Berlim luta para isolar casos de mutação do coronavírus
Kay-Alexander Scholz
26 de janeiro de 2021
Após surto de infecções com a variante britânica da covid-19, capital alemã toma medidas sem precedentes ao pôr hospital em quarentena para evitar propagação.
Anúncio
Berlim vive um momento de apreensão, após a Clínica Humboldt, uma das principais da cidade, ter sido colocada sob quarentena – um passo sem precedentes na Alemanha. O motivo: na ala de cardiologia houve vários casos da mutação do coronavírus originária do Reino Unido (B. 1.1.7), mais contagiosa, entre pacientes e funcionários.
A capital alemã, que até o outono europeu era um dos epicentros da pandemia na Alemanha, conseguiu sair da segunda onda de covid-19 com relativo sucesso. O número de novas infecções tem diminuído constantemente. A incidência de sete dias é agora pouco mais de 100 – em linha com a média nacional. Os casos graves nos hospitais também estão diminuindo.
Mutação do vírus: metade dos casos em Berlim
Dos 51 casos de infecção com a variante B.1.1.7 comunicados até agora em toda a Alemanha, 24 estão em Berlim. Os números são provenientes do Instituto Robert Koch (RKI), a autoridade sanitária nacional, a partir de 25 de janeiro.
Os números de Berlim foram anunciados em uma coletiva de imprensa do grupo hospitalar Vivantes, responsável pela clínica, na segunda-feira (25/01). De acordo com o relatório, os primeiros casos já haviam ocorrido na semana anterior. Quando a situação se tornou cada vez mais incerta, o hospital resolveu apertar o cerco.
Foram então acionados o RKI, o estado de Berlim, o Hospital Charité e a autoridade sanitária responsável. Seu objetivo: manter o grupo de infecção pequeno e rastrear todos os contatos.
Com 640 leitos, a Clínica Humboldt é um hospital importante: tem papel-chave no atendimento de emergência no noroeste de Berlim. Por isso, foi ordenada quarentena para os aproximadamente 1.700 funcionários.
Isso significa: só é permitido trabalhar, e caminhar para casa. Para todos aqueles que vão trabalhar de ônibus ou trem, o estado de Berlim organizou um serviço de transporte. "Na segunda-feira, estava tudo certo, não havia falta de pessoal", disse o diretor do hospital, Jürgen Kirschbaum.
Anúncio
"Não entrem em drama"
Mas o vírus já deixou a clínica. Dois casos foram registrados em outro hospital do grupo Vivantes, também em Berlim. Mais dois casos foram encontrados fora do ambiente do hospital, ligados a pacientes. Na segunda-feira, o Charité também relatou outro caso.
"Não entrem em drama", recomendou o médico Patrick Larscheid, do Departamento de Saúde de Berlim. O quadro da situação, disse ele, ainda não está completo, e os testes de todos os funcionários e pacientes ainda estão em andamento.
Larscheid garante que o que está acontecendo está essencialmente limitado à Clínica Humboldt e que o problema ainda não se espalhou por toda a cidade.
De onde exatamente o vírus veio, os envolvidos não sabem. Casos da mutação já haviam sido registrados em Berlim depois do Natal, trazidos por viajantes vindos do Reino Unido.
Vacina ainda é eficaz contra mutação
O relatório mais recente do Instituto Robert Koch sobre o tema afirma que não há evidência de que a variante britânica B.1.1.7 levasse a doenças mais graves. Além disso, a vacina da Biontech/Pfizer também é eficaz contra essa cepa.
Na Alemanha, nenhuma busca sistemática da variante do vírus foi realizada até o momento. Para este fim, as amostras positivas de covid-19 têm que ser sequenciadas, e o custo é alto. A maioria dos laboratórios alemães não dispõe de instalações para fazer isso.
Em fevereiro, será criada uma plataforma para a transferência de dados. Na Europa, o monitoramento em grande escala de casos positivos da variante é até agora apenas uma prática comum na Dinamarca e no Reino Unido.
A Alemanha acredita que existe um real perigo "de que a mutação viral se torne mais difundida" no país, como disse um porta-voz do governo. Isso faz com que seja ainda mais importante reduzir rapidamente os números da infecção. Na semana passada, a chanceler federal Angela Merkel já havia demonstrado especial preocupação com novas cepas do coronavírus mais contagiosas e chegou a falar em risco de uma terceira onda.
Celebridades e políticos que testaram positivo para covid-19
Várias estrelas de cinema contraíram o coronavírus. A doença varreu a elite política global e afetou também os melhores atletas.
Foto: Joshua Roberts/Reuters
Emmanuel Macron
O presidente da França foi diagnosticado com o coronavírus dias depois de uma cúpula dos líderes da União Europeia, o que levou várias autoridades do bloco a adotarem o isolamento. Nos dias que antecederam o resultado, ele se reuniu também com lideranças políticas da França e membros de seu gabinete. Seus assessores disseram que ele mantém estilo de vida saudável e se exercita regularmente.
Foto: Lewis Joly/AP Photo/picture alliance
Donald Trump
Após menosprezar a doença durante meses, o presidente dos Estados Unidos confirmou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estavam infectados com o coronavírus em plena reta final de sua campanha à reeleição. Trump raramente aparecia em público usando máscaras de proteção e ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde.
Foto: picture-alliance/CNP/A. Drago
Andrzej Duda
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, testou positivo para o coronavírus, anunciou um porta-voz no dia 24 de outubro. Dias antes, ele esteve em um fórum de investimento na Estônia, onde se encontrou com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que entrou em isolamento profilático depois de ter contato com alguém infectado em seu país de origem. No entanto, não foi confirmado como Duda se contaminou.
