil
Cerca de 300 locais de interesse histórico já foram danificados, saqueados ou totalmente destruídos na guerra civil da Síria. Uma excursão aos patrimônios culturais ameaçados do país.
Foto: Fotolia/Facundo
Destruição
Em quase quatro anos, a guerra civil síria contabilizou centenas de milhares de mortos e o deslocamento de cerca de dez milhões de pessoas. Análises do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Pesquisa (Unitar, em inglês) feitas por satélites mostram a destruição de patrimônios culturais no país. Nesta foto, o centro histórico de Damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Tödt
Mesquita dos Omíadas
A análise revelou que 290 sítios culturais foram fortemente atingidos. Do ano 708, a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, teve o mosaico de sua fachada destruído por tiros.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/Neukirchen
Imagem de destruição
Especialmente atingida foi a metrópole de Aleppo, que, com 7 mil anos de história de assentamentos, faz parte das cidades mais antigas do mundo. A imagem de satélite à direita mostra a destruição na região próxima à cidadela.
Foto: US Department of State, Humanitarian Information Unit, NextView License (DigitalGlobe)
Antes dos tiros
A Mesquita dos Omíadas, em Aleppo, também foi fortemente danificada. A mesquita, do ano 715, foi reconstruída diversas vezes nos séculos seguintes à sua construção. Especialmente o minarete, do ano de 1092, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Aqui, uma foto da mesquita antes de ser destruída.
Foto: picture alliance/Bibliographisches Institut/Prof. Dr. H. Wilhelmy
Troca de acusações
O minarete da Mesquita dos Omíadas foi destruído durante uma batalha, em 2013. Hoje sobrou somente o escombro, já que grande parte da edificação foi gravemente danificada. O governo e os rebeldes acusam-se mutuamente.
Foto: J. Al-Halabi/AFP/Getty Images
Luta implacável
A batalha entre o governo e rebeldes por Aleppo ocorre desde 2012 e faz com que os danos sejam proporcionais ao tempo do confronto. O hotel Carlton, de 150 anos, em frente à cidadela de Aleppo, era famoso, entre outros motivos, por seu interior histórico e bem conservado.
Foto: CC-SA-BY-Preacher lad
Totalmente destruído
Hoje não sobrou nada do hotel. Em maio de 2014 foram acionados explosivos em um túnel localizado embaixo da construção. De 210 prédios históricos analisados pela Unitar em Aleppo, a metade foi danificada e um quinto foi totalmente destruído.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Mercado de "conto de fadas"
Visitantes do mercado de Aleppo se sentiam num conto de fadas das mil e uma noites. O bazar, que permaneceu inalterado desde o século 16, consistia de uma longa rede de vielas totalizando sete quilômetros.
Foto: AP
Perdido para sempre
Em 2012, um incêndio causou danos irreversíveis ao mercado. De acordo com números oficiais, 1.500 das 1.600 lojas no bazar foram danificadas ou destruídas.
Foto: AP
Inconquistável, mas…
Numa fortaleza curda, foi construído durante os séculos 12 e 13 o chamado Forte dos Cavaleiros, um castelo para cavaleiros das Cruzadas. A edificação era conhecida por nunca ter sido conquistada por meio de guerra ou de cerco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
… não indestrutível
O castelo, que se localiza ao leste de Homs e próximo à fronteira com o Líbano, foi submetido novamente à artilharia de fogo e ataques aéreos. A luta deixou o teto e muros destruídos, como também partes da edificação desmoronadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
Impossível de se reconhecer
Dura Europos foi fundada no ano 300 a.C. como uma colônia militar. Aqui não somente as batalhas, mas também os constantes saques foram responsáveis para que muitas edificações da chamada "Pompeia síria" não sejam mais reconhecíveis.
Foto: picture-alliance/akg-images/Leo G. Linder
Templo destruído
A cidade de Palmira é considerada um dos centros culturais da antiguidade. Lutas, saques e o roubo de pedras afetaram consideravelmente as atrações históricas. De 2 mil anos, o templo de Baal – na foto, antes da guerra civil – perdeu uma de suas colunas.