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Berlinale 2005: aberta temporada de caça aos ursos

Rodrigo Rimon11 de fevereiro de 2005

O 55º Festival Internacional de Cinema de Berlim – um dos três maiores, ao lado de Cannes e Veneza – abriu suas portas com a presença de estrelas nacionais e internacionais e promete muito "futebol, sexo e política".

O urso, símbolo de Berlim e do Festival, e o diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, em segundo planoFoto: dpa

O tapete vermelho foi estendido mais uma vez na praça Potsdamer Platz para receber os ilustres convidados do 55º Festival Internacional de Cinema de Berlim, carinhosamente apelidado de Berlinale.

Desta vez, o festival bateu recordes: nunca foram enviados tantos filmes à organização do evento, que escolheu os 350 melhores para compor seu programa – 21 dos quais concorrerão aos cobiçados ursos de ouro e prata, entre eles 16 estréias mundiais.

Estrelas de Hollywood e pesos-pesados do cinema europeu são aguardados na capital alemã, como Keanu Reeves, Kevin Spacey, Glenn Close, Will Smith, Anjelica Houston, Daniel Day-Lewis, Gérard Depardieu e Catherine Deneuve.

O diretor do festival, Dieter Kosslick (esq.) e a equipe do filme de abertura 'Man to man': o diretor Régis Wargnier e os atores Cecile Bayiha, Joseph Fiennes, Kristin Scott Thomas, Lomama Boseki