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Beethovenfest Bonn 2013 abre sob signo da transformação

Rick Fulker / Augusto Valente5 de setembro de 2013

Slogan deste ano acentua papel central das variações na música e na vida, com 67 eventos em 29 localidades, além de programas paralelos. Mudanças também na diretoria: após dez anos Ilona Schmiel cede lugar a Nike Wagner.

Foto: picture-alliance/dpa/H. Wöstmann

"Só quem muda permanece fiel a si mesmo", diz o título de uma música do cantor e autor alemão Wolf Biermann. E, na ópera wagneriana O ouro do Reno, o deus Wotan diz: "Quem vive, ama mudança e transformação".

Palavras que convidam a refletir. Ao mesmo tempo, o slogan do Beethovenfest deste ano, Verwandlungen (Transformações), faz parte do próprio espírito da música: variações e adaptações eram e são prática usual dela. Além disso, tradição e inovação sempre tiveram um papel marcante na história da música.

Um artista que tinha plena consciência disso era Ludwig van Beethoven, nascido em 1770 em Bonn, no oeste da Alemanha – onde o festival que leva seu nome é realizado desde 1845, inicialmente em intervalos irregulares. A edição de 2013 acontece de 5 de setembro a 5 de outubro em 29 locais de Bonn e arredores, incluindo 67 eventos, além de um amplo programa paralelo.

Nem tudo é Beethoven

Desde o relançamento do Beethovenfest, em 1999, o compositor tem sido homenageado em sua cidade natal de diversas maneiras. Inicialmente, procurou-se situar sua biografia ou a tradição interpretativa de sua música num contexto internacional, colocando em foco países como Rússia, França ou Inglaterra.

Nos últimos anos, os slogans se tornaram mais abstratos: "Música do futuro", "Na luz", Utopia", "Vontade própria", ou, neste ano, "Transformações". A estratégia parece ter tido sucesso junto ao público: em 2012 foram vendidos 90% dos 54 mil ingressos disponíveis.

Richard Wagner – cujo bicentenário de nascimento transcorre em 2013 – também consta do programa atual. Com razão, afinal de contas, Beethoven foi seu principal modelo musical.

Edson Cordeiro (c) canta temas wagnerianos em ritmo brasileirosFoto: DW/R. Göpfert

De um lado, haverá "Wagner puro" – por exemplo, com excertos de suas óperas executados pela Beethoven Orchester Bonn. De outro, o festival traz "Wagner em transformação", com arranjos de seus motivos musicais em estilo jazzístico, por Angelika Niescier e a German Women's Jazz Orchestra; ou em ritmo de swing, samba e hip-hop, por Otto Sauter & Ten of the Best & Friends – entre os quais se encontra o contratenor brasileiro Edson Cordeiro.

Ciclos e surpresas

Ou seja: o Beethovenfest 2013 oferece campo fértil para artistas que transitam entre os diferentes gêneros e estilos musicais. Este também é o caso da violinista Patricia Kopatchinskaja, natural da Moldávia, que dará três concertos na qualidade de artist in residence. Os eventos incluem desde música folclórica de seu país até o clássico Concerto para violino e orquestra de Beethoven.

A dupla de músicos-comediantes Igudesman & Joo retorna a Bonn com um programa humorístico e paródias de grandes sucessos da música clássica. Numa Piano Battle, eles convidam, ainda, dois pianistas a travar um combate musical, cujo vencedor o público decide.

Borodin Quartet contrapõe clássico-romântico alemão e modernos russosFoto: picture-alliance/dpa

Entre as surpresas desta edição está a total ausência de obras beethovenianas no concerto de abertura e no de encerramento. Em compensação, o programa inclui ofertas só mesmo possíveis num festival como este. Por exemplo, a continuação do ciclo de todas as 32 sonatas para piano de Beethoven, iniciado no ano anterior, com o húngaro András Schiff, o qual conta entre os mais aclamados músicos eruditos da atualidade.

Um segundo ambicioso ciclo também entra em seu segundo ano. Nele, o Borodin Quartet contrapõe os quartetos de cordas do compositor alemão com obras de compositores russos modernos, como Dimitri Shostakovitch ou Alfred Schnittke.

Elite orquestral

Na série "Encontros com Beethoven", o Beethovenfest e a Deutsche Welle dão continuidade ao projeto Orchestercampus, que dá espaço a orquestras juvenis de todo o mundo. Este ano a convidada é a Istanbul University State Conservatory Symphony Orchestra, estreando uma obra da jovem compositora turca Zeynep Gedizlioglu.

Desde 2004 orchestra in residence do evento, a Deutsche Kammerphilharmonie Bremen e seu maestro titular Paavo Järvi não cessam de fascinar público e crítica com o frescor de suas interpretações do repertório beethoveniano. Em 2013, eles apresentam Fidelio, única ópera do compositor entre o classicismo e o romantismo.

Turkish National Youth Orchestra participou do Orchestercampus em 2012Foto: Meike Böschemeyer

Conjuntos de gabarito internacional, como a Pittsburgh Symphony Orchestra, a NDR Sinfonieorchester, os Bamberger Symphoniker, a Academy of St. Martin-in-the-Fields, a Sinfonia Varsovia, a Ural Symphony Orchestra e a London Symphony Orchestra, completam o elenco orquestral do evento às margens do rio Reno.

Kent Nagano, Thomas Hengelbrock e Daniel Harding constam entre os maestros; enquanto os solistas convidados incluem o violinista Christian Tetzlaff, os pianistas Hélène Grimaud e Rudolf Buchbinder ou o percussionista Martin Grubinger.

Mudança de diretoria

Após dez anos à frente do Beethovenfest, Ilona Schmiel assume no próximo ano a direção geral da Tonhalle, prestigiada sala de concertos e orquestra de Zurique. Em seu lugar, Nike Wagner, uma das bisnetas de Richard Wagner, se encarregará do festival em Bonn.

Patricia Kopatchinskaja é "artist in residence" no Beethovenfest 2013Foto: M. Borggreve

A médio prazo, o Beethovenfest tem seu financiamento assegurado: a municipalidade de Bonn mantém até 2017 uma subvenção de 1,6 milhão de euros por ano. Essa cobre quase um terço do orçamento anual total de 5,1 milhões de euros, e os demais dois terços provêm de patrocinadores e da venda de ingressos.

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