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Berlim

Isabelle Müller (br)6 de maio de 2008

Muitos israelenses consideram Berlim a metrópole mais atraente da Europa. Mas eles não vêm à capital alemã apenas como turistas e visitantes. Milhares deles encontraram aqui sua nova pátria.

Nova Sinagoga, reconstruída após a Segunda Guerra e reinaugurada em 1995

Café Fugger 20, em Berlim. Fumaça de cigarro paira no ar. Robert Schwersenzer tem pouco mais de 70 anos. Ele usa óculos, tem cabelos grisalhos e demonstra prazer ao tragar seu cigarro israelense. O gosto e o cheiro fazem-no recordar sua juventude.

Robert Schwersenzer cresceu em Israel. Seus pais fugiram dos nazistas em 1939 para a Palestina. No início dos anos 1960, depois do serviço militar, a família retornou para a Alemanha – para Berlim. Neste meio-tempo, a cidade se modificou, mas as pessoas não, diz ele. Eles são diretos e mais soltos do que em outros lugares, bem como os israelenses. Além disso, na capital alemã reina uma atmosfera bem específica.

Berlim o faz recordar um pouco de Tel Aviv, por exemplo, no que se refere à vida noturna. "Por isso Berlim é mais atraente do que outras cidades."

Mal o cigarro se apaga e a fumaça se desfaz, sente-se no ar o cheirinho de café e de pratos orientais com temperos exóticos. No Café Fugger 20, há pratos tipicamente israelenses: falafel, homus e tahine. É um pouco da pátria para os israelenses em Berlim.

Um ponto de encontro na capital

Candelabro da Festa das Luzes diante da Porta de BrandemburgoFoto: AP

Não existem muitos restaurantes deste tipo na capital. E apenas poucos estabelecimentos oferecem produtos israelenses. Ninguém melhor do que Dan Metzger para saber disso, que veio a Berlim há mais de 40 anos, na juventude. No início, seus pais não queriam deixá-lo ir ao país que trouxe tanto sofrimento para o seu povo. Mas o jovem Metzger insistiu, ele queria a qualquer custo estudar arte dramática na Alemanha.

Depois de passar por outras cidades, foi parar mesmo em Berlim. Junto com um amigo, ele abriu primeiramente a primeira loja israelense na capital alemã, a Mifgasch-Israel. "Mifgasch significa ponto de encontro", explica ele. Mais tarde, inaugurou um restaurante com pratos preparados segundo os preceitos kosher. Entretanto, ele acabou se afastando da gastronomia e aproveita agora sua aposentadoria.

Bate-papo de israelenses

Para continuar em contato com seus compatriotas e para praticar seu hebraico, ele vai uma vez ao mês a um encontro de israelenses. Lá se encontram pessoas que ainda não falam alemão, que são novas na Alemanha e que ficam contentes ao encontrar outras pessoas da pátria, com as quais podem se comunicar na língua materna.

Quem organiza o bate-papo de israelenses é Ilan Weiss. Todos estão convidados, independente da idade, de serem estudantes, comerciantes ou aposentados.

É difícil dizer quantos israelenses moram em Berlim. Weiss diz que são menos do que se pensa. Talvez apenas alguns milhares, mas estes, como ele mesmo menciona, dão a impressão de ser mais numerosos.

Em seu livro Israelis in Berlin (Israelenses em Berlim), Fania Oz-Salzberger diz que mais de 10 mil israelenses encontraram em Berlim uma nova pátria. Muitos vieram nos últimos anos, não apenas de férias.

"Eles querem viver aqui, estudar e trabalhar", explica Jael Botsch-Fitterling, da Sociedade de Cooperação Cristã-Judaica. Já nos anos 1960, os israelenses se sentiam atraídos por Berlim Ocidental. Foi nessa época que ela chegou à cidade dividida, que justamente por seu isolamento se tornava tão atraente aos israelenses.

Museu Judaico é atração

Museu Judaico, projetado por Daniel LibeskindFoto: AP

Michal Kümper confirma o interesse dos israelenses por Berlim. Ela guia grupos de israelenses pelo Museu Judaico. Em 2007, entre os visitantes, 22 mil eram israelenses que, depois de excursões vindas dos EUA, constituíram o segundo maior grupo. "Eles são bem mais vivos do que outros grupos, gostam de trocar idéias, porém não são muito disciplinados", conta ela.

Certa vez, quando ela levou um grupo de israelenses à assim chamada Torre do Holocausto (Holocaust-Turm) uma construção de concreto alta e estreita, na qual nos sentimos pequenos e sufocados, os visitantes começaram surpreendentemente a cantar uma canção religiosa. "Uma coisa dessas nunca aconteceu aqui", diz Kümper.

Neste meio tempo, ficou mais calmo no Café Fugger 20, o grupo israelense aos poucos está se dissipando. Cada um segue novamente o seu caminho na capital alemã. Mas todos têm uma coisa em comum: sabem que podem retornar ao seu país – seu Israel – a qualquer momento.

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