Mercado de trabalho
22 de junho de 2011O governo da Alemanha aprovou nesta quarta-feira (22/06) um plano para facilitar a integração de profissionais estrangeiros no mercado de trabalho alemão. O documento, de 32 páginas, prevê, entre outros, uma redução dos entraves à entrada de profissionais especializados do exterior na Alemanha.
O papel aprovado pelo gabinete da chanceler federal, Angela Merkel, é tema de discussões entre integrantes do governo e representantes do mercado laboral, antes de uma possível transformação em projeto de lei.
Berlim pretende, com o plano, não só atrair profissionais qualificados da União Europeia (UE), mas também mão de obra qualificada de fora das fronteiras do bloco. Entre outras mudanças, há planos de que empresas dispostas a empregar engenheiros ou médicos de países não pertencentes à União Europeia não sejam mais obrigadas a provar a inexistência, dentro do bloco e do país, de outros candidatos adequados para a vaga, como ocorre atualmente.
Desempregados locais são prioridade
A prioridade do governo Merkel, entretanto, deve continuar sendo dos desempregados alemães. Somente em uma segunda etapa, os obstáculos para trabalhadores estrangeiros trabalharem na Alemanha devem ser reduzidos.
O plano inclui também medidas para facilitar a harmonização da vida profissional e familiar, reforçar a integração de trabalhadores mais velhos e de desempregados no mercado laboral, assim como facilitar o ingresso dos jovens à carreira profissional.
A principal potência econômica da Europa se ressente de uma crescente falta de mão de obra qualificada. O governo alemão estima que o número de pessoas economicamente ativas diminuirá em 6,5 milhões nos próximos 15 anos. "Temos um milhão de vagas, e faltam principalmente engenheiros e médicos", disse a ministra alemã do Trabalho, Ursula von der Leyen, em uma entrevista à televisão estatal alemã ARD.
Von der Leyen sinalizou a intenção de reduzir o piso salarial mínimo exigido para que trabalhadores de países de fora da UE possam obter visto de trabalho para a Alemanha – dos atuais 66 mil euros para 40 mil euros anuais. "Mas esta é uma reivindicação que será, com certeza, debatida ferozmente nas próximas semanas", reconheceu a ministra.
Resistência
Os planos do gabinete de Merkel já encontram resistência de sindicatos e mesmo dentro da própria coalizão governamental. A União Social Cristã (CSU), partido que integra o governo Merkel, é contra alterar a renda mínima exigida para estrangeiros e qualifica a alternativa como "desnecessária".
Michael Sommer, presidente da Federação Alemã dos Sindicatos (DGB, na sigla em alemão), a maior central sindical do país, argumenta de forma semelhante. "Antes de se pensar sobre a imigração, temos que esgotar o potencial aqui na Alemanha", disse. Ele acusou, ainda, o governo alemão de ceder à pressão do empresariado. "O apelo por limites de renda mais baixos, tem apenas um objetivo: os empresários querem profissionais qualificados mais baratos", protestou.
MD/dapd/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque