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Arte

Berlim inicia obra de controverso museu de arte do século 20

3 de dezembro de 2019

Com alto custo e arquitetura impopular, futuro Museum der Moderne começa a ser construído. Previsto para inaugurar em 2026, espaço visa relançar capital alemã como um centro mundial da arte, como fora no passado.

Esboço do Museum der Moderne, que deverá ser inaugurado em 2026 em Berlim
Esboço do Museum der Moderne, que deverá ser inaugurado em 2026 em BerlimFoto: Herzog & de Meuron

Uma cerimônia para marcar o início das obras do futuro Museum der Moderne (Museu da Modernidade) em Berlim, um espaço dedicado à arte do século 20, foi realizada nesta terça-feira (03/12) com a presença da ministra alemã da Cultura, Monika Grütters, do prefeito de Berlim, Michael Müller, e do presidente da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano, Hermann Parzinger.

"Com o Museu do Século 20, está sendo criado um espaço no coração da capital que torna as experiências formativas do século passado visíveis através do espelho da arte – com todos os seus transtornos, abismos e momentos de grandeza", afirmou Grütters. "As espetaculares coleções de arte do século 20 da Nationalgalerie receberão finalmente o espaço que merecem."

No entanto ainda será necessário esperar um bom tempo até que o museu abra suas portas para o público: a primeira exposição está prevista para 2026.

Bem antes da cerimônia desta terça-feira, o futuro hotspot cultural de Berlim já era motivo de controvérsia – e não apenas pelos altos custos, que chegam a 450 milhões de euros.

A abertura do novo museu foi originalmente planejada para 2021. Colecionadores dispostos a emprestar seus acervos, como a família Pietszsch, ficaram impacientes. Eles exigiam que a construção fosse inaugurada antes do final de 2019.

O Museum der Moderne será uma extensão da Neue Nationalgalerie (Nova Galeria Nacional), projetada por Ludwig Mies van der Rohe e construída em 1968. Pequeno demais para abrigar a extensa coleção de arte moderna da cidade, o museu está fechado para reformas desde 2015.

O Hamburger Bahnhof, outro museu estatal de arte moderna, também não parece grande o suficiente. Com o novo museu em construção, Berlim ganhará um novo e espetacular edifício que as autoridades esperam que se compare àqueles de outras capitais mundiais, como o Tate Modern em Londres e o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa).

Projeto do Museum der Moderne em Berlim foi criticado por parte da populaçãoFoto: Herzog & de Meuron

O novo projeto foi bem recebido do outro lado do Atlântico. "Dessa forma, Berlim poderá recuperar a energia que outrora a tornou a capital da arte moderna", escreveu Glenn Lowry, diretor do MoMa, em artigo publicado no jornal Tagesspiegel. Ele relembrou o papel central da cidade no mundo da arte na década de 1920, que teria inspirado o então diretor do museu nova-iorquino, Alfred H. Barr Jr.

O acervo da Nationalgalerie em Berlim é uma das maiores coleções de arte do século 20 do mundo, e atualmente se encontra quase inteiramente armazenado. Entre suas obras mais célebres estão trabalhos de Max Beckmann, Ernst Ludwig Kirchner, Hannah Höch, Nam June Paik, Andy Warhol, Werner Tübke, Wolfgang Mattheuer, Isa Genzken, Otto Piene e Wolfgang Tillmans.

A coleção de mídia também é única e abrangente, somando cerca de 800 obras de áudio, cinema e vídeo dos anos 1950 até os dias atuais.

Um museu para explorar a complexidade histórica

Joachim Jäger, diretor da Neue Nationalgalerie, destaca que o Museum der Moderne será uma parte única e insubstituível da cena de museus berlinenses. Ele descreve a coleção da cidade como "extremamente complexa" e "amplamente diversificada".

Segundo Jäger, o museu visa dar luz à confrontação entre o Leste e o Oeste, presente na história da arte moderna. Como exemplo, ele diz que grandes pintores americanos como Frank Stella, Barnett Newman e Robert Rauschenberg se equiparam a artistas de destaque da antiga Alemanha Oriental, como Harald Metzkes, Werner Tübke e Angela Lampe.

Há tempos Berlim carecia de um local de exposições dedicado a explorar essa complexidade histórica, diz Jäger. "É incompreensível que esta cidade, tão intimamente ligada à ascensão e à queda da arte moderna, não possuísse um lugar onde o discurso artístico do século 20 pudesse ser vivenciado de forma compreensiva."

Em seu pronunciamento durante a cerimônia, o prefeito Michael Müller disse esperar que a nova coleção possa "refletir a conturbada história dessa época complexa". "O projeto intensamente discutido para a arte do século 20 é mais um grande tesouro que enriquece nossa cidade e a deixa ainda mais atraente para nossos convidados vindos de todo o mundo", exaltou.

Altos custos e design impopular

Embora a localização do novo museu não seja controversa, o mesmo não pode ser dito para o projeto de construção consideravelmente caro. Com orçamento inicialmente estimado em 200 milhões de euros, os custos da obra mais do que dobraram, chegando a 450 milhões.

Essas verbas, já aprovadas pelo governo, são doloridas para muitos, incluindo para outros museus estaduais de Berlim que funcionam com orçamentos limitados e sem pessoal adequado.

O futuro edifício foi projetado pela firma suíça de arquitetura Herzog & de Meuron, também responsável por uma série de museus de alto nível, incluindo o Tate Modern, o Museu de Arte de Miami e o M+ de Hong Kong, ainda em construção.

A visão dos suíços para o museu de Berlim, entretanto, gerou críticas por parte da população. Alguns dizem que se assemelha a barracões de cerveja ou a lojas de artigos baratos, além de gerar comparações com outra obra icônica dos arquitetos, a Filarmônica do Elba, em Hamburgo, que excedeu em dez vezes o orçamento original, chegando a custar 800 milhões de euros. 

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