Bayer Leverkusen adere a projeto contra violência sexual
Jörg Strohschein
21 de fevereiro de 2023
Inspirado em ações já adotadas em outros países e por outros clubes, time de futebol da Alemanha treina funcionários para intervirem em casos de violência e assédio em seu estádio.
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Incidentes lamentáveis, como o divulgado pela torcedora Sara no Twitter, têm ganhado cada vez mais destaque: "O que infelizmente aconteceu no fim de semana: antes do jogo, um desconhecido pegou no meu traseiro, sem dizer nada. Depois do jogo, de passagem, outro me agarrou por baixo da camiseta. Onde é que estamos, que tem gente ainda achando que 'tudo bem'?"
Sara é uma das poucas a comentarem publicamente um episódio de assédio como esse. "É claro que o assunto provoca muita vergonha nas mulheres atingidas", diz Andrea Frewer, do Centro de Aconselhamento contra a Violência Sexual, com sede em Leverkusen, citando números desagradáveis para uma sociedade em que "5% das mulheres já sofreram violência sexual, e 60% já sofreram assédio".
"Luisa", o código
Em diversos estádios da Alemanha, da Europa e do mundo, incidentes assim ocorrem o tempo todo. Não é diferente na BayArena, o estádio do Bayer Leverkusen, no oeste do país. "Também nós estamos sensibilizados com o tema", afirma Andreas Paffrath, que representa os torcedores do clube.
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Quatro a cinco casos de violência sexual ocorrem tanto com mulheres quanto com homens, espectadores, funcionários ou recepcionistas, todos os anos, nas proximidades da BayArena. E o número de incidentes não relatados é elevado.
Depois de se informarem sobre ações feitas por outros clubes, como Borussia Dortmund e Arminia Bielefeld, Paffrath e seus colegas decidiram colocar em prática, em Leverkusen, o já consagrado projeto "Luisa está aqui". Até então, o programa era mais ativo majoritariamente em pubs e bares da cidade, oferecendo um número de emergência e medidas de apoio.
Agora, com o código "Luisa", as vítimas podem recorrer ao pessoal do estádio para obter ajuda e apoio. Diálogo, salas especiais ou até mesmo receber escolta para se afastar da situação desagradável são algumas das medidas.
"Ajudamos de forma totalmente individual", afirma Paffrath. O objetivo principal é auxiliar logo a vítima. Investigar ou punir os perpetradores não é a prioridade, "isso só acontece depois".
Apenas o começo
Para Jürgen Mittag, diretor do Instituto para o Desenvolvimento Esportivo Europeu e Pesquisa de Lazer da Escola Superior de Esportes de Colônia, "o fato de o Bayer ter aderido a esse projeto é admirável, porque ainda há muito o que fazer em relação ao assunto."
Não faz muito tempo – mais precisamente entre os anos de 2005 e 2015 – que o tema "violência contra as mulheres nos estádios" passou a ser abordado de forma mais abrangente por grupos antirracismo e antiviolência. De 2015 em diante, a partir dos debates sobre segurança no esporte, a temática ganhou ainda mais destaque lembra Mittag.
Além disso, o Dia Internacional para Eliminação da Violência contra a Mulher, 25 de novembro, "foi recentemente também incorporado pelo esporte". Na tríade problema, conscientização do problema e reações, o estágio atual está entre a conscientização e as primeiras reações, explica o perito.
"Ainda não podemos falar de uma estratégia abrangente, treinamento, educação e também contrarreações neste país. Mas os primeiros passos na direção certa foram dados, também com o engajamento do Bayer", diz Mittag.
Anglo-americanos são exemplo
Os Estados Unidos, Canadá e Austrália são bons exemplos no enfrentamento da violência sexual, estando decididamente à frente da Alemanha no campo do esporte, em grande parte devido a casos ainda mais problemáticos, diz Mittag.
Nesses países, as ações também tiveram focaram mais os jogadores e treinadores. "Há cursos, centrais de assistência anonimizada, campanhas de informação e muito mais. E isso repercute para quem frequenta o espaço relacionado ao esporte, como torcedor, espectador e acompanhante." Uma abordagem extremamente consciente e preventiva, que também seria desejável nos estádios da Alemanha.
De volta à BayArena, nos últimos seis meses, todos os cerca de 800 funcionários que atuam em dias de jogos foram treinados para o projeto "Luisa". Com adesivos, folhetos informativos, cartazes, crachás e também avisos, haverá indicações visíveis ao redor e dentro do estádio. Quem precisar de ajuda a encontrará, a partir de agora.
"Quando as mulheres sabem que 'Luisa' existe, elas se sentem mais seguras", observa a assistente social Andrea Frewer.
A carreira de Pelé em imagens
Trajetória do Rei do Futebol e eterno camisa 10 foi recheada de títulos e recordes, com passagens pelo Santos, Cosmos e a Seleção.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Fidelidade ao Santos
A carreira profissional de Pelé começou no Santos quando ele tinha 15 anos. E ali ele ficou praticamente toda sua carreira. Competições internacionais levaram Pelé e seu clube a jogar pela América e na Europa, conquistando corações de torcedores de todo o mundo.
