Beethoven ultrapassa Mozart em ranking de música clássica
29 de março de 2016
Compositor alemão supera o austríaco em lista elaborada por emissora britânica, ficando na primeira posição. Aumento da popularidade pode estar ligado à presença de obras em filmes.
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Pela primeira vez, o alemão Ludwig van Beethoven ficou à frente do austríaco Wolfgang Amadeus von Mozart no ranking anual de compositores mais populares Hall of Fame, divulgado pela emissora britânica Classic FM nesta segunda-feira (29/03). Desde que a lista foi criada, em 1996, Mozart aparecia na primeira posição.
Neste ano, 19 das 300 obras mais populares segundo a enquete da emissora são de Beethoven, três delas entre as top 10. Mozart continua bastante apreciado, com 16 obras na lista resultante da pesquisa, que contou com 170 mil votos neste ano.
Para o locutor John Suchet, uma razão para o aumento da popularidade de Beethoven seria a utilização de suas obras em filmes como O discurso do rei, de 2010, no qual a Sinfonia nº 7 do é citada. A Wikipédia lista 14 produções cinematográficas em que somente essa obra do compositor alemão aparece. E Suchet destaca que, no geral, o músico é muito conhecido.
Nona Sinfonia de Beethoven (Vídeo de 2014)
02:26
"Nas ruas de uma cidade qualquer no mundo, grande ou pequena, haverá alguém que conhece a obra de Beethoven", diz.
A obra nova no ranking da Classic FM de maior sucesso é Shenmue, composta pelos japoneses Yuzo Koshiro e Ryuji Iuchi para o videogame homônimo. E com sua música para o novo filme da saga Star Wars, O despertar da força, o americano John Williams é considerado o mais popular compositor ainda vivo.
A primeira posição do ranking, no entanto, é ocupada pela sétima vez por uma obra do início do século: The lark ascending, composta pelo britânico Ralph Vaughan Williams em 1914.
LPF/dw/ots
Beethoven: de revolucionário a ícone pop
Poucos compositores foram tantas vezes modelo para artistas plásticos quanto Beethoven. Desde retratos de contemporâneos seus até a pop art de Warhol, as inúmeras visões do músico testemunham uma popularidade universal.
Foto: picture alliance/H. Lohmeyer/Joker
Cabeleira carismática
Olhar sério, expressão ligeiramente severa, juba de leão: poucos compositores ostentam uma imagem tão popular como a do alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827). <br>No entanto, foram sobretudo os retratos do fim de vida que fixaram essa imagem de artista revolucionário, combativo e difícil. <br><br>
Foto: AP
Conquistando Viena
Nesta miniatura de 1803, da autoria de Christian Hornemann, o jovem músico dá uma impressão enérgica, sublinhada pela ponta de um sorriso. Na época, Beethoven acabara de angariar o apoio de alguns dos mais influentes mecenas da nobreza vienense.
Visita ao príncipe
Até ambos se desentenderem, um dos primeiros benfeitores do compositor foi o príncipe Carl von Lichnowsky. Datado de 1900, o quadro "Beethoven toca na casa de Lichnowsky", de Julius Schmid, parece já antecipar a desavença entre o nobre e o voluntarioso artista.
Foto: picture-alliance/akg-images
Orgulho e autoconfiança
Em 1812, na cidade de Teplice, Boêmia (hoje República Tcheca), Beethoven se encontrou com Johann Wolfgang von Goethe. É lá que ocorreu o lendário e escandaloso "passeio": enquanto o autor se curvava respeitosamente diante de um príncipe, o compositor passou direto, de cabeça erguida. Pelo menos foi assim que Carl Rohling imaginou a revolucionária cena, seis décadas após a morte do músico.
Foto: Wikipedia public domain
Música e revolução
Beethoven não trilhou apenas caminhos musicais inéditos, mas também se deixou inflamar pelas ideias da Revolução Francesa. Nesta pintura de 1804, Willibrord Joseph Mähler o retratou portando uma lira diante do Templo de Apolo. Seu gesto peremptório parece indicar o desejo de inovação.
Foto: picture-alliance/ dpa
Marca registrada
Não há dúvida: Ludwig van Beethoven foi um dos artistas mais populares de seu tempo. Prova disso são os relativamente numerosos retratos que chegaram até nós. Um dos mais conhecidos é este de 1820, em que Joseph Karl Stieler o apresenta com a partitura da "Missa Solene" na mão.
Foto: CC
Variante pop
Comparado a seus colegas pintores, Stieler retratou Beethoven de forma mais idealizada, não tanto realista. Mais tarde, o quadro a óleo serviria de modelo para gravuras, onde os contornos eram naturalmente enfatizados. E certamente não foi por acaso que o norte-americano Andy Warhol escolheu justamente esse retrato para suas manipulações no estilo da pop art.
Foto: AP/The Andy Warhol Museum
Motivo de street art
Também em Bonn, cidade natal do artista, há uma série de variações do quadro de Stieler. Seja como escultura em pedra, diante da Beethovenhalle, seja como afresco, ou – bem próximo à casa onde nasceu e que hoje é um museu – como grafite no muro de uma residência.
Foto: DW
Cada nota, uma luta
Só após a morte de Beethoven, em 1827, a posteridade ficou sabendo que a criação musical não era para ele uma tarefa simples. Relatos de contemporâneos que o vivenciaram no ato de compor influenciaram a imagem do maestro enredado na luta implacável e incondicional pela obra perfeita. Como neste quadro de Carl Schlösser, feito por volta de 1890.
Foto: picture-alliance / akg-images
Gênio e loucura
As geniais obras beethovenianas deixavam perplexos seus contemporâneos. Para as gerações subsequentes de compositores, por outro lado, elas se impuseram como modelo e parâmetro difícil de superar. Talvez por isso pareça quase demoníaca esta visão de Hermann Torggler, criada em 1902 a partir da máscara mortuária do compositor.
Foto: ullstein bild - Lombard
Ícone pop
Pouquíssimos compositores eruditos são tão conhecidos hoje no mundo inteiro como Ludwig van Beethoven – e não só graças à indefectível bagatela para piano "Para Elise"! A biografia do músico foi dramatizada várias vezes para o cinema, e até mesmo transformada em desenho animado (foto) e história em quadrinhos.