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Berlim vai socorrer clubes em caso de falência do grupo Kirch

Paulo Chagas4 de abril de 2002

A provável falência do grupo Kirch colocará em apuros a maioria dos clubes de futebol alemães, que vivem das receitas de tevê.

Leo Kirch, o magnata da mídia, que está à beira da falênciaFoto: AP

A União e vários governos estaduais estão dispostos a conceder garantias financeiras aos clubes de futebol do Campeonato Alemão, a Bundesliga, caso o KirchGruppe peça concordata ou entre em falência.

O secretário de Estado no Ministério da Economia, Alfred Tacke, confirmou que os empréstimos chegariam a 200 milhões de euros (US$ 176,95 milhões), a fim de cobrir a perda das receitas de televisão, segundo divulgou nesta quarta-feira (04) o jornal Süddeutsche Zeitung. Isto permitiria à Bundesliga sobreviver durante meio ano, dando tempo para redefinir a atribuição dos direitos de transmissão dos jogos.

Contrato até 2004

- O contrato de quatro anos da Liga Alemã de Futebol (DFL) com o KirchGrupp termina em 2004 e tem um volume total de 1,53 bilhão de euros (US$ 1,354 bilhão). Na atual temporada, a Liga teria de receber um total de 357,9 milhões de euros. As duas últimas parcelas, de quase 100 milhões de euros, vencerão no início de maio e início de agosto.

Este dinheiro é dividido entre os 18 clubes da primeira divisão, que recebem 80%, e os 18 clubes da segunda divisão, que ficam com os 20% restantes. Cada clube recebe uma cota fixa e duas variáveis, em função dos seus resultados obtidos nos anos anteriores e da classificação na tabela. Em média, os clubes da primeira divisão recebem 15 milhões de euros, sendo que os primeiros colocados ganham quase o dobro dos últimos. Na segunda divisão, a média atinge 4 milhões de euros por clube.

Explosão de salários

- Sem o dinheiro da televisão só os grandes clubes, como o Bayer de Munique e Bayer Leverkusen, teriam condição de continuar pagando sua equipe. A explosão dos salários dos jogadores, desde que terminou a lei do passe, em 1995, fez com que as despesas de pessoal dos clubes aumentassem em cerca de 200%.

O Bayern de Munique por exemplo, clube mais rico da Alemanha, gasta 70 milhões de euros com salários. Um jogador como Oliver Kahn, goleiro da seleção, ganha 5 milhões de euros por ano. Dos cerca de 450 jogadores da Bundesliga, só uma minoria ganha menos de 500.000 euros por ano.

Protestos

- A utilização de dinheiro público para salvar os clubes de futebol profissional é contestada pelo diretor-gerente do Bayer de Munique, Uli Hoeness. Ele acha melhor uma solução no âmbito empresarial e propõe que as transmissões dos jogos do campeonato voltem a ser feitas pelas redes públicas de tevê ARD e ZDF.

Willi Lemke, ex-diretor do Werder Bremen e atual secretário da Educação do estado de Bremen, está indignado. "Só pode ser uma brincadeira, utilizar dinheiro de imposto para financiar o futebol profissional", disse Lemke. E acrescentou: "Não posso acreditar que o governo federal dê dinheiro aos clubes para manter os jogadores".