Governo aprova reforço da segurança nos locais mais visados. Policiais usarão câmeras nos uniformes e investigadores terão mais poderes para interceptar telefonemas. Projeto de lei requer aprovação no Parlamento.
Como reação ao ataque, o governo alemão aprovou nesta quinta-feira (22/12) um pacote com novas medidas de segurança para aumentar a vigilância nas ruas e nos locais mais visados.
O projeto de lei, apoiado pelo ministro do Interior, Thomas de Maizière, já vinha sendo preparado há meses e ganhou novo impulso após o ataque ao mercado de Natal em Berlim. Para entrar em vigor, a legislação precisa ainda ser aprovada pelo Bundestag, o Parlamento alemão.
Steffen Seibert, porta-voz da chanceler federal Angela Merkel, informou que a vigilância será reforçada em locais como centros de compras, áreas esportivas, estacionamentos, estações de ônibus e de trens. A medida, segundo afirmou, visa impedir a ação de potenciais agressores.Há meses os principais partidos políticos alemães concordaram em reformar o sistema de vigilância do país, após crimes como os ocorridos na noite de réveillon em Colônia, o atentado a um centro de compras em Munique, o ataque a faca num trem em Würzburg e a explosão de um homem-bomba em um festival em Ansbach.
A nova lei permite que os policiais usem câmeras em seus uniformes, uma medida que visa proteger a própria polícia, após o aumento de ataques violentos a membros das forças de segurança nos últimos meses. A nova lei também outorga aos investigadores mais poderes para interceptar mensagens telefônicas.
A lei de proteção de dados na Alemanha valoriza o direito à privacidade. A última emenda a essa legislação dedica alto valor à proteção da vida e da saúde, além de salvaguardar as liberdades individuais.
RC/dw
O que se sabe sobre a tragédia em Berlim
Reunimos os principais fatos sobre o ataque com um caminhão à feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O local
Por volta das 20h (hora local) de segunda-feira (19/12), um caminhão avançou contra uma feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim. A praça diante da Igreja Memorial do Imperador Guilherme é um destino turístico conhecido. Próximos dali ficam a Estação Zoo e a famosa avenida Kurfürstendamm.
Foto: Google Earth
O que ocorreu
O caminhão invadiu a calçada e avançou cerca de 80 metros sobre a feira de Natal, atropelando pessoas e destruindo barracas. As autoridades dizem não haver dúvidas de que se trata de um atentado e partem do princípio de que seja um ato terrorista.
Foto: Reuters/F. Bensch
As vítimas
Ao menos 12 pessoas morreram e outras 56 ficaram feridas, 30 das quais em estado grave. Oito dos mortos foram identificados como alemães, um homem é polonês, uma mulher é israelense, uma segunda é italiana e um outra é da República Tcheca.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
A vítima polonesa
A primeira vítima do atentado foi o polonês Lukasz U., de 37 anos, motorista do caminhão sequestrado pelo autor do ataque. Segundo investigadores, o polonês foi esfaqueado diversas vezes, sugerindo que teria tentado reassumir o volante do veículo. Após a autópsia, contudo, constatou-se que Lukasz fora fuzilado horas antes do ataque. A polícia encontrou o corpo do polonês na cabine do veículo.
Foto: picture alliance/AP Photo/Str
As investigações
As investigações foram encaminhadas à Procuradoria Federal, responsável por casos de terrorismo. Os motivos do atentado ainda são desconhecidos, mas ele é investigado como sendo um atentado terrorista. Investigadores falam que várias pessoas podem estar envolvidas. Uma operação de busca foi realizada pela polícia num abrigo de refugiados de Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O primeiro suspeito
O refugiado paquistanês detido por suposto envolvimento no ataque foi solto pelas autoridades. A Procuradoria Federal comunicou que não foi expedido nenhum mandado de prisão contra o jovem de 23 anos, que entrou no país como refugiado em 31 de dezembro de 2015. As investigações não conseguiram provar que ele esteve na cabine do caminhão. Não havia, por exemplo, manchas de sangue na roupa dele.
Foto: Reuters/H. Hanschke
O segundo suspeito
Anis Amri, um tunisiano de 24 anos, é o principal suspeito. Ele foi morto por policiais italianos quatro dias depois do ataque. Amri chegou à Alemanha em 2015 e teve pedido de refúgio negado em junho de 2016. Como não pôde ser deportado por questão burocrática, passou a ser "tolerado". Ele circulava entre Berlim e o estado da Renânia do Norte-Vestfália. Um documento dele foi encontrado na cabine.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeskriminalamt
Os responsáveis
O tunisiano Anis Amri, de 24 anos, é o suspeito de ser o condutor do caminhão. Ele foi morto por policiais italianos na madrugada desta sexta-feira. Um documento dele, de "refugiado tolerado" na Alemanha, foi encontrado na cabine do caminhão. O "Estado Islâmico" assumiu a autoria do ataque.