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PolíticaBelarus

Belarus vai às urnas em eleição presidencial

9 de agosto de 2020

Tido como "o último ditador da Europa", presidente Alexander Lukashenko enfrenta o maior desafio em seus 26 anos no poder: uma dona de casa que concorre em lugar do marido preso. Repressão a opositores ofusca votação.

Homam de óculos escuros na testa deposita voto em urna diante de mulheres sentadas em mesa usando máscara
Eleição em Belarus: oposição não acredita que pleito ocorra sem fraudesFoto: Reuters/V. Fedosenko

O Belarus foi às urnas neste domingo (09/08) para votar nas eleições presidenciais do país, com o presidente Alexander Lukashenko enfrentando a improvável candidata Svetlana Tikhanovskaya, uma dona de casa e ex-professora. Cerca de 6,8 milhões de pessoas foram convocadas a participar do pleito.

Eleitores usando máscaras foram vistos chegando a uma seção eleitoral de Minsk, alguns usando pulseiras brancas depois que Tikhanovskaya pediu a seus apoiadores que as usem.

Tkhanovskaya foi escolhida para concorrer depois que as autoridades começaram uma repressão contra figuras da oposição, incluindo seu marido. O principal rival de Lukashenko, Viktor Babariko, foi preso por acusações de fraude e peculato.

As autoridades bielorrussas detiveram mais de mil manifestantes desde o início da campanha eleitoral em maio, segundo o grupo de direitos humanos Viasna. Jornalistas também foram detidos durante a campanha, incluindo o correspondente da DW Alexander Burakov. Nas semanas anteriores ao pleito, protestos foram interrompidos pela polícia e centenas de manifestantes e ativistas foram presos. Também a diretora de campanha de Tkhanovskaya, Maria Moros, foi presa neste sábado. E uma destacada aliada da principal candidata da oposição, Maria Kolesnikova, foi detida pela polícia na noite de sábado. 

Ainda antes do fechamento dos locais de votação, a oposição convocou passeatas pacíficas contra fraudes eleitorais para este domingo. Também neste domingo, três funcionários da emissora de televisão russa crítica ao Kremlin Doschd foram presos em Minsk.

Lukashenko, o líder mais antigo da Europa, quase certamente conquistará seu sexto mandato consecutivo em meio à ausência de observadores internacionais – mas analistas dizem que o homem forte pode enfrentar uma nova onda de protestos por causa de sua gestão da pandemia de coronavírus, a crise econômica e os abusos aos direitos humanos.

Antes da votação, Lukashenko advertiu que a dissidência não seria tolerada e que ele não desistiria de sua "amada" Belarus. "Não vamos dar o país a vocês", disse Lukashenko, se referindo a seus oponentes, ao falar à nação no início desta semana.

Lukashenko, de 65 anos, é um ex-gerente de fazenda coletiva soviética que governa o país desde 1994.

Já a principal rival do autocrata nesta eleição, Svetlana Tikhanovskaya, concorre no lugar de seu marido preso, o blogueiro Sergei Tikhanovsky, e, apesar da inexperiência política, representa o maior desafio já imposto a Lukashenko. Os comícios dela atraíram algumas das maiores multidões desde a queda da União Soviética em 1991. A candidatura deu origem a um novo movimento informal de protesto.

A ex-professora de inglês de 37 anos, originária de uma pequena cidade do sudoeste de Belarus, disse que não tem interesse em política. Ela fez campanha prometendo tirar Lukashenko do poder, libertar prisioneiros políticos (incluindo seu marido) e reduzir a dependência do país da Rússia. Entretanto, ela mesmo admite não ter esperança de que as votações ocorram sem fraudes.

Tikhanovskaya prometeu, caso eleita, deixar o cargo em seis meses para a realização de uma nova votação presidencial livre, que permitiria que oposicionistas que tiveram direitos políticos cassados concorram ao posto mais alto de Belarus.

MD/ap/afp/dpa/rtr

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