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Contra crise

6 de outubro de 2011

Em dois pacotes de ajuda apresentados em Berlim, Banco Central Europeu pretende garantir liquidez aos bancos e voltar a comprar títulos públicos. Merkel e Barroso voltam a apelar pela recapitalização de bancos em crise.

Merkel: Levar especialistas a sérioFoto: dapd

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira (6/10) que reativará mecanismos para dar maior liquidez aos bancos, com o objetivo de tentar impedir que a crise da dívida na Europa provoque também um colapso bancário.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, anunciou em Berlim duas operações de injeção de liquidez ilimitada durante um ano para garantir que os bancos tenham recursos suficientes. Um programa com o prazo provável de 12 meses deverá começar já em outubro e outro, provavelmente de 13 meses, em dezembro. Trichet afirmou que, "se os bancos carecem de liquidez, a concessão de créditos poderia contrair-se e isso estrangularia a atividade econômica".

Além disso, ele anunciou a reativação, em novembro, do programa de obrigações com garantias nos mercados primário e secundário, num valor total de 40 bilhões de euros. A compra de títulos públicos é polêmica dentro do próprio BCE., que lançou mão desse controverso recurso pela primeira vez em 2010. Nesse meio tempo, já adquiriu títulos estatais no valor de 160 bilhões de euros.

Trichet se despede do BCEFoto: picture alliance/dpa

A reunião do BCE desta quinta-feira foi a última presidida por Trichet, que encerra o seu mandato de oito anos no final de outubro. Seu sucessor será o italiano Mario Draghi.

Cúpula econômica em Berlim

A decisão do Banco Central Europeu foi anunciada um dia após a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, demonstrarem apoio a uma recapitalização bancária. Ambos voltaram a defender esta postura nesta quinta-feira.

Enquanto Barroso propôs uma "ação coordenada por parte dos Estados-membros para recapitalizar bancos e liberá-los de ativos tóxicos", Merkel salientou ser necessário "levar muito a sério a opinião dos especialistas que acham necessário recapitalizar os bancos europeus".

"O sistema monetário internacional e sua estabilidade são muito importantes para o crescimento da economia mundial", assinalou a chefe de governo da Alemanha ao fim de uma reunião com os líderes dos principais organismos econômicos internacionais em Berlim nesta quinta-feira.

A "pequena cúpula econômica" na Chancelaria Federal, em Berlim, reuniu a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Jacques Trichet, e os ministros das Finanças da Alemanha, da França e do México, assim como o Nobel de Economia Robert Mundell.

Líderes de organizações financeiras reunidas com Merkel em BerlimFoto: dapd

Também participaram os presidentes da Organização Internacional do Trabalho, Juan Somavía, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría, e da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. A reunião foi preparatória também ao encontro do G20 em Cannes, nos dias 3 e 4 de novembro.

Reforma do sistema monetário

Segundo Merkel, entre os diversos assuntos abordados esteve o controle dos fluxos de capital e uma maior vigilância, pelo Fundo Monetário Internacional, do que acontece na economia mundial. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, estabeleceu a reforma do sistema monetário internacional como principal tarefa da presidência francesa do G20, que se encerra em novembro.

Ao lado do México, que assumirá então a presidência do grupo das 20 principais economias dos países industrializados e emergentes, a Alemanha lidera um grupo de trabalho ocupado com a reforma.

Merkel assinalou após a reunião que as questões do sistema monetário internacional são de "extrema importância para um desenvolvimento racional da economia mundial". Segundo ela, o sistema se encontra numa fase de transição de um mecanismo concentrado no dólar para um "sistema monetário multipolar".  A questão é, segundo ela, como tornar o atual sistema "mais estável e mais resistente".

Na cúpula em Cannes deverão ser apresentados os primeiros resultados do grupo liderado pela Alemanha, mesmo que o trabalho ainda não esteja encerrado, disse Merkel. Ela admitiu que o controle do fluxo de capitais "ainda não é consensual", apesar de ser consenso que o controle só pode ser o "último recurso".

Além disso, ainda haveria "necessidade de discussão" sobre uma função de monitoramento do FMI sobre a evolução econômica mundial. Este é um "longo processo", afirmou Merkel.

RW/afp/rtd/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

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