Foto: Photoshot/picture-alliance
Andrea Bocelli
O tenor italiano Andrea Bocelli testou positivo para o novo coronavírus em março. Ele relatou que teve apenas febre leve, e no mês seguinte, já fez uma apresentação na Catedral de Milão, vazia devido às regras de restrição.
Foto: Getty Images/S.Legato
Robert Pattinson
O ator, de 34 anos, mais conhecido por estrelar como o vampiro Edward Cullen na saga cinematográfica "Twilight", testou positivo para covid-19, obrigando a produção de "The Batman" a uma pausa apenas três dias depois de ter retomado trabalhos. Pattinson, que também foi Cedric Diggory na adaptação cinematográfica de "Harry Potter e o cálice de fogo", sucede Ben Affleck como o Homem Morcego.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Chesnokova
Dwayne 'The Rock' Johnson
O lutador que virou estrela de cinema se tornou uma das mais recentes celebridades a contraírem covid-19. Em um vídeo no Instagram, Johnson revelou que ele, sua esposa e duas filhas testaram positivo — acrescentando que ele teve "uma experiência difícil" com os sintomas. Ele também pediu às pessoas que parem de "politizar" a pandemia e "usem máscara".
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Shotwell
Neymar
O craque brasileiro é um dos três jogadores do PSG a contraírem o vírus, informou a agência de notícias AFP em 2 de setembro. Acredita-se que o surto no clube esteja relacionado a uma viagem de férias que o time fez à ilha espanhola de Ibiza. Posteriormente, Neymar postou uma foto no Instagram com seu filho, que também supostamente testou positivo: "Obrigado pelas mensagens. Estamos todos bem".
Foto: Getty Images/AFP/D. Ramos
Silvio Berlusconi
O ex-premiê italiano de 83 anos testou positivo para o vírus e estaria assintomático, segundo anúncio de seu médico em 2 de setembro. Dois dos filhos de Berlusconi e sua namorada de 30 anos também testaram positivo. O ex-premiê testou positivo depois de passar férias na costa da Sardenha, onde os ricos e famosos da Itália costumam desdenhar das políticas de restrição.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Vojinovic
Usain Bolt
A lenda do atletismo Usain Bolt testou positivo poucos dias depois de realizar uma festa para comemorar seu 34º aniversário no final de agosto. O detentor do recorde para os 100 e 200 metros rasos disse que entrou em quarentena, mas que não estava exibindo sintomas. Vídeos da festa de aniversário ao ar livre de Bolt mostraram convidados sem máscaras durante a celebração.
Foto: Reuters/M. Childs
Antonio Banderas
O ator espanhol teve uma surpresa indesejável em seu 60º aniversário em meados de agosto, depois de um teste positivo para o coronavírus. Banderas disse que passou seu aniversário isolado e que estava "mais cansado do que de costume", mas "esperando se recuperar o mais rápido possível".
Foto: picture-alliance/Captital Pictures
Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro, que repetidamente minimizou a gravidade da pandemia, contraiu o vírus em julho. Ele foi criticado por ignorar as medidas de segurança recomendadas por especialistas em saúde antes e depois de seu diagnóstico, incluindo apertar as mãos e abraçar apoiadores na multidão. Sua mulher, Michelle, e os filhos Jair Renan e Flávio também testaram positivo.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Tom Hanks
O ator Tom Hanks e sua mulher, a atriz e cantora Rita Wilson, foram algumas das primeiras celebridades a anunciar que contraíram o vírus. O casal testou positivo para a covid-19 em meados de março, quando estava na Austrália. Depois de se recuperar e retornar aos Estados Unidos, Hanks defendeu que as pessoas façam sua parte para retardar a propagação da doença.
Foto: picture-alliance/AP/Invision/J. Strauss
Sophie Gregoire Trudeau
Sophie Gregoire Trudeau, mulher do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testou positivo para coronavírus depois de retornar do Reino Unido em meados de março. O marido dela anunciou ter se isolado na residência oficial, mesmo sem apresentar sintomas da enfermidade.
Foto: Reuters/P. Doyle
Boris Johnson
No final de março, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contraiu o coronavírus que o levou ao hospital por vários dias. Johnson passou uma semana em um hospital em Londres e três noites na UTI, onde recebeu oxigênio e foi observado 24 horas por dia. Ele teve alta em meados de abril, e os funcionários do hospital receberam o crédito de ter salvado sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Dawson
Ambrose Dlamini
O primeiro-ministro de Essuatíni (antiga Suazilândia), Ambrose Dlamini, contraiu o coronavírus e morreu em decorrência da covid-19, em dezembro de 2020. Ele tinha 52 anos e chegou a ser internado em um hospital da África do Sul, mas não resistiu.
Foto: RODGER BOSCH/AFP
Hamilton Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, anunciou no final de dezembro de 2020 que havia testado positivo para a covid-19. Ele ficou 12 dias em isolamento no Palácio do Jaburu, em Brasília. Antes de receber o diagnóstico, o vice-presidente teve dor no corpo, dor de cabeça e febre que não passou de 38 graus. Em março de 2021, ele recebeu a primeira dose da Coronavac.
Foto: Sergio Lima/AFP
Larry King
O lendário apresentador de TV americano Larry King morreu em janeiro de 2021, em decorrência da covid-19. Ele tinha 87 anos e comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN há mais de duas décadas.
Foto: Radovan Stoklasa/REUTERS
Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 62 anos, anunciou no começo de abril de 2021 que contraiu o coronavírus. Segundo a Unidade Médica Presidencial, ele não teve sintomas, graças à imunização pela vacina russa Sputnik V, recebida dois meses antes.