Berlim defende maior ação da Bundeswehr na segurança interna
25 de outubro de 2006![](https://static.dw.com/image/489747_800.webp)
O governo federal alemão defende uma alteração constitucional para permitir que as Forças Armadas possam ser utilizadas na segurança interna do país. A posição consta no novo documento sobre a política de segurança da Alemanha e o futuro das Forças Armadas do país, apresentado nesta quarta-feira (25/10) em Berlim.
Durante a apresentação do documento, o ministro da Defesa, Franz Josef Jung, deixou claro que o controverso uso das Forças Armadas na segurança interna necessita de uma "ampliação" das ações permitidas pela Lei Fundamental alemã.
De acordo com o texto apresentado, as autoridades policiais estaduais e federais são responsáveis pela segurança interna da Alemanha. Elas podem contar com o apoio da Bundeswehr caso sejam incapazes de enfrentar uma situação de ameaça, mas sem que se recorra a meios militares de combate. É nesse ponto que o governo vê a necessidade de mudanças.
O ministro do Interior, Wolfgang Schäuble, a quem as autoridades policiais estão subordinadas, defendeu adaptações na Constituição. "No mundo moderno, não é mais possível diferenciar entre segurança interna e externa", afirmou ao justificar sua posição.
No exterior
O documento também delimita critérios para decidir sobre a participação da Bundeswehr em missões no exterior. Tal participação deve estar de acordo com a Lei Fundamental, os interesses nacionais e as obrigações internacionais do país.
Para Jung, nos últimos anos a Bundeswehr evoluiu de uma força armada com a missão exclusiva de defender o país para uma força armada com atuação no exterior.
Em relação à Otan, o documento afirma que ela continuará sendo a "principal âncora" da política de defesa e segurança alemã, mas reitera que a União Européia se converteu num reconhecido ator na gestão de crises internacionais, com crescente capacidade de ação.
Terrorismo
A chanceler federal Angela Merkel saudou o novo documento, que substitui o anterior, datado de 1994. Segundo ela, o texto leva em conta o atual estado de insegurança criado pelo terrorismo internacional. O texto prevê ainda a manutenção do serviço militar para jovens.
A apresentação do documento acabou sendo ofuscada pelas suspeitas de profanações de túmulos por soldados alemães no Afeganistão. As suspeitas surgiram após o tablóide Bild divulgar fotos, datadas de 2003, nas quais integrantes da Bundeswehr em missão no Afeganistão exibem crânios humanos.