Após 24 anos sob o solo, parte da estátuta de líder soviético, que media quase 20 metros, integrará exposição sobre monumentos históricos da capital alemã.
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Depois de 24 anos enterrada nos arredores de Berlim e da remoção de lagartos ameaçados de extinção que viviam no local, a cabeça da estátua gigante de Lênin foi desenterrada nesta quinta-feira (10/09). A peça fará parte de uma exposição na Cidadela de Spandau, no oeste da capital alemã.
O monumento de 19 metros de altura do líder soviético, esquecido sob o solo da capital alemã por mais de 20 anos, foi demolido dois anos após a queda do Muro de Berlim. Sua demolição se tornou um símbolo do fim da Alemanha Oriental e da queda do comunismo na Europa.
A estátua de granito, criada pelo escultor russo Nikolai Tomski, foi cortada em 130 pedaços antes de ser enterrada em um areal no sudeste de Berlim. Somente a cabeça pesa 3,5 toneladas e possui 1,70 metro de altura. Autoridades berlinenses afirmam que o resto da peça continuará enterrado.
A região onde a estátua foi esquecida tornou-se o habitat de lagartos ágeis (da espécie Lacerta agilis), estritamente protegidos pelas leis europeias de preservação da vida selvagem. Para que a peça fosse desenterrada, as autoridades tiveram que remover os habitantes do local. A utilização de guindastes, escavadeiras e caminhões para a "exumação" da cabeça perturbaria os animais, justamente no momento em que estão se preparando para acasalamento.
A homenagem ao líder soviético foi inaugurada originalmente em abril de 1970, na antiga Praça de Lênin, hoje Praça das Nações Unidas, no bairro berlinense de Friedrichshain. A cerimônia reuniu 200 mil pessoas poucos dias antes do 100° aniversário de Lênin.
A cabeça de Lênin será a peça central de uma exposição sobre monumentos históricos da capital alemã. “Como a estátua completa tem 19 metros de altura é impossível exibi-la em um espaço fechado, por isso decidimos expor apenas a cabeça, que é a parte mais conhecida”, contou Andrea Theissen, chefe do departamento cultural de Spandau.
A exposição deverá ter início somente no próximo ano. A história da destruição da estátua do líder soviético ficou famosa após o filme “Adeus, Lênin!”. No longa, é possível ver a cabeça sendo transportada por um helicóptero.
CN/dpa/rtr/afp
De Cortina de Ferro a Cinturão Verde
Os 1.400 quilômetros da antiga fronteira entre as Alemanhas formam hoje o chamado Cinturão Verde. De Kühlungsborn, passando pelo monte Brocken, até Mödlareuth, o trecho inclui paisagens únicas e pontos históricos.
Foto: picture-alliance/ZB
Torre de vigia na orla do Mar Báltico
A BT11, em Kühlungsborn, é uma torre de vigia da época da Alemanha Oriental. Entre 1973 e 1989, os guardas de fronteira subiam nela para achar possíveis fugitivos, cujo objetivo era alcançar a costa do estado ocidental de Schleswig-Holstein ou um navio que estivesse de passagem. Tombada como patrimônio histórico, a torre é uma das últimas das mais de 70 que existiam na costa do Mar Báltico.
Foto: picture-alliance/ZB
Gansos selvagens perto de Darchau
Agora, 25 anos após a queda da Cortina de Ferro, é possível ver que a antiga fronteira, a chamada Faixa da Morte, foi uma bênção para a natureza. O Cinturão Verde entre as regiões de Altmark e Wendland atrai aves migratórias de forma mágica. Grandes quantidades de gansos, cisnes, patos e cegonhas fazem escala na região no outono, antes de continuar a rota migratória rumo ao sul.
Foto: picture-alliance/ZB
Paisagem do rio Elba
Dos 1.091 quilômetros do Elba, 95 ficavam na área interditada da fronteira entre as Alemanhas. Neste lugar, perto do lugarejo de Lenzen, está uma das últimas paisagens fluviais quase intocadas do país. Os diferentes níveis de água fazem o rio formar planícies alagadas e criam paraísos naturais únicos. A Reserva da Biosfera Paisagem do Rio Elba, da Unesco, se estende por quase 375 mil hectares.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial da fronteira Hötensleben
A principal finalidade da fronteira alemã oriental era impedir tentativas de fuga da própria população. Isso a diferencia de outras fronteiras fortificadas, que servem principalmente para proteger de invasões de fora. Em Hötensleben, ainda podem ser vistas partes das barreiras originais, incluindo muros, torres de vigia e obstáculos antitanque.
Foto: picture-alliance/dpa
Pedalando pelo Cinturão Verde
A região ao norte da cadeia montanhosa do Harz é marcada por colinas suaves. Os 70 quilômetros entre Hornburg e Ilsenburg convidam ciclistas a passearem ao longo do Cinturão Verde. A rota passa por pomares, campos e alamedas de castanheiras, em meio à natureza intocada e restos das antigas instalações fronteiriças.
Foto: picture-alliance/dpa
Montanha entre as Alemanhas
Localizado na antiga fronteira entre as Alemanhas, a montanha Brocken era inacessível para cidadãos de leste e oeste, se tornando, assim, um símbolo da divisão alemã. Com a queda do Muro, o monte voltou novamente ao centro geográfico da Alemanha e virou um popular destino turístico. É possível chegar ao topo a pé ou de trem.
Foto: picture-alliance/dpa
Anel da memória
O monumento em Sorge, perto de Wernigerode, é um círculo de árvores mortas com 70 metros de diâmetro. Fica diretamente na antiga Faixa da Morte, como símbolo da unificação das Alemanhas. Na concepção do autor, o artista Herman Prigann, os troncos devem ser lentamente cobertos por plantas, estimulando, assim, a reflexão sobre decadência e crescimento.
Foto: picture-alliance/dpa
Biodiversidade no caminho de patrulhamento
Apenas a estaca de marcação ainda lembra a antiga fronteira na montanha Warteberg, perto de Nordhausen. À sombra da Cortina de Ferro, ao longo do antigo caminho de patrulhamento da guarda de fronteira, se desenvolveram habitats de espécies animais e vegetais raras. Espécies ameaçadas de extinção, como orquídeas e cegonhas-pretas encontraram aqui refúgios valiosos.
Foto: picture-alliance/ZB
Museu da Fronteira Eichsfeld
Desde 1995, existe na antiga passagem de fronteira Duderstadt / Worbis o Museu da Fronteira Eichsfeld. Entre 1973 e 1989, cerca de 6 milhões de viajantes utilizaram a passagem de fronteira entre as aldeias de Gerblingerode, no oeste, e Teistungen, no leste. Num espaço de mil metros quadrados, a exposição conta a história da divisão alemã.
Foto: picture-alliance/ZB
Pequena Berlim
O passeio pelo Cinturão Verde termina em Mödlareuth, povoado de 50 pessoas. Os americanos a chamavam de "Little Berlin" ("Pequena Berlim"), por ela, como sua irmã maior, Berlim, ter se tornado um símbolo da divisão alemã. A exemplo da atual capital alemã, até 1989, Mödlareuth era dividida por um muro de concreto de 700 metros de comprimento e 3,40 metros de altura.
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De Faixa da Morte a linha da vida
A Cortina de Ferro dividiu a Alemanha e a Europa por quase quatro décadas. Muros, cercas de arame farpado e torres de guarda separaram famílias e amigos. Aquilo que um dia dividia, agora é algo que nos une à natureza. O Cinturão Verde foi o primeiro projeto de conservação da natureza da Alemanha reunificada.