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Berlim recebe acervo da cineasta de Hitler

14 de fevereiro de 2018

Fundação cultural herda coleção pessoal com filmes, fotos, cartas e documentos da controversa diretora Leni Riefenstahl, responsável por realizar vários projetos para a máquina de propaganda.

Riefenstahl durante as filmagens de "Olympia"
Riefenstahl durante as filmagens de "Olympia"Foto: picture-alliance/dpa/W.Frentz Archiv

Uma fundação cultural berlinense herdou o acervo pessoal completo de Leni Riefenstahl, conhecida como a cineasta predileta de Adolf Hitler. A coleção inclui fotos, filmes, manuscritos, cartas e arquivos da propriedade da diretora, conhecida por ter realizado filmes de propaganda para o regime nazista e que morreu em 2003, aos 101 anos.

A Fundação Prussiana do Patrimônio Cultural afirmou na segunda-feira (12/02) que a ex-secretária de Riefenstahl, Gisela Jahn, doou à instituição sediada em Berlim – cidade natal da cineasta – o completo acervo acumulado pela diretora, após ter herdado a coleção do viúvo da cineasta, o cinegrafista Horst Kettner, morto em 2016. Ele mantinha o material guardado na residência do casal, em Pöcking, no sul da Alemanha.

Os filmes de Leni Riefenstahl eram considerados um poderoso instrumento de propaganda dos nazistas e até hoje são tidos como obras de arte cinematográficas esteticamente sofisticadas.

Entre seus trabalhos mais conhecidos, estão Triunfo da Vontade, um registro do congresso do Partido Nazista de 1934, em Nurembergue, e Olympia, um ensaio cinematográfico em duas partes, abordando os Jogos Olímpicos de Berlim de 1936.

Leni Riefenstahl afirmava que não sabia das atrocidades dos nazistas quando trabalhava para o regime de HitlerFoto: picture-alliance/dpa/U. Baumgarten

O presidente da Fundação Prussiana do Patrimônio Cultural, Hermann Parzinger, assegurou que sua entidade tratará o material com "uma responsabilidade especial", com um "exame crítico" da cineasta.

O acervo será avaliado e catalogado por uma equipe interdisciplinar supervisionada pelo órgão, em cooperação com a Deutsche Kinemathek. Ele está abrigado em cerca de 700 caixas.

O diretor artístico da Deutsche Kinemathek, Rainer Rother, espera que o acervo adquirido possa revelar novas facetas da obra da diretora.

"Nossa perspectiva sobre Leni Riefenstahl se enriquecerá – não necessariamente se modificará.” Para além das questões morais, políticas e históricas, Riefenstahl é considerada uma dos diretoras mais importantes da história do cinema. "Sua contribuição estética é incontestável", destaca Rother.

O inventário fotográfico será abrigado no Museu da Fotografia, situado em Berlim, que desde 2004 exibe o trabalho do fotógrafo Helmut Newton, amigo de Riefenstahl nos últimos anos de vida da cineasta. As correspondências, diários e os manuscritos devem ficar sob os cuidados da Staatsbibliothek de Berlim.

Acervo de Riefenstahl na casa dela, em Pöckling, no sul da AlemanhaFoto: bpk/Staatliche Museen zu Berlin – Kunstbibliothek/Wilfried Petzi

Riefenstahl sempre defendeu das acusações relacionadas a seus serviços ao Terceiro Reich, dizendo que não sabia nada das atrocidades nazistas .

Após a Segunda Guerra Mundial, ela praticamente não conseguiu mais financiamento para novos projetos. Seu filme Terra Baixa, filmado entre 1940 e 1942, só estreou em 1954. Para as filmagens, ela recrutou 60 ciganos que eram prisioneiros de campos de concentração, o que mais tarde causou controvérsia.

Depois, Riefenstahl estabeleceu carreira como fotógrafa, publicando livros de fotos, como o dedicado à tribo africana dos nubas. Nos últimos anos de vida, ela se dedicou a filmagens submarinas. Em seu aniversário de 100 anos, em agosto de 2002, Riefenstahl lançou um novo filme, sobre a beleza dos atóis no Oceano Índico.

MD/dpa/ap/afp/epd

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