Belarus liberta ganhador do Nobel após negociação com os EUA
13 de dezembro de 2025
Ales Bialiatski, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2022, e outros 122 presos políticos foram soltos. Em troca, Casa Branca suspendeu sanção contra potássio bielorusso.
Vencedor do Nobel da Paz defende outros presos políticos em BelarusFoto: Petras Malukas/AFP
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O governo do líder autoritário de Belarus, Alexander Lukashenko, libertou 123 presos políticos neste sábado (13/12) após dois dias de reuniões com um enviado dos Estados Unidos.
O mais proeminente entre os libertados foi Ales Bialiatski, um dos principais ativistas em prol dos direitos humanos em Belarus, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 2022.
A medida ocorre enquanto Minsk, aliado próximo da Rússia, busca reparar laços com os EUA. Em troca, a Casa Branca concordou em suspender sanções sobre o potássio bielorrusso. O material é um componente essencial para a produção fertilizantes, e Belarus é um dos principais produtores globais.
Governos ocidentais haviam anteriormente evitado contato com Lukashenko devido à repressão interna imposta por ele e ao seu apoio ao presidente russo Vladimir Putin na guerra na Ucrânia.
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Quais presos políticos Belarus libertou?
Nove dos libertados deixaram Belarus rumo à Lituânia e 114 foram levados para a Ucrânia, segundo autoridades.
Bialiatski, covencedor do Nobel da Paz de 2022, é um ativista de direitos humanos que lutou durante anos em defesa de presos políticos antes de se tornar um deles.
Ele foi preso em 2021, após uma onda de protestos em massa contra Lukashenko que tomaram o país. Os manifestantes questionavam a divulgação do resultado das eleições de 2020, que garantiu mais um mandato ao presidente bielorrusso, no poder desde 1994. A votação é considerada fraudulenta e não foi reconhecia pelos países do Ocidente.
Oposicionista Maria Kalesnikava também foi soltaFoto: Coordination Headquarters for the Treatment of Prisoners of War/AFP
Embora outros dissidentes tenham fugido, Bialiatski decidiu permanecer.
"Houve sugestões de que ele deveria sair", contou sua esposa, Natallia Pinchuk, em 2022. "Seus colegas foram presos. E ele disse, por princípio, que era responsável por eles e não poderia partir diante dessa grave situação. Como poderia ir embora enquanto eles estavam encarcerados?"
Visivelmente envelhecido desde a última vez em que foi visto em público, sorriu amplamente ao abraçar a líder da oposição exilada Sviatlana Tsikhanouskaya ao chegar à embaixada dos EUA na Lituânia.
O Comitê Norueguês do Nobel expressou "profundo alívio e alegria sincera" com sua libertação.
A líder dos protestos de 2020, Maria Kalesnikava, também esteve entre os libertados neste sábado. Ela foi uma figura-chave nas manifestações que quase derrubaram Lukashenko, ficando famosa por rasgar seu passaporte quando autoridades tentaram deportá-la.
Kalesnikava foi condenada a 11 anos de prisão após ser considerada culpada de atividade extremista e conspiração para tomar o poder.
"Ela agradeceu aos Estados Unidos pelos esforços do presidente [Donald] Trump e ao lado bielorrusso por realizar essas negociações", disse a irmã de Kalesnikava, Tatiana Khomich, após as duas conversarem por telefone.
Enviado americano negociou libertações. EUA querem afastar Lukaschenko de PutinFoto: President of Belarus/REUTERS
EUA visam afastar Lukashenko de Putin
Autoridades americanas disseram à agência de notícias Reuters que o engajamento com Lukashenko faz parte de um esforço para afastá-lo da influência de Putin.
Os EUA e a União Europeia impuseram sanções abrangentes contra Belarus após Minsk lançar a repressão contra manifestantes entre 2020 e 2021, prendendo quase todos os opositores de Lukashenko que não fugiram para o exterior.
As sanções foram endurecidas depois que Lukashenko permitiu que Belarus servisse como base para a invasão russa da Ucrânia em 2022.
A oposição bielorrussa no exílio expressou gratidão a Trump e disse que o fato de Lukashenko ter concordado em libertar presos em troca de concessões sobre o potássio era prova da eficácia das sanções. Contudo, defendeu que os vetos europeus contra Belarus devem permanecer.
