Berlim desmente imposto de solidariedade para refugiados
10 de outubro de 2015
Jornal afirmou que UE e Alemanha planejam formas de ajuda financeira à segurança nas fronteiras externas do bloco. Proposta teria partido de ministro alemão. Oposicionistas criticam taxação como antissocial e cínica.
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O governo alemão desmentiu neste sábado (10/10) uma notícia de jornal segundo a qual ele estaria considerando, juntamente com a Comissão Europeia, a aplicação de um imposto de solidariedade com o fim de financiar os custos da crise de refugiados na Europa.
"Nossa posição se mantém: não haverá aumentos de impostos na Alemanha nem queremos a introdução de um imposto por parte da União Europeia", declarou em Berlim o porta-voz da Chancelaria Federal, Steffen Seibert.
Segundo a alegação feita pelo diário Süddeutsche Zeitung, as lideranças políticas da UE e da Alemanha estariam "travando conversas informais para introdução de uma espécie de imposto de solidariedade europeu para os refugiados".
Ele poderia ser arrecadado tanto através de uma taxa adicional ao imposto sobre combustíveis fósseis, como a partir do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), e depois transferido para o orçamento da UE. As verbas se destinariam a auxiliar os Estados nos limites extremos do bloco a financiar a segurança de suas fronteiras.
Segundo o jornal, citando fontes da presidência da Comissão Europeia, a sugestão teria partido do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, durante uma conferência financeira internacional no Peru.
Oposição: medida afetaria os pequenos
O partido alemão A Esquerda condenou com veemência toda e qualquer medida nesse sentido. "Aumentos de impostos desse tipo são os gastos mais antissociais que existem, pois atingem os pequenos, e não os causadores dos movimentos de êxodo", declarou o presidente da legenda, Bernd Riexinger, à agência de notícias AFP.
Os custos do acolhimento e integração de refugiados não podem, de forma alguma, ser arcados pela população europeia, prosseguiu o líder esquerdista, pois isso seria "gasolina na fogueira dos incendiários de direita". Como "solução consequente e mais justa", Riexinger sugeriu a aplicação uma taxa sobre grandes fortunas em toda a UE.
Simone Peter, uma das líderes do Partido Verde, igualmente rechaçou a proposta de "um imposto de solidariedade para uma segregação ainda maior dos refugiados nas fronteiras externas da Europa": isso que seria "cínico, diante da situação dramática nas regiões de crise".
"Em vez de apoiar Estados como a Espanha, Itália, Bulgária e Grécia na construção de cercas e outros dispositivos de rechaço desumanos, o foco deve ser o combate às causas do êxodo e o suficiente abastecimento nos centros de refugiados próximos às regiões de crise", criticou Peter.
AV/afp/dpa
As fronteiras mais protegidas do mundo
Elas não dividem apenas países, mas separam pais de filhos, ricos de pobres, cristãos de muçulmanos. Conheça algumas das fronteiras mais vigiadas e controversas.
Foto: Wualex
Sérvia-Hungria: coração da rota dos Bálcãs
Numa imagem simbólica da atual crise, migrantes entram na União Europeia ao cruzarem trilhos entre a Sérvia e a Hungria. Em setembro, a fronteira foi fechada, obrigando os refugiados a buscarem novas rotas. Em agosto deste ano, a quantidade de pessoas detectadas nas fronteiras da Europa ultrapassou o número registrado em todo o ano passado: foram 350 mil, sem contar as que entraram despercebidas.
Foto: DW/J. Stonington
A ponte coreana sem volta
A fronteira entre as Coreias do Sul e do Norte está fechada e altamente militarizada há 62 anos. Esta placa marca uma "ponte sem volta", vista na foto do lado sul-coreano. Desde o fim da década de 1990, cerca de 28 mil norte-coreanos fugiram para o país vizinho. Recentemente, ambos os países concordaram em permitir que familiares se reunissem perto da fronteira.
Foto: Edward N. Johnson
A longa fronteira entre EUA e México
Muros e cercas protegem um terço de toda a fronteira, ou 1.126 quilômetros, depreciativamente chamados de "parede de tortilla" pelos americanos. Com 18.500 oficiais posicionados ao longo dela, a fronteira é uma das mais vigiadas do mundo. Mesmo assim, milhões tentam a sorte nos Estados Unidos. Em 2012, 6,7 milhões de mexicanos viviam no país vizinho como imigrantes ilegais.
