Berlim pressiona por coleta de digitais de refugiados
7 de fevereiro de 2017
Órgão federal pede que autoridades regionais registrem e comparem impressões digitais de requerentes de asilo para evitar fraudes. Usando identidades falsas, migrantes estariam embolsando dinheiro dos cofres públicos.
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O Departamento de Migração e Refugiados da Alemanha (Bamf) está pressionando as autoridades regionais a colher impressões digitais de todos os refugiados no país. O objetivo é evitar fraudes no sistema de benefícios sociais.
"Os departamentos de estrangeiros têm essa obrigação. Eles precisam colher as impressões digitais de todas as pessoas que se registram e comparar os dados aos do registro central", afirmou a nova presidente do Bamf, Jutta Cordt, ao jornal Passauer Neue Presse nesta terça-feira (07/02).
Segundo Cordt, desde o segundo semestre do ano passado, o Bamf compara as digitais de refugiados com as registradas pelas autoridades de segurança. Dessa maneira, o órgão federal já é capaz de "excluir identidades múltiplas em processos de asilo".
No entanto, o jornal Die Welt noticiou, citando o Bamf, que mais de 90% dos departamentos de estrangeiros da Alemanha não são capazes de comparar as digitais de requerentes de asilo. Estima-se que no máximo 10% dos departamentos tenham o equipamento necessário, e registros múltiplos são facilmente possíveis, segundo o jornal.
A publicação afirmou ainda que, embora os departamentos de estrangeiros já estejam conectados a um sistema de dados central, nem todos têm condições técnicas de coletar e registrar impressões digitais. Além disso, nem todos passaram por um processo completo de digitalização.
Identidades falsas
Recentemente, um caso no estado da Baixa Saxônia veio à tona. Um requerente de refúgio sudanês de 25 anos foi condenado a um ano e nove meses de prisão após embolsar 2.700 euros do Estado usando sete identidades falsas.
Em janeiro deste ano, o ministro do Desenvolvimento, Gerd Müller, afirmou numa entrevista que uma cifra "milionária" da verba destinada a serviços sociais é abocanhada por "registros múltiplos" de requerentes de asilo.
Diante da ameaça terrorista e do suposto abuso frequente dos serviços sociais, Müller pediu um novo controle de todos os requerentes de asilo que chegaram ao país. Segundo o Die Welt, a coleta de digitais deve ser tema de uma conferência dos governadores alemães nesta quinta-feira.
LPF/kna/afp
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.