"As sanções dos EUA dizem respeito às pessoas. As sanções da UE dizem respeito à mudança sistêmica – parar a guerra, possibilitar a transição democrática e garantir responsabilização. Essas abordagens não se contradizem; elas se complementam", disse a líder opositora exilada Sviatlana Tsikhanouskaya.
Lukashenko já havia negado a existência de presos políticos em Belarus e descreveu essas pessoas como "bandidos".
Trump se referiu a Lukashenko como "o altamente respeitado presidente de Belarus", uma descrição que causa estranhamento na oposição, que o vê como ditador. Ele pediu que Lukashenko liberte até 1.300 ou 1.400 presos que Trump descreveu como "reféns".
"Ao lado dos Estados Unidos, estamos prontos para um engajamento adicional com Belarus que avance os interesses norte-americanos e continuaremos a buscar esforços diplomáticos para libertar os presos políticos restantes em Belarus", disse a embaixada dos EUA na Lituânia.
gq (Reuters, DW)
O mês de dezembro em imagens
Veja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance
Senado aprova PL que reduz tempo de prisão de Bolsonaro
O Senado aprovou nesta quarta-feira, por 48 votos favoráveis, 25 contrários e um abstenção, o PL da Dosimetria. A proposta prevê a redução de penas de centenas de condenados pelos atentados à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado. Entre os beneficiados está o ex-presidente Jair Bolsonaro. Texto vai para sanção presidencial. (17/12).
Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS
Dembélé (esq.) é escolhido melhor jogador do ano pela Fifa
Ousmane Dembélé foi o grande vencedor do prêmio The Best 2025, da Fifa. O francês, que atua pelo PSG, recebeu o trófeu de melhor jogador do ano das mãos do presidente da entidade, Gianni Infantino (à direita na foto). O espanhol Lamine Yamal ficou em segundo, e o também francês Kylian Mbappé, em terceiro. Dembélé já havia levado a Bola de Ouro, da "France Football", de melhor jogador de 2025.
O diretor Rob Reiner e sua esposa, Michele Singer, foram encontrados mortos em Los Angeles, nesse domingo (14/12). O principal suspeito do homicídio é o filho do casal, Nick Reiner, de 32 anos. Rob tinha 78 anos e dirigiu títulos como "Harry e Sally" (1989), "Conta Comigo" (1986) e "Spinal Tap" (1984). O diretor também militou em causas progressistas e foi um ferrenho crítico de Trump. (15/12)
Foto: Steven Bergman/AFF/ABACA/picture alliance
Homem desarma atirador em ataque na Austrália
Vídeo mostra um homem desarmando um atirador durante ataque em que morreram ao menos 12 na praia de Bondi, em Sydney, Austrália, incluindo um dos agressores. A polícia australiana informou que dois homens abriram fogo contra a multidão. Um deles foi morto por policiais. O outro suspeito foi internado em estado crítico. O ocorrido foi classificado de ataque terrorista pelas autoridades. (14/12)
Foto: BNONews/X
Tumulto em turnê de Messi pela Índia
Fãs revoltados derrubaram barricadas, arremessaram cadeiras e invadiram o gramado de um estádio em Calcutá, após o jogador de futebol Lionel Messi ser retirado da arena mais cedo que o esperado, apesar do alto preço dos ingressos. Ele deveria disputar uma partida de exibição, o que não aconteceu. O craque argentino de 38 anos, jogador do Inter Miami, faz uma turnê de três dias pelo país. (13/12)
Foto: Sahiba Chawdhary/REUTERS
EUA retiram sanções da Lei Magnitsky contra Moraes e esposa
A Casa Branca retirou o nome do ministro do STF Alexandre de Moraes e de sua esposa, Viviane Barci de Moraes, da lista de pessoas sancionadas pela Lei Magnitsky. Utilizada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos, as sanções foram impostas em julho em retaliação ao papel do ministro no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. (12/12)
Foto: Evaristo Sa/AFP
Protestos da geração Z derrubam primeiro governo na Europa
O primeiro-ministro búlgaro, Rosen Zhelyazkov, renunciou ao cargo diante de protestos em massa liderados pela Geração Z. A manifestação ocorre na esteira de outros atos comandados por jovens que já derrubaram governos em Bangladesh, Nepal, Sri Lanka e Madagascar. A queda do governo búlgaro ocorre apenas algumas semanas antes da entrada do país na zona do euro. (11/12)
Foto: Dimitar Kyosemarliev/AFP
Ex-presidente da Bolívia é preso
