Bayern quer colocar ações na bolsa de valores
26 de setembro de 2006Que o Bayern de Munique se tornou o principal clube alemão nos últimos anos, ninguém duvida. O time foi campeão de cinco das sete últimas edições da Bundesliga e já ocupa a liderança na atual temporada.
Porém, a equipe bávara não tem repetido nas competições européias o sucesso doméstico. A última conquista continental aconteceu na Liga dos Campeões de 2001.
Buscando equilíbrio com os grandes clubes europeus do momento, o gerente-geral do Bayern, Uli Hoeness, declarou em entrevista ao site Sport1 que a abertura do capital do clube, com conseqüente oferta de ações na bolsa de valores, seria uma boa alternativa.
Para ele, a agremiação tem o perfil adequado para ingressar no mercado de capitais. "Somos rentáveis, não temos dívidas e possuímos um estádio", resumiu.
A disponibilização de papéis na bolsa de valores poderia proporcionar recursos para o Bayern conseguir se equiparar ou ao menos se aproximar financeiramente a outros clubes europeus, como Milan, Barcelona e Chelsea.
Football com sotaque russo
O Chelsea, comprado em 2003 pelo magnata russo Roman Abramovich, tem uma folha de pagamento anual de 410 milhões de euros, valor duas vezes maior que o gasto pelo time da Baviera. Além disso, o time inglês contratou para esta temporada a principal estrela do Bayern e do futebol alemão, o meia Michael Ballack.
Mas, ao contrário do Chelsea, o Bayern não poderia contar com o aporte financeiro por parte de algum patrono ou megaempresário. A legislação alemã não permite que um time de futebol profissional seja controlado por uma pessoa, o que torna a abertura de capitais uma das poucas alternativas viáveis para aumentar de forma rápida a arrecadação de um clube no país.
A venda de ações do Bayern poderá ser introduzida a partir de 2009, ano em que Uli Hoeness deve assumir a presidência do clube, atualmente ocupada pelo "kaiser" Franz Beckenbauer. "Meu contrato como gerente-geral expira em 2009, assim como o mandato de Beckenbauer. Ele não deve concorrer à reeleição e eu serei o presidente", disse Hoeness.
Borussia S.A.
O futebol alemão já vivenciou um caso de abertura de capital. Em outubro de 2000, o Borussia Dortmund, embalado pelo sucesso nos anos 1990, decidiu disponibilizar ações na bolsa de valores, tornando-se a primeira agremiação do país a ter esse tipo de experiência.
Porém, a empreitada fracassou. O então gerente-geral do clube de Dortmund, Michael Meier, contratou diversas estrelas para o elenco, que oneraram o orçamento e não ganharam títulos.
Como conseqüência, o Borussia acumulou dívidas de cerca de 120 milhões de euros e esteve próximo de ser declarado insolvente em 2005. Meier, assim como o então presidente Gerd Niebaum, foram afastados de seus cargos.
Legião de associados
Mas o fracasso do Borussia no mercado de capitais não deve assustar o Bayern, uma vez que a realidade dos clubes é diferente. O clube bávaro tem o maior número de associados da Alemanha (120 mil) e o segundo maior da Europa, ficando atrás apenas do Barcelona (160 mil), fazendo com que o potencial de vendas de ações seja mais alto.
Ao todo, 37 clubes na Europa têm o capital aberto e disponibilizam papéis no mercado acionário. O Manchester United, da Inglaterra, foi o pioneiro entre os grandes times, introduzindo a mudança em 1991 tendo como principal meta a obtenção de recursos para a reconstrução de seu estádio Old Trafford.
Segundo informações da Radio França International, o ministro francês da Juventude, Esporte e Vida Associativa, Jean-François Lamour, apresentou na quinta-feira passada (21/09) um projeto de lei para autorizar os clubes de futebol do país a ingressar no mercado de capitais. Uma das condições seria a posse de um estádio, que funcionaria como garantia para os investidores.