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"Ben-Hur" volta aos cinemas sob ceticismo

Jochen Kürten (jps)14 de agosto de 2016

Sem grandes estrelas e com corridas de bigas em 3D, clássico aparece repaginado e com nova mensagem. Lançamento foi discreto, em meio a dúvida sobre se público jovem vai embarcar em história milenar.

Film Ben Hur
Foto: Universal Pictures

Em 1960, o filme Ben-Hur, dirigido por William Wyler, ganhou 11 Oscars, estabelecendo um recorde que ainda se mantém. Foram necessárias várias décadas para que dois outros filmes igualassem o número de estatuetas – Titanic, em 1998, e O Senhor dos Anéis - O retorno do rei, em 2004.

É questionável, porém, se a nova adaptação cinematográfica de Ben-Hur, que se passa na época de Jesus Cristo, será capaz de alcançar o sucesso da sua antecessora na próxima cerimônia da Academia, em fevereiro.

"Ben-Hur? Que Deus nos acuda", zombou o especialista em filmes Jeff Bock mesmo antes de o novo filme estrear nos cinemas.

Além de enfrentar a desconfiança dos críticos, o filme também conta com uma estratégia de marketing incomum. A estreia do filme ocorreu na República Tcheca e na Eslováquia no dia 11 de agosto. Nas Filipinas, o filme chegou às telas na sexta-feira (12/08). Nos próximos dias, ele deve chegar a outros mercados semelhantes. A produção de 90 milhões de dólares só vai estrear nos EUA em 19 de agosto. No Brasil, o filme chega aos cinemas um dia antes. Já os espectadores alemães vão ter que esperar até o dia 1 de setembro.

Não está previsto nenhuma grande estreia mundial ou um grande evento glamoroso em Los Angeles ou Londres – práticas comuns para esse tipo de blockbuster. Ficou parecendo que o estúdio Paramount está convencido que o filme não será um sucesso.

Nenhuma grande estrela

O diretor russo de origem cazaque Timur Bekmambetov, conhecido em Hollywood por seus filmes de fantasia e ação, é responsável por dirigir a nova versão de Ben-Hur.

O papel do príncipe judeu Judah Ben-Hur, interpretado por Charlton Heston em 1959, é agora ocupado pelo ator britânico Jack Huston. Já o papel do adversário de Ben-Hur, Messala Severo, coube a Toby Kebbell. O brasileiro Rodrigo Santoro interpreta Jesus Cristo. A ausência de grandes estrelas é bem visível.

A tradição de filmar a história de Ben-Hur é longa. Após a primeira adaptação para o cinema em 1907, foi a vez de uma versão muda dirigida por Fred Niblo em 1925, que foi um enorme sucesso. Trinta e quatro anos depois, surgiu a versão premiada do diretor William Wyler.

Jack Huston (Judah Ben-Hur) e seu mentor Ilderim (Morgan Freeman)Foto: Universal Pictures

Em 2003, a história foi adaptada em um desenho animado. Seis anos depois, foi a vez de surgir uma série de televisão. Agora, mais uma tentativa está sendo feita para atrair novos espectadores.

"Nosso Ben-Hur não deve ser visto como um remake do filme de Wyler, mas como uma nova adaptação cinematográfica do romance de Lew Wallace, que foi escrito em 1880", explica o produtor Sean Daniel. "O corroteirista John Ridley se centrou nas relações familiares, no poder da fé e, em particular, na reconciliação. O filme original era focado em vingança."

Em 1959, o veterano de Hollywood William Wyler concentrou-se na animosidade entre os ex-amigos Ben-Hur (Charlton Heston) e Messala Severo (Stephen Boyd).

Ben-Hur, que tinha sido um nobre muito respeitado em Jerusalém, é traído e perseguido pelo procônsul romano Messala, que manda posteriormente escravizá-lo. Milagrosamente, Ben-Hur sobrevive à tortura e à prisão, e mais tarde busca se vingar. Na célebre sequência da corrida de bigas, ele finalmente consegue bater o seu rival.

Até mesmo a versão de 1925 contou com uma sequência impressionante de corrida de bigasFoto: Imago/United Archives

Temas bíblicos

Tanto a versão muda de Fred Niblo quanto o épico histórico de Wyler florearam o enredo com cenas da vida de Jesus Cristo. Ben-Hur encontra Jesus em diversas ocasiões e depois testemunha sua crucificação. Considerando que o filme de 1959 foi sobre vingança, a nova adaptação se concentra na compaixão.

Alguns dos trailers da nova versão mostram que o diretor Timur Bekmambetov – assim como ocorreu com Wyler – propõe mostrar efeitos visuais bombásticos. Wyler passou dois anos filmando sua versão do filme, e o período de pós-produção continuou por mais alguns anos.

O megaprojeto de Wyler usou cerca de 50 mil figurantes e mais de 350 atores e foi rodado na Cinecittà-Studios, perto de Roma.

A MGM Studios investiu mais de 16 milhões de dólares na produção. Os anos 1950 foram a era de ouro dos épicos históricos e, com Ben-Hur,Wyler conseguiu produzir uma das últimas obras de sucesso desse gênero.

O mundo do cinema acabaria mudando dramaticamente nas seis décadas seguintes. Os efeitos digitais substituíram em grande parte as hordas de figurantes. A nova adaptação de Ben-Hur, que tem duas horas e também foi filmado na Itália, só usou 2 mil figurantes.

Com a nova versão de Ben-Hur, os estúdios Cinecittà tenta repetir sucessos antigos, embora o orçamento de 90 milhões de dólares pareça modesto em comparação com os blockbusters atuais, que costumam custar mais de 200 milhões de dólares.

É uma dúvida se o público jovem, que muitas vezes prefere filmes de super-heróis ou de ficção científica, vai se identificar com as aventuras de Judah Ben-Hur, que viveu 2 mil anos atrás.

Mas, mesmo se o público não lotar os cinemas, o novo Ben-Hur terá definitivamente triunfado em um aspecto: as espetaculares corridas de bigas podem agora ser vistas em 3D.

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