Foto: picture alliance/AP Images/J. Duricka
De novato a estrela
Pelé brilhou na Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Então com 17 anos, ele fez sua estreia na terceira partida da seleção brasileira, contra a União Soviética, tornando-se o jogador mais jovem num Mundial de Futebol. Ele marcou três gols contra a França pelas semifinais e dois na final sobre a Suécia, que terminou em 5 x 2. No final da competição, Pelé havia marcado seis gols em quatro jogos.
Foto: picture-alliance/dpa
Talento espetacular
Pelé chama o futebol de "o jogo bonito", e é exatamente assim que ele gostava de jogá-lo. Pelé geralmente atuou no ataque, combinando velocidade, criatividade e as mais altas habilidades técnicas - habilidades estas que tornaram quase impossível seus adversários detê-lo por qualquer meio permitido. Mas Pelé também tem um talento para o espetacular, como demonstram seus muitos gols de bicicleta.
Foto: AP
Lesão decisiva para a seleção
Quatro anos depois de conquistar seu segundo título mundial no Chile em 1962, a seleção canarinho viajou com grandes esperanças para a Copa da Inglaterra. Pelé fez um gol de falta contra a Bulgária, tornando-se o primeiro jogador a marcar em três Copas consecutivas. Mas seus adversários fizeram de tudo para neutralizá-lo. Pelé acabou machucado, e o Brasil foi eliminado ainda na rodada preliminar.
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Terceiro título do Brasil
A Copa de 1970, no México, foi seu terceiro e último Mundial. O Brasil conquistou o título e, após a vitória final no Estádio Asteca, os companheiros de equipe carregaram Pelé sobre os ombros. O terceiro triunfo na Copa do Mundo significou ao Brasil poder ficar com o troféu Jules Rimet para sempre. Pelé acabou o torneio com quatro gols e ganhou a Bola de Ouro como melhor jogador.
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Adeus, seleção
Pelé jogou sua 97ª e última partida internacional pelo Brasil em 18 de julho de 1971 diante de mais de 100 mil torcedores no Maracanã, no Rio de Janeiro. Então com 30 anos, Pelé ainda jogaria por clubes por mais alguns anos, mas não vestiria mais o uniforme canarinho.
Foto: picture-alliance/dpa/MTI Laszlo Almasi
O "rei" na terra do "soccer"
Em 1974, Pelé anunciou sua aposentadoria do futebol, mas um ano depois ele seguiu a chamada do dinheiro e foi para o Cosmos de Nova York. Pelé enfrentava dificuldades financeiras porque parceiros comerciais duvidosos haviam desmantelado seu patrimônio. Ele jogou na liga americana por três anos, algumas vezes ao lado do "Kaiser" Franz Beckenbauer.
Foto: picture-alliance/ASA/P. Robinson
Encerramento em Nova York
A partida final de Pelé pelo Cosmos foi em 1º de outubro de 1977 no Estádio Giants, de Nova York, contra seu clube de origem, o Santos. Ele jogou meio tempo em cada equipe. A televisão americana transmitiu o evento ao vivo, acompanhado de um show glamouroso. Beckenbauer (no centro) e outros grandes atletas, como Muhammad Ali (à direita) estavam presentes.
Foto: picture-alliance/dpa/Mehmet Biber
Pelé em Hollywood
Em 1981, Pelé (na primeira fileira) atuou no filme "Fuga para a vitória" , dirigido por John Huston. Ele representou um prisioneiro de guerra aliado que joga com sua equipe contra uma seleção da Wehrmacht alemã. No elenco estavam ainda grandes nomes de Hollywood, como Michael Caine e Sylvester Stallone.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
Ministro de FHC
Depois de encerrar a carreira em campo, Pelé assumiu uma série de outras tarefas: em 1994, foi nomeado embaixador da Unesco. Um ano depois, o presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso o nomeou ministro extraordinário do Esporte. Pelé propôs uma lei para dar mais transparência e profissionalismo ao futebol brasileiro, que ficou conhecida como "Lei Pelé".
Foto: picture-alliance/dpa
Pelé, pai de família
Pelé casou-se três vezes e teve vários filhos. Um deles, Edinho (na foto) também se tornou jogador profissional de futebol, como goleiro do Santos. Ele no entanto entrou em conflito com a lei e foi condenado a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de entorpecentes.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Setton
Saúde abalada
Nos últimos anos, Pelé lutou contra problemas físicos e doenças. Em 2012, passou por uma cirurgia no quadril, mas os problemas voltaram. Além de pedras nos rins, que o levaram a uma cirurgia de emergência em Paris em abril de 2019, o Rei do Futebol foi diagnosticado com câncer no cólon em setembro de 2021. No início de 2022, teve diagnosticadas metástases no intestino, no pulmão e no fígado.
Foto: Instagram@PELE/REUTERS
Aos 80, aniversário sem grande festa
Por causa da pandemia de covid-19, não foram possíveis grandes festejos pela passagem de seus 80 anos em 23 de outubro de 2020. Em sua casa, em Santos, Pelé disse: "Agradeço a Deus pela saúde de chegar aqui lúcido... não muito inteligente, mas lúcido".
Foto: Getty Images/AFP/F. Fife
Adeus ao Rei
Pelé morreu em 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos de idade, em decorrência de um câncer de cólon. Ele estava internado em São Paulo.