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Corte das Musas

26 de setembro de 2009

Cidade ganhou fama por causa de personalidades como Goethe, Schiller e Nietzsche. Pouca gente sabe, no entanto, que foram quatro gerações de mulheres que fizeram de Weimar a chamada "Corte das Musas".

Biblioteca Anna Amalia, por ocasião da reinauguração, em 2007Foto: AP

Elas patrocinaram poetas, músicos e pintores, construíram castelos e jardins, fundaram bibliotecas que abrigam patrimônios da humanidade. Quase tudo de belo que há em Weimar – e há muito – tem a mão das duquesas Anna Amalia, Luise von Hessen-Darmstadt, Maria Pawlowna ou Sophie von Oranien-Nassau.

Foram essas mulheres que fizeram de Weimar o centro cultural e intelectual da Alemanha no século 19 e que ajudaram a construir o cenário onde Johann Wolfgang von Goethe, Friedrich Schiller, Franz Liszt, Friedrich Nietzsche, Walter Gropius e tantos outros artistas e intelectuais atuaram.

Hoje, passados mais de 200 anos, a cidade de 64 mil habitantes no Estado da Turíngia, Leste alemão, atrai anualmente cerca de 4 milhões de turistas, interessados na porção generosa de arte e cultura que Weimar acumulou.

Anna Amalia: fundadora da Corte das Musas

Anna Amalia foi a fundadora da Corte das Musas em Weimar

Distante do círculo cultural do império, a duquesa Anna Amalia entendeu que, se quisesse arte perto de si, precisaria cultivá-la. Casada com o duque Ernesto Augusto 2º aos 16 anos de idade e viúva aos 18, ela dedicou sua vida a incentivar poetas, músicos e pintores.

Seus primeiros anos foram destinados à política. Anna Amalia atuou como regente do ducado de Saxe-Weimar até que seu filho Carlos Augusto atingisse a maioridade e pudesse governar. Liberada das funções oficiais, passou a promover bailes, saraus de leitura, concertos, apresentações de teatro e outros eventos culturais.

Por seu papel como apreciadora e patrocinadora de artistas, Anna Amalia ficou conhecida como fundadora da "Corte das Musas" em Weimar, que era na verdade sua própria casa, onde ela e seus convidados podiam apreciar as belas artes.

Embora tenha guardado luto até a morte, há quem acredite que Anna Amalia teve um romance secreto com Goethe. A tese é defendida pelo italiano Ettore Ghibellino, em seu livro "Goethe e Anna Amalia – um amor proibido", mas refutada pela maioria dos especialistas no assunto.

A importância da duquesa para Weimar voltou à cena em 2004, quando a Biblioteca Anna Amalia, classificada pela Unesco como patrimônio mundial, foi devastada por um incêndio que destruiu cerca de 50 mil livros. As obras de restauração duraram três anos, e a recuperação do acervo danificado deve ser concluída só em 2015.

Luise, a duquesa que enfrentou Napoleão

Luise von Hessen-Darmstadt enfrentou Napoleão

A sucessora de Anna Amalia foi sua nora, a grã-duquesa Luise von Hessen-Darmstadt, esposa de Carlos Augusto. Embora tenha sido em sua época que Goethe mudou-se para Weimar a convite do grão-duque, Luise não se tornou conhecida por promover arte, mas por defendê-la.

Ela escreveu seu nome na história de Weimar em outubro de 1806, ao enfrentar Napoleão. O episódio aconteceu no dia em que o exército francês venceu as batalhas de Jena e Auerstedt, e o imperador reuniu-se com seus soldados em Weimar. Os membros da nobreza local estavam refugiados ou no campo de batalha, e coube a Luise o papel de matriarca e protetora do ducado.

Dois dias depois da batalha, Napoleão bateu à sua porta à procura de Carlos Augusto. Luise enfrentou o imperador francês e disse que seu marido estava no campo de batalha ao lado de seus soldados, onde era o seu lugar, e que, por lealdade, não abandonaria seu posto como Napoleão queria.

Até hoje não se sabe se o imperador se deixou persuadir pela grã-duquesa ou se tinha outras estratégicas políticas em mente, mas o fato é que ele ordenou que cessassem os saques em Weimar. O ducado saiu ileso do acordo de paz e sobreviveu à turbulência política da Era Napoleônica.

Maria Pawlowna, a czarina de Weimar

Maria Pawlowna levou a importância da dinastia czarista para Weimar

Passadas as guerras, começou um dos períodos culturais mais efervescentes de Weimar, sob o ducado de Maria Pawlowna, filha do czar russo, casada com o filho de Luise, o grão-duque Carlos Frederico.

Sua presença trouxe relevância política a Weimar, por ligar o até então pequeno ducado à dinastia czarista da Rússia, que era na época a família mais rica e poderosa da Europa.

Reconhecida como patrona das artes, ela seguiu os passos de Anna Amalia e ajudou a manter a reputação de "Corte das Musas" em Weimar, ao patrocinar a ampliação do acervo literário e musical da cidade. Além de ter mandado construir fontes, jardins e uma capela ortodoxa russa, Maria Pawlowna também é responsável por promover a industrialização do ducado.

Sophie, herdeira de Goethe e Schiller

Sophie von Oranien-Nassau herdou o espólio de Goethe e Schiller

Seu filho, o grão-duque Carlos Alexandre, casou-se com a duquesa Sophie, quarta geração das mulheres de Weimar. Ela herdou de Walther von Goethe, último descendente de Johann Wolfgang von Goethe, toda a obra do poeta. O mesmo aconteceu com o espólio de Schiller, o que tornou Sophie guardiã do legado dos principais nomes da literatura alemã. Ela mandou construir um local apropriado para guardar a herança, o Arquivo Goethe-Schiller, e iniciou a primeira edição crítica das obras de Goethe, que ganhou o nome da organizadora.

Em reconhecimento ao papel relevante de suas duquesas para o desenvolvimento de Weimar, a central de turismo oferece para grupos de turistas passeios temáticos que contam a história das personalidades femininas da cidade.

Autora: Francis França
Revisão: Simone Lopes

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