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Arquitetura

Bauhaus em Berlim

21 de janeiro de 2019

Movimento que revolucionou a estética moderna deixou marcas na capital alemã. Vários conjuntos habitacionais tradicionais de Berlim são assinados por arquitetos da Bauhaus.

Hufeisensiedlung em Berlim
Hufeisensiedlung foi projetado por arquitetos da BauhausFoto: picture-alliance/dpa/B. Buschfeld

Há cem anos era fundada a Universidade Bauhaus, em Weimar, que revolucionou a estética moderna. A faculdade de design, arquitetura e arte criou um dos principais movimentos artísticos do século 20.

Visando a construção do futuro, a arte e técnica deveriam ser unidas para o desenvolvimento de criações funcionais e esteticamente satisfatórias, inclusive de moradias populares. Para arquitetos e engenheiros civis da escola, a praticidade e o baixo custo deveriam guiar seu trabalho.

Neste ano, diversas exposições em toda a Alemanha celebram os cem anos do movimento criado pelo arquiteto Walter Gropius, algumas ocorrem também na capital alemã. Mas em Berlim não é preciso ir a museus para admirar as criações da Bauhaus. Os artistas deixaram suas assinaturas em vários prédios e casas da cidade. Conheça algumas delas:

– Construída em 1932, a Casa Mies van der Rohe foi a última moradia particular criada pelo arquiteto Mies van der Rohe, antes de emigrar para os Estados Unidos, em 1938. O casal dono da obra morou no imóvel até 1945. Em outubro daquele ano, o Exército Vermelho tomou posse da casa e a utilizou como garagem. Na década de 1960, a casa passou para as mãos do serviço secreto da antiga Alemanha Oriental, a Stasi. Em 1977, foi tombada pelo patrimônio histórico. Hoje, o local é um pequeno museu, aberto de terça à domingo, das 11h às 17h. A Casa Mies van der Rohe fica na Oberseestrasse 60, no bairro Alt-Hohenschönhausen.

– As grandes obras remanescentes da Bauhaus em Berlim são, no entanto, modernos conjuntos habitacionais que foram elevados a patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Entre eles está parte da Siemenstadt (Cidade Siemens), construída entre 1929 e 1931 e projetada por Walter Gropius, Hugo Häring e Hans Scharoun. O condomínio ao leste do complexo deveria abrigar funcionários de baixa renda da Siemens. Novas técnicas de construção foram colocadas em prática no projeto de apartamentos compactos. Os prédios da Bauhaus na Siemenstadt ficam no norte do bairro Charlottenburg.

– Em 1924, uma cooperativa de construção de moradias de Berlim contratou o arquiteto Bruno Taut para desenvolver o projeto do conjunto habitacional Schillerpark, em Wedding. Foi um dos primeiros projetos públicos de habitação social na cidade. Hoje os prédios de tijolo à vista, influência da arquitetura holandesa, ao longo da Bristolstrasse, são patrimônio cultural da humanidade.

– Bruno Taut, ao lado de Martin Wagner e de Leberecht Migge, idealizou também o conjunto habitacional Britz, mais conhecido como conjunto habitacional da ferradura (Hufeisensiedlung), devido à sua forma. As mais de mil moradias no bairro Neukölln foram construídas entre 1925 e 1933. Desde 1986, está tombado pelo patrimônio histórico e em 2008 foi declarado a patrimônio cultural da humanidade pela Unesco.

– Além de parte da Siemenstadt, Schillerpark e Hufeisensiedlung, os conjuntos habitacionais Carl Legien, no bairro Prenzlauer Berg, e Cidade Branca, em Reinickendorf, também estão entre as obras da Bauhaus elevadas a patrimônio da humanidade pela Unesco. Projetado por Bruno Taut e Franz Hilinger, o conjunto Carl Legien foi construído entre 1928 e 1930, dentro do programa de habitação da República de Weimar. Seu nome foi escolhido em homenagem a um dos primeiros sindicalistas do país. Já a Cidade Branca foi projetada por Otto Rudolf Salvisberg, Bruno Ahrends e Wilhelm Büning entre 1928 e 1931.

– Inaugurada em 1930, a Garagem Kant, no bairro Charlottenburg, causou sensação na época, sendo o único edifício-garagem remanescente do período entre guerras na região. É um dos mais antigos de toda a Europa e tem espaço para 300 carros. Foi projetado por Hermann Zweigenthal e Richard Paulick. Em 1991, o prédio foi tombado pelo patrimônio histórico. Atualmente, a garagem está fechada e deve ser reformada para abrigar start-ups. A Garagem Kant fica na Kantstrasse 126.

Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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