Berlim impede protestos contra restrições antipandemia
31 de julho de 2021
Tribunal considerou demasiado o risco para saúde pública, caso dezenas de milhares de opositores das medidas contra a covid-19 tomassem as ruas da capital alemã. Principal organizador é grupo sob vigilância estatal.
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As autoridades berlinenses proibiram dezenas de milhares de opositores das medidas de combate à covid-19 de irem às ruas neste fim de semana (31/07-01/08). Juízes do Tribunal Administrativo da capital da Alemanha se recusaram a autorizar 13 manifestações neste sábado, para as quais estavam registrados 22.500 participantes, segundo os organizadores.
A justificativa foi que o risco para a saúde pública seria elevado demais, já que os eventos poderiam causar um acréscimo das infecções com a variante delta do vírus Sars-Cov-2, considerada mais contagiosa e violenta.
Uma passeata separada, planejada para o domingo sob o slogan "Pela paz, liberdade, verdade" e reunindo 3.500 manifestantes, foi igualmente interditada. Alguns dos eventos eram promovidas pelo movimento negacionista Querdenken, outros em apoio às casas noturnas de Berlim.
Segundo um porta-voz da polícia, a interdição afeta todos os protestos "cujos participantes sistematicamente não obedecem os regulamentos legais, especificamente de proteção contra contágios", recusando-se, por exemplo, a usar máscaras sanitárias. O órgão de segurança teme que, ainda assim, muitos inimigos das medidas antipandemia viajarão até Berlim.
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"Pensadores laterais" ativos, apesar de vigilância estatal
O Querdenken 711 ("pensamento lateral", seguido do prefixo telefônico de Stuttgart, onde o grupo se formou) tem liderado a oposição às medidas antipandemia na Alemanha, e atualmente se encontra sob vigilância estatal.
Em seu website, ele se anuncia como "democrata", tendo como meta principal proteger os direitos assegurados na Lei Fundamental (Constituição alemã), em especial as liberdades de opinião, expressão e reunião. No entanto, estão comprovados seus contatos transversais com grupos de extrema direita.
Adeptos do movimento e de suas ramificações têm protestado nos últimos meses, em diversas cidades, contra as restrições governamentais para combate ao novo coronavírus, sendo responsáveis por organizar algumas das maiores manifestações anti-lockdown.
O fundador do movimento é o empreendedor Michael Ballweg, baseado em Stuttgart. Ele afirma que extremismo, violência, antissemitismo e ideologia desumana estariam tão deslocados no Querdenken quanto os símbolos de tais formas de pensar: "Somos um movimento pacífico, e não um partido político."
No entanto, diversos protestos organizados por seu grupo desembocaram em violência entre os manifestantes, envolvendo até detonações de explosivos caseiros. Em diversas cidades, as forças de segurança recorreram a canhões d'água para impedir uma escalada.
Além disso, nos eventos do Querdenken tem sido regularmente avistados simbolos neonazistas e de outros grupos de extrema direita. Ballweg esteve, ainda, envolvido em episódios questionáveis, como a aparição em vídeoclipes ao lado do ex-jornalista e ativista Martin Lejeune, acusado de antissemitismo e negação do Holocausto.
av (Reuters,KNA,AFP,DPA)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine