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Berlim aprova primeira lei antidiscriminação na Alemanha

Rebecca Staudenmaier ca
5 de junho de 2020

Nova legislação impede autoridades públicas, incluindo a polícia, de discriminar com base na cor da pele, gênero e outros fatores. Legisladores dizem que novas regras ajudam a combater racismo sistêmico na Alemanha.

Deutschland Berlin | Polizeigewalt | Proteste gegen Rassismus
Protesto contra o racismo em Berlim. Nova lei antidiscriminação ajuda fechar lacuna legal, dizem legisladoresFoto: Reuters/C. Mang

Berlim se tornou na quinta-feira (04/06) o primeiro estado alemão a aprovar sua própria lei antidiscriminação. A nova legislação foi aprovada pela maioria dos legisladores da cidade-Estado.

A lei proíbe explicitamente as autoridades públicas — incluindo a polícia e as escolas públicas — de discriminar com base em antecedentes, cor da pele, gênero, religião, deficiência física ou mental, visão de mundo, idade e identidade sexual.

As pessoas também não podem ser discriminadas com base na falta de habilidades no idioma alemão, em doença crônica ou em sua renda, educação ou ocupação.

De acordo com a lei, as vítimas têm direito a danos e indenizações. As autoridades públicas também têm a oportunidade de contestar alegações de discriminação.

Embora a lei estivesse em tramitação há semanas, ela assumiu uma nova dimensão diante dos protestos antirracismo e contra a violência policial, que eclodiram nos Estados Unidos na esteira da morte do afro-americano George Floyd. Os protestos se espalharam pelo mundo — incluindo Berlim.

Por que aprovou-se a nova lei?

A nova legislação berlinense vai além da atual Lei Geral da Igualdade (AGG), aprovada em 2006. Essa lei federal alemã abrange explicitamente a discriminação no emprego e entre cidadãos individuais, mas "não se aplica às áreas de direito público", afirmou a Agência Federal Antidiscriminação (ADS), num guia sobre a lei publicado no ano passado.

A agência observou, no entanto, que "a discriminação ainda é proibida nesse contexto", uma vez que a Constituição da Alemanha (ou Lei Fundamental) exige que os cidadãos sejam "protegidos contra a discriminação tanto pelo Estado quanto do Estado".

A coalizão governista de Berlim — composta pelos sociais-democratas, de centro-esquerda, pelo partido A Esquerda e pelos verdes — argumentou que a AGG não ia longe o suficiente e que as novas regras estaduais ajudam a fechar uma lacuna legal.

Abordando a discriminação racial

Os planos enfrentaram uma reação nacional nos últimos dias, principalmente do ministro do Interior, Horst Seehofer, e dos sindicatos da polícia da Alemanha, que argumentam que a nova lei coloca uma pressão indevida sobre as autoridades.

"Precisamos ficar ao lado da polícia e não colocá-la sob suspeita generalizada", disse Seehofer ao jornal Tagesspiegel na semana passada.

O político verde e secretário da Justiça de Berlim, Dirk Behrendt, defendeu a lei antidiscriminação, argumentando que ela não prejudicará o trabalho policial normal, mas antes ajudará a combater o racismo sistêmico.

"Trata-se, por exemplo, da prática de estabelecer perfis raciais, quando a polícia não olha e observa como alguém está se comportando, independentemente da cor da pele ou do sexo", disse Behrendt à emissora pública local rbb.

A "grande maioria" dos policiais e outros funcionários públicos não quer discriminar e não age de forma discriminatória, disse Behrendt. "Para eles, a nova lei não muda nada."

Em março último, o Conselho da Europa instou a Alemanha a intensificar seus esforços de combate à discriminação, incluindo convidar a polícia alemã a participar de um estudo sobre perfis raciais.

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