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Battisti admite participação em quatro assassinatos

25 de março de 2019

Ex-membro de guerrilha de extrema esquerda admite pela primeira vez envolvimento em crimes nos anos 1970, também como executor. Ele foi interrogado na Itália, onde cumpre pena de prisão perpétua desde janeiro.

Cesare Battisti em foto de 2012
Nos últimos anos, a situação de Battisti era um ponto de conflito nas relações entre o Brasil e a ItáliaFoto: picture alliance//dpa/AP Photo/S. Izquierdo

Após anos de negativas, Cesare Battisti, ex-membro de uma guerrilha de esquerda, reconheceu sua responsabilidade em quatro assassinatos nos anos 1970 na Itália, anunciou nesta segunda-feira (25/03) o Ministério Público italiano. Depois de quase quatro décadas em fuga na França e no Brasil, o ex-militante fora extraditado em janeiro.

Esta é a primeira vez que Battisti, de 64 anos, admite sua responsabilidade nos quatro assassinatos, cometidos entre 1977 e 1979 e pelos quais fora condenado à prisão perpétua na Itália. Na época, ele fazia parte do já extinto grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), algo que ele já tinha admitido, mas sempre negando o envolvimento nas mortes.

"Ele se abrigou no exterior por décadas graças a sua imagem de vítima inocente de perseguição política. Agora ele decidiu trazer à tona", afirmou o procurador que lidera a equipe antiterrorismo em Milão, Alberto Nobili.

Segundo o procurador Francesco Greco, Battisti foi interrogado durante o fim de semana na prisão de Oristano, na Sardenha, onde está recluso desde janeiro, quando foi detido na Bolívia e extraditado à Itália. O ex-militante também teria pedido perdão por seus atos.

Durante o interrogatório, que durou nove horas entre sábado e domingo, Battisti reconheceu "ter participado diretamente de quatro homicídios, dos quais foi o executor material em dois", disse Greco.

Sua confissão "faz justiça às várias polêmicas que aconteceram ao longo dos anos, honra as forças da ordem e a magistratura de Milão e deixa claro que este grupo, o PAC, atuou de maneira brutal desde os anos 1970", acrescentou Greco.

"Quando eu matei, pensei que estava lutando apenas numa guerra. Hoje eu entendo os erros que cometi e peço desculpas às famílias das vítimas", teria dito Battisti, de acordo com Nobili.

O advogado de Battisti, Davide Steccanella, confirmou a confissão do ex-militante e negou que ela tenha sido feito em troca de melhores condições na prisão ou da redução da sentença. "Meu cliente simplesmente decidiu esclarecer e explicar quem era aos 20 anos e quem é agora", ressaltou.

Battisti escapou da prisão na Itália em 1981, enquanto aguardava julgamento pelos quatro homicídios. Na década de 1990, foi condenado à prisão perpétua à revelia.

Após passar décadas na França e no México, Battisti se instalou no Brasil em 2004, onde permaneceu escondido até a sua detenção, em 2007. O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou sua extradição em 2009, mas os ministros disseram que a palavra final deveria ser do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que rejeitou a medida em 31 de dezembro de 2010, o último dia de seu segundo mandato.

Em dezembro do ano passado, Temer assinou o decreto de extradição de Battisti, mas o italiano não foi localizado pela Polícia Federal. Dias depois, ele foi detido em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde foi extraditado para a Itália em 13 de janeiro.

Após o anúncio da confissão, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil não será mais "o paraíso de bandidos". "Por anos denunciei a proteção dada ao terrorista, aqui tratado como exilado político. Nas eleições firmei o compromisso de mandá-lo de volta à Itália para que pagasse por seus crimes. A nova posição do Brasil é um recado ao mundo: não seremos mais o paraíso de bandidos!", afirmou numa rede social.

CN/efe/lusa/rtr/afp

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