Spencer Elden possui tatuagem com nome do disco "Nevermind" e recriou várias vezes a cena icônica. Agora, o americano abriu um processo contra a banda por exploração sexual e pornografia infantil.
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O americano Spencer Elden, o bebê retratado na capa do álbum Nevermind (1991) da banda Nirvana, uma das mais icônicas de todos os tempos, entrou com um processo contra a banda, com acusação de pornografia infantil e exploração sexual.
"Os réus promoveram a pornografia infantil de Spencer de forma intencional e comercial e usaram a natureza chocante de sua imagem para promoverem a si mesmos e sua música às custas de Spencer", diz um trecho da ação judicial apresentada na terça-feira (24/08) num tribunal na Califórnia.
O processo também cita que os réus continuam a se beneficiar da "comercialização da exploração sexual" de Elden. A capa do álbum "expôs a parte íntima do corpo de Spencer e lascivamente exibiu os genitais de Spencer desde o tempo em que ele era um bebê até os dias atuais", diz outro trecho do processo.
A ação alega que Elden sofre com "problemas emocionais extremos e permanentes", bem como com a "perda vitalícia da capacidade de ganho de renda", entre outras consequências.
Ação pede indenização milionária
Spencer Elden foi fotografado em 1991, quando tinha apenas quatro meses de idade. Na imagem, ele aparece nu numa piscina tentando pegar uma nota de um dólar presa num anzol. Com clássicos do grunge como Smells Like Teen Spirit e Come as You Are, o álbum Nevermind vendeu 30 milhões de cópias e se tornou um marco na cultura pop americana.
Mas, segundo o processo, nem Elden nem seus tutores legais "jamais assinaram um documento autorizando o uso de quaisquer imagens de Spencer (...) e certamente não de pornografia infantil comercial retratando-o".
A ação diz também que Elden nunca recebeu qualquer compensação pelo uso da imagem e pede 150 mil dólares em indenização de cada um dos réus.
Entre os 15 acusados estão os ex-membros da banda Dave Grohl e Krist Novoselic, bem como Courtney Love, herdeira do patrimônio do ex-vocalista Kurt Cobain, morto em 1994, e o fotógrafo Kirk Weddle, autor da fotografia. Estranhamente, a denúncia também incluiu Chad Channing, que foi o baterista do Nirvana nos primórdios do Nirvana, mas que deixou a banda em 1990, ou seja, antes do lançamento do álbum Nevermind.
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Fotógrafo era amigo do pai do bebê
O fotógrafo Weddle era amigo do pai de Elden, segundo relatou a própria família do jovem ao grupo midiático americano NPR em 2008.
Na ocasião da emblemática foto, a família realizava uma festa durante a qual Elden posou para a ainda desconhecida banda. Os pais de Elden receberam 200 dólares pela fotografia.
O próprio Elden recriou a cena icônica por diversas vezes, incluindo em 2016, quando o álbum Nevermind completou 25 anos de existência. Ele, inclusive, tem uma tatuagem no tórax com a inscrição "Nevermind". Em outras ocasiões, ele demonstrou à imprensa americana sentir desgosto por estar vinculado àquela imagem da capa do álbum.
pv (efe, afp)
História em notas musicais: 250 anos da editora Schott
Desde sua fundação, em 1770, a casa alemã esteve de olho na contemporaneidade. Seu catálogo inclui hoje a novíssima geração de compositores, passa por Orff e Hindemith, mas começou com Wagner, Beethoven e Mozart.
Foto: Schott Söhne
Dois séculos e meio de música impressa
Fundada em 1770 pelo clarinetista e gravador Bernhard Schott, a editora tem até hoje sede num prédio tombado de 1792, em Mainz. Em 2006, passou a se chamar Schott Music, e sua linha é francamente internacional, incluindo em seu catálogo alguns dos mais destacados compositores contemporâneos.
Foto: Schott Music
Faro infalível
Desde o início, Schott provou ter não só tino comercial, como excelente faro musical: seus primeiros lançamentos foram da autoria de ninguém menos do que Wolfgang Amadeus Mozart. Na foto, uma página da "Sonata para piano em lá maior, KV 331" do compositor austríaco, em edição histórica.
Foto: Gutenberg-Museum Mainz
De trás para a frente
Outra decisão esperta de Bernhard Schott foi optar pela litografia. Na técnica recém-inventada, os caracteres eram traçados com um lápis gorduroso sobre pedra calcária. Mais adequada à música do que a tipografia e menos trabalhosa do que a gravura em cobre, ela permitia grandes tiragens, com qualidade constante. Na foto, matriz litográfica de um manual de trombone.
Foto: Gutenberg-Museum Mainz
Por acaso, Beethoven
Os compositores que trabalhavam com a empresa apreciavam sua rapidez e confiabilidade. Mas sorte também teve um papel na trajetória de êxito: para sua revista "Cäcilia", a Schott procurava quem escrevesse sobre a vida musical da época. De Ludwig van Beethoven, não conseguiram nenhum artigo, mas ele precisava justamente de uma editora para sua "Missa Solene". Mais tarde viria a "Nona sinfonia".
Foto: Schott Söhne
Nas últimas palavras do gênio
Beethoven era sabidamente amigo de um bom copo. Assim, além de imprimir sua música, a editora o abastecia regularmente com a produção da região vinícola em torno de Mainz. Consta que, em suas últimas palavras, o gênio tinha em mente essa colaboração: no leito de morte, ele esperava uma entrega da Schott de 12 garrafas de vinho. Quando finalmente chegou, lamentou: "Pena, pena, tarde demais."
Foto: picture-alliance/akg-images
Wagner em Londres
Outro músico lucrativo na história da Schott foi Richard Wagner, que procurou a editora para a publicação de "O anel do Nibelungo" – e levou consigo outros compositores de seu círculo de influência. A Wagner House, na Regent Street, era filial da editora em Londres, e se tornou a loja musical oficial da rainha Vitória e de toda a família real britânica.
Foto: Schott Söhne
Música para os nazistas
Desde o início, a Schott cultivou a filosofia de cuidar de seus compositores vivos. Durante o nacional-socialismo e a caça à "arte degenerada", a tarefa não era fácil. Por um lado, ela tentou seguir apoiando os artistas que tinham sido proibidos ou ido para o exílio. Por outro, porém, publicou um álbum de canções para os soldados nazistas. "Um ponto baixo da nossa história", admite a editora.
Foto: Schott Söhne
Destruição na Segunda Guerra
Como é inevitável, em seus 250 anos de história, a Schott também atravessou severos "baixos". Em épocas de crise, como na pandemia de covid-19, comprar música não é exatamente uma prioridade para a maioria dos seres humanos. Na Segunda Guerra Mundial, sua sede em Mainz foi totalmente arrasada. Até hoje se veem marcas das bombas incendiárias nas tábuas do piso.
Foto: Schott Söhne
Pioneira da era digital
Em 1983, Peter Hanser-Strecker assumiu a presidência da Schott, dando-lhe novo impulso, não só musical, como tecnológico. No fim da década de 80, com o programa Score, ela foi pioneira na edição digital de partituras. Mais tarde, seria também a primeira editora musical a abrir uma loja online.
Foto: Schott Söhne
Partitura ou pintura?
Sempre com um olho na tradição e outro na inovação, a Schott por vezes expandiu os limites do que seja impressão musical. É o caso da espetacular "partitura aural" de "Artikulation", composta por György Ligeti em 1958. Para comunicar os eventos da peça de música eletroacústica, o designer gráfico Rainer Wehinger utilizou cores e formas, facilitando a orientação na complexa trajetória sonora.