Cidade inaugura trecho ligando Alexanderplatz ao Portão de Brandemburgo. Obra custou 540 milhões de euros e durou dez anos, três a mais do que previsto. Linha deve atrair principalmente turistas.
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Dez anos depois do início das obras, Berlim ganhou uma "nova linha" de metrô, que não é bem uma nova linha, mas uma extensão da antiga U5, que agora terminará na estação central da capital alemã.
No início de dezembro, foram inaugurados os 2,2 quilômetros que ligam a Alexanderplatz ao Portão de Brandemburgo, dois dos principais pontos turísticos da cidade. Ao longo deste percurso, foram construídas três modernas estações. Embora o metrô já esteja circulando, a estação da Ilha dos Museus – a grande atração da nova U5 – ainda não está pronta e deve ser inaugurada apenas em meados do ano que vem. Localizada embaixo do rio Spree, ela terá um teto que lembrará um céu estrelado, composto por mais de 6 mil pontos de luz.
Assim como diversas obras públicas na Alemanha, o trecho foi inaugurado com três anos de atraso. Ao todo, 540 milhões de euros – cerca de R$ 3,3 bilhões – foram investidos nesta parte do projeto de infraestrutura. As condições da construção foram um desafio: solo arenoso e úmido e o rio Spree no meio do caminho. Uma máquina para a abertura do túnel foi desenvolvida especialmente para o projeto.
O novo trecho liga a antiga linha U5, que cortava Berlim Oriental da Alexanderplatz até Hönow, à U55, que ia do Portão de Brandemburgo até a Hauptbahnhof, a estação central berlinense, e foi inaugurada em 2009. A U55 custou na época 320 milhões de euros. Apesar da quase conclusão da obra somente neste ano, o projeto para ampliar para o antigo o lado ocidental o metrô que percorria a parte comunista da cidade foi idealizado nos anos 1990, após a queda do Muro. Se for levado em consideração o início da obra, ela levou, na verdade ao todo, 25 anos para ser concluída.
"Berlim, a cidade outrora dividida e há 30 anos unida, se aproxima hoje mais um pouco. Muitos berlinenses esperavam por isso", afirmou a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, no vídeo enviado para a cerimônia de inauguração da nova linha.
Com a extensão, a U5 é agora a segunda mais longa linha de metrô da cidade, com 22 quilômetros, atrás apenas da U7, com 31,8 quilômetros. Seu percurso completo, de Hönow até a estação central, é percorrido em 41 minutos.
A empresa responsável pelo transporte público da capital alemã, a BVG, espera que 155 mil passageiros utilizem a linha por dia. O novo trecho, construído embaixo da avenida Unter den Linden, deve atrair, principalmente, turistas, ao passar pelas principais atrações da cidade.
Outra previsão positiva: a BVG estima ainda que poderá haver redução de cerca de 20% do trânsito do centro da cidade com a nova opção de transporte público.
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Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy. Siga-a no Twitter.
A história do metrô na Alemanha
A primeira linha subterrânea para transporte público na Alemanha foi inaugurada em 1902, em Berlim, cerca de 40 anos depois de a primeira do mundo ser aberta em Londres. Os alemães chamam o metrô de U-Bahn.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Berlim, pioneira na Alemanha
No dia 15 de fevereiro de 1902, foi inaugurado o metrô berlinense, partindo da estação da Praça de Postdam em direção à estação Stralauer Tor. Três dias depois, o meio de transporte foi aberto ao público. Até dezembro do mesmo ano, foram abertas nove estações na rede metroviária. Na Alemanha, o trem subterrâneo chama-se Untergrundbahn ou U-Bahn.
Foto: Imago/G. Leber
Londres, primeiro metrô do mundo
Em 1863, começaram a circular os metrôs em Londres, na época, locomotivas a vapor. Como a fumaça incomodava os passageiros, a linha foi encerrada precocemente. Em 1890, os túneis da capital londrina foram eletrificados. Em Paris, a primeira linha da rede de metrô foi inaugurada em 1900. O Chemin de Fer Métropolitain (caminho de ferro metropolitano) deu origem à abreviatura no português, metrô.
Foto: picture-alliance/Heritage-Images
Da Berlim Ocidental à Oriental
O metrô de Berlim, primeiro trem subterrâneo da Alemanha, cresceu com a expansão de seus trilhos, que inicialmente percorriam pouco mais de 10 quilômetros. Ele sobreviveu a duas guerras mundiais e o Muro de Berlim. Durante a divisão da cidade, o trem só chegava ao lado oriental, comunista, após inspeções rigorosas. A segurança foi redobrada, para evitar que alemães do leste fugissem para o oeste.
Foto: DW/Kate Brady
Hamburgo
A eficiência dos trens elétricos em Berlim inspirou a cidade portuária de Hamburgo, que inaugurou sua rede ferroviária subterrânea em 15 de fevereiro de 1912. Por causa do rio Elba, no entanto, grande parte da malha foi construída sobre viadutos e aterros.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Colônia e outras
Em outras grandes cidades alemãs, o metrô subterrâneo foi introduzido após a Segunda Guerra, por conta da reconstrução dos centros urbanos. A Stuttgart, ele chegou em 1966; a Essen, em 1967; e a Frankfurt e Colônia, em 1968. Na foto, a escada rolante da estação de metrô Heumarkt, em Colônia.
Foto: Imago/blickwinkel/S. Ziese
Munique
À capital da Baviera, o sistema de metrô subterrâneo só chegou na década de 1970. Inicialmente ele estava previsto para ser inaugurado em 1974, mas, devido aos Jogos Olímpicos de 1972, começou a funcionar já em 1971. Na foto, a estação Münchner Freiheit, decorada pelo designer e artista alemão Ingo Maurer, com espelhos no teto e luzes azuis.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Warmuth
A rede mais longa do mundo
Desde dezembro de 2017, a mais extensa malha metroviária do mundo é a de Xangai, na China, com 637 quilômetros. Na Alemanha, a maior rede de metrô é a de Berlim, com 144 quilômetros, 12ª colocada no ranking mundial.
Foto: Imago/Xinhua/D. Ting
O mais longo trecho subterrâneo
A mais longa linha subterrânea da Alemanha é a U7 (foto), de Berlim, com 31,8 km. Já a linha de metrô mais longa, que corre embaixo e sobre o solo, é a linha U1 em Hamburgo, com 55,8 km. Em termos de inclinação, a linha U3, entre Frankfurt e Hohemark, supera uma altura de 204 metros.
Foto: Imago/R. Peters
Bunker de guerra
Estações de metrô especialmente profundas sob o solo foram construídas nos antigos países socialistas durante a Guerra Fria, para servirem também de abrigo numa eventual guerra nuclear. O recorde mundial de profundidade é a estação de metrô Arsenalna, em Kiev, na Ucrânia, com 105,5 metros. Na foto, a escada rolante de uma estação de metrô em São Petersburgo.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Brandt
A estação alemã mais profunda
Já nos países ocidentais, os metrôs não são tão profundos devido a questões arqueológicas (Atenas e Roma) ou geológicas (Oslo e Washington). A estação mais profunda da Alemanha é a Messehallen, em Hamburgo, 26 metros abaixo do solo. Também suas escadas-rolantes são recorde alemão, com 22 metros de extensão.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Nesta coluna, ela escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.