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Berlim investiga suposto envenenamento de exiladas russas

21 de maio de 2023

Polícia da capital alemã apura possível intoxicação de duas participantes de conferência organizada pelo ex-oligarca russo e crítico do Kremlin Mikhail Khodorkovsky.

Carro da polícia alemã, com torre ao fundo
Segundo a polícia de Berlim, investigação do caso corre sob sigiloFoto: A. Friedrichs/IMAGO

A polícia de Berlim informou neste domingo (21/05) que está investigando o possível envenenamento de duas exiladas russas que participaram de uma conferência na capital alemã no final de abril. O evento foi organizado pelo ex-oligarca russo e crítico do Kremlin Mikhail Khodorkovsky.

A abertura da investigação foi confirmada após o jornal alemão Welt am Sonntag ter publicado – citando informações do grupo independente russo de jornalismo investigativo Agentstvo – que duas mulheres relataram sintomas de possível envenenamento.

O inquérito está a cargo de uma unidade policial especializada em casos relacionados com terrorismo ou crimes de motivação política, disse à agência AFP um porta-voz da polícia de Berlim.

"Uma investigação foi aberta", declarou o porta-voz, recusando-se a fornecer mais detalhes, argumentando o sigilo das apurações.

Jornalista e ativistas se sentiram mal

A mídia informou que uma das mulheres é uma jornalista, que havia deixado a Rússia recentemente, e seus sintomas podem já ter aparecido antes do encontro de dissidentes, realizado nos dias 29 e 30 de abril. Ela foi atendida no hospital universitário Charité em Berlim.

A segunda participante citada foi Natalia Arno, diretora da ONG Fundação Rússia Livre, nos Estados Unidos, onde mora há 10 anos após deixar a Rússia. Arno confirmou o incidente no Facebook, dizendo que inicialmente pensou que tivesse sendo afetada pelo jet lag e pela fadiga quando se sentiu mal em Berlim.

Posteriormente, ela viajou para Praga, onde encontrou a porta do quarto de hotel aberta e detectou um cheiro estranho de perfume no quarto. Mas o odor não podia mais ser percebido quando ela voltou ao local, à noite. Arno disse que acordou com "dor intensa e sintomas estranhos".

"Não pensei na possibilidade de envenenamento e tinha certeza de que só precisava consultar um dentista com urgência", escreveu.

Ela voou imediatamente de volta para os Estados Unidos e, durante o voo, os sintomas tornaram-se "muito estranhos, por todo o corpo, com dormência acentuada".

Ela foi atendida por serviços de emergência, mas os exames não detectaram nada de anormal.

Ataques com agente nervoso

Vários ataques com o chamado agente nervoso Novichok – classificado como arma química – foram realizados no exterior e na Rússia contra adversários do Kremlin nos últimos anos.

O líder da oposição russa Alexei Navalny foi tratado na Rússia e depois na Alemanha contra o que testes de laboratório ocidentais mostraram ter sido uma tentativa de envenená-lo com Novichok, de fabricação soviética. Moscou nega as acusações.

Da Alemanha, Navalny retornou voluntariamente à Rússia em 2021. Ele foi detido em janeiro daquele ano e continua preso desde então.

O mesmo Novichok foi usado também em uma tentativa de assassinato em 2018 do ex-agente duplo Sergei Skripal e sua filha, na cidade inglesa de Salisbury.

O caso Skripal exacerbou ainda mais as já tensas relações entre Londres e Moscou após a morte por envenenamento por radiação em 2006, na capital britânica, do ex-espião Alexander Litvinenko.

md/gb (AFP, Reuters)

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