Bebês ingerem 1,5 milhão de partículas de plástico por dia
20 de outubro de 2020
Estudo revela que alta temperatura da água para esterilizar e preparar leite faz com que plástico seja liberado de mamadeiras. Impacto para a saúde deste consumo é desconhecido.
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Um bebê de 12 meses ingere, em média, mais de 1,5 milhão de partículas de microplástico por dia que são liberadas da mamadeira, revelou um estudo divulgado nesta segunda-feira (19/10). O impacto destas micropartículas para a saúde é desconhecido. O plástico é liberado quando esses recipientes entram em contato com altas temperaturas.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Irlanda avaliaram a quantidade de micropartículas liberadas por mamadeiras de polipropileno em processos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a eliminação de bactérias perigosas, como a esterilização e a preparação do leite com água aquecida a 70°C.
Alguns modelos de mamadeiras chegam a liberar até 16 milhões de partículas de microplástico por litro. O estudo mostrou que a temperatura da água desempenha um papel fundamental para a liberação das micropartículas. Se água de preparo do leite for colocado no recipiente a 95°C, a presença do plástico pode chegar a 55 milhões por litro, mas ela cai para pouco mais de 500 mil se a água estiver a 25°C.
"A última coisa que queremos é alarmar os pais, especialmente porque não temos informações suficientes sobre as possíveis consequências dos microplásticos na saúde dos bebês", afirmou John Boland, um dos autores do estudo.
As mamadeiras de polipropileno representam 82% do mercado mundial. Como alternativa, há modelos de vidro.
Diversos estudos já mostram a presença de microplástico no meio ambiente, em bebidas e alimentos. A atual pesquisa, no entanto, relevou que a preparação de alimentos neste tipo de recipiente pode levar a um consumo muito maior destas partículas.
Para evitar a exposição dos bebês, os pesquisadores recomendam lavar mamadeiras com água fria esterilizada, preparar o leite em pó num recipiente de vidro antes de despejá-lo já resfriado na mamadeira, não agitar em excesso a mamadeira e não colocá-la no micro-ondas.
Os autores do estudo pretendem agora pesquisar o impacto do microplástico sobre o corpo humano.
CN/afp/ots
Microplástico, o perigo minúsculo
O plástico conquistou o mundo: cada vez mais embalagens, brinquedos e objetos do cotidiano são feitos com esse material, com grandes consequências para o meio ambiente e também para a saúde humana.
Foto: picture alliance/JOKER/A. Stein
Pequeno como um grão de areia
Microplásticos são pequenas partículas de plástico. Elas têm menos de cinco milímetros e são adicionadas a diversos produtos. O microplástico também é produzido pela decomposição de resíduos plásticos ou pela abrasão de pneus e de tecidos sintéticos durante a lavagem de roupas.
Foto: picture alliance/JOKER/A. Stein
Pasta de dentes com microplástico
Vários fabricantes não se importam, e muitas pessoas não sabem: os pequenos pontos azuis na pasta de dentes são bolinhas de plástico. Elas auxiliam na escovação e na limpeza. Mais tarde essas bolinhas provavelmente vão parar no mar. Os tratamentos de esgoto não conseguem filtrar o microplástico.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Sauer
Cosméticos com muito plástico
Bolinhas de plástico também estão presentes em esfoliantes ou em sabonetes líquidos. O consumidor não é informado adequadamente pelos fabricantes sobre a presença de plástico em seus cosméticos, e ambientalistas e também autoridades sanitárias reivindicam a proibição do microplástico.
Foto: picture-alliance/empics/Y. Mok
Fibras sintéticas viram microplástico
A maior parte do microplástico espalhado pelo planeta é liberado por fibras sintéticas. Cerca de 60% das roupas contêm fibras sintéticas, e a tendência ao uso desse fio barato está aumentando rapidamente. Durante a lavagem de uma jaqueta de fleece são liberados até 1 milhão de fibras. Na Europa, cerca de 30 mil toneladas de fibras sintéticas vão para o esgoto todos os anos.
Foto: Imago/Mint Images
Plástico na água potável
O microplástico não polui apenas rios e oceanos – milhões de pessoas ingerem fibras de plástico invisíveis com a água da torneira diariamente. Pesquisadores americanos investigaram mais de 150 amostras de água da torneira em países dos cinco continentes e encontraram fibras de plástico microscópicas em 83% delas.
Foto: Colourbox
Microplástico no mar
Microplásticos são lcriados a partir da abrasão de plástico. Uma parte deles vai parar no mar. A principal origem são fibras sintéticas, seguidas de pneus, poluição urbana e marcação rodoviária. A parcela de microplástico proveniente de produtos de higiene pessoal é comparativamente pequena.
Uma bomba-relógio
O lixo plástico também se transforma em microplástico: uma sacola precisa de até 20 anos, uma garrafa plástica de até 450 para se decompor. Cada habitante do planeta "precisa", em média, de 60 quilos de plástico por ano. Nos Estados Unidos e na Europa Ocidental esse número ultrapassa 100 quilos. Cerca de 2% de todo o plástico produzido no mundo acaba no mar.
Foto: Getty Images/M.Clarke
Preso no plástico
A maré de plástico atinge animais e pessoas, mas ainda não se sabe exatamente como. As pesquisas ainda estão no começo. O que está claro, no entanto, é que plástico e microplástico vão parar em todos os estômagos, causando a morte por inanição de animais aquáticos. Os riscos para a saúde humana ainda são desconhecidos.
Foto: Reuters/Francis Perez/Courtesy of World Press Photo Foundation
Menos plástico?
Plástico é barato e prático para o dia a dia. Apesar disso, é crescente a discussão em todo o mundo sobre o que os políticos podem fazer: proibir sacolinhas, copos descartáveis e microplásticos em cosméticos, instituir a obrigação de reciclar ou criar um imposto sobre o plástico? Mas o melhor é cada pessoa adotar suas próprias atitudes para reduzir o consumo de plástico.