O ex-presidente da Bolívia Luis Arce foi preso a pouco mais de um mês de deixar o cargo. A prisão ocorreu no âmbito de uma investigação contra Arce, que governou a Bolívia entre 2020 e 2025, por suposto desvio de recursos do Fundo Indígena, destinado ao desenvolvimento de comunidades indígenas e camponesas. (10/12)
Senado aprova PEC do marco temporal das terras indígenas
O Senado aprovou a PEC que institui o marco temporal para demarcação de terras indígenas. O texto, que ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, inclui na Constituição que os territórios devem ser demarcados apenas conforme sua ocupação no ano de 1988. O marco temporal é fortemente criticado pelos povos originários e entidades de direitos humanos e defendida pelo agronegócio. (09/12)
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Países da UE endurecem política migratória
Ministros do Interior dos 27 países-membros da União Europeia chegaram a um acordo sobre um significativo endurecimento da política comum de asilo. Medidas incluem criação de centros de retorno fora do bloco, rejeição de migrantes nas fronteiras e penas mais rígidas para quem não cooperar com processo de deportação. Mudanças dependem de aval do Parlamento Europeu. (08/12)
Foto: Judith_Buethe
Merz visita Israel
O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, cumpriu sua primeira visita oficial a Israel desde que assumiu o cargo em maio. O líder alemão reafirmou o que chamou de "responsabilidade histórica" do seu país na "defesa" e "segurança" de Israel e disse que a Alemanha não pretende reconhecer um Estado palestino num futuro próximo. (07/12)
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
Homens armados matam pelo menos 11 pessoas em albergue na África do Sul
Homens armados invadiram um albergue na capital da África do Sul e mataram pelo menos 11 pessoas, incluindo uma criança de três anos, e feriram mais de uma dúzia de outras. A polícia informou que está investigando se os assassinatos estão relacionados a um bar dentro do albergue que poderia estar vendendo álcool ilegalmente. (06/12)
Foto: Gianluigi Guercia/AFP
Alemanha aprova alistamento militar obrigatório
O Parlamento alemão aprovou uma nova lei sobre o serviço militar. A legislação reintroduz na Alemanha o alistamento militar obrigatório a todos os homens com mais de 18 anos, que havia sido suspenso em 2011. A nova exigência de alistamento, porém, não leva ao serviço militar obrigatório. (05/12)
Foto: Hannes P. Albert/dpa/picture alliance
Steinmeier em visita histórica ao Reino Unido
No segundo dia de uma turnê de três dias no Reino Unido, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, discursou no parlamento britânico, honra dada a poucos estrangeiros. A viagem é a primeira visita de Estado no país de um presidente alemão em 27 anos. Em seu pronunciamento, Steinmeier ressaltou a importância atual de uma cooperação mais estreita entre Londres e Berlim. (04/12)
Foto: Kin Cheung/AP Photo/picture alliance
EUA são denunciados a comissão da OEA por ataque a barco no Caribe
Família de pescador colombiano morto em ação militar dos EUA contra supostos "narcoterroristas" acusou o governo Trump de execução extrajudicial em denúncia formal à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). É a primeira queixa formal desde o início dos ataques na região, em setembro. Órgão não tem poder de impor cumprimento de decisões, mas pode constranger a Casa Branca. (03/12)
Foto: U.S. Southern Command/NTB/IMAGO
Ex-chefe da diplomacia da União Europeia é presa na Bélgica
Federica Mogherini, que acumulou cargo de vice-presidente da Comissão Europeia entre 2014 e 2019, foi uma das 3 pessoas detidas pela polícia no âmbito de investigação sobre corrupção em escola de formação de diplomatas. A italiana dirige o Colégio da Europa desde 2020 e, em 2022, assumiu também a direção da Academia Diplomática da UE. (02/12)
Foto: Sebastian Christoph Gollnow/dpa/picture alliance
Hong Kong em luto após pior incêndio residencial do mundo desde 1980
Número de vítimas foi revisado para 151 após outros corpos serem encontrados, e 14 suspeitos foram presos. Autoridades constataram que as redes de proteção no exterior do complexo de edifícios falharam em evitar que as chamas se espalhassem. (01/12)