Foto: Gordon Hyde
700 deportações por dia
A fronteira entre EUA e México é fonte de atritos políticos e de profundas tensões. Esta cena pacífica, no lado mexicano, ilude. A cada dia, 700 pessoas são deportadas de volta para o México. Para aqueles que passaram muitos anos em território americano, não é fácil se readaptar à velha casa.
Foto: DW/G. Ketels
Marrocos-Espanha: Pobreza e campos de golfe
Duas realidades econômicas distintas se chocam nos enclaves espanhóis de Melilla e Ceuta, que fazem fronteira com o Marrocos. Refugiados de toda a África buscam uma maneira de colocar os pés num país europeu para ali pedirem asilo. Muitos tentam pular as cercas ao redor dos enclaves. Com uma série de barreiras e o Marrocos agindo de forma mais ativa, menos cenas como esta têm ocorrido.
Foto: picture-alliance/dpa
Brasil-Bolívia: qual lado é menos verde?
De acordo com imagens de satélite, o limite do desmatamento brasileiro é definido pela fronteira com a Bolívia. Nos últimos 50 anos, o Brasil desmatou, legal e ilegalmente, 20% da Floresta Amazônica no país. Contudo, a Bolívia também está ameaçada pelo desmatamento e precisa ser estudada com mais profundidade, segundo cientistas.
Foto: Nasa
Haiti-Rep. Dominicana: Uma ilha, dois mundos
Apesar de ambos os países dividirem a mesma ilha, a realidade entre eles é bem distinta. A República Dominicana é um paraíso turístico, enquanto o Haiti é um dos países mais pobres do planeta. Logo, muitos haitianos se mudam para o país vizinho. Em 2015, o governo dominicano enrijeceu as leis de migração, fazendo com que cerca de 40 mil haitianos voltassem para casa.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Bueno
Tensão entre Egito e Israel
Com deserto de um lado e uma aglomeração urbana do outro, a fronteira entre Egito e Israel separa uma maioria islâmica de uma maioria judaica. A paz que reinou na região por mais de 30 anos foi substituída recentemente por violência, militarização e tensões diplomáticas. No fim de 2013, Israel conclui a construção de uma cerca dividindo os dois territórios.
Foto: NASA/Chris Hadfield
Paquistão-Índia: 'linha de controle'
Durante o primeiro conflito armado entre Paquistão e Índia, entre 1947 e 1949, a região da Caxemira foi dividida por uma "linha de controle" entre a parte paquistanesa, com maioria muçulmana, e a parte indiana, de maioria hindu e budista. A linha, contudo, não impediu ataques terroristas que visavam instaurar uma Caxemira islâmica – resultando na morte de cerca de 43 mil pessoas desde 1993.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Singh
Saara Ocidental: o muro marroquino
Até 1976, o Saara Ocidental era uma colônia espanhola. Para reivindicar o território, o rei do Marrocos enviou 350 mil pessoas à região. Os nativos, porém, iniciaram um movimento de independência chamado de Frente Polisário. O conflito dividiu o Saara Ocidental entre a República Árabe Saaraui Democrática e o Marrocos. Entre os dois territórios há uma barreira de areia, altamente militarizada.
Foto: Getty Images/AFP/P. Hertzog
Israel-Cisjordânia: Conflito sob pedras
Desde 2002, foram construídos muros e cercas controversas, que já atingem uma extensão de 759 quilômetros. Em áreas densamente povoadas, como nesta foto, de Jerusalém, um muro de concreto de nove metros de altura fortifica a fronteira entre Israel e a Cisjordânia. Em 2004, a Justiça decidiu que a construção de um muro nas áreas palestinas não é compatível com as leis internacionais.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Sultan
Três países, uma só fronteira
Em algumas partes do mundo, as fronteiras não são demarcadas por patrulhas, cercas ou muros. Esta pedra com três faces sinaliza a divisa entre três países: Alemanha, Áustria e República Tcheca – parte do espaço Schengen. O trânsito livre entre essas fronteiras só foi limitado recentemente por causa da crise dos refugiados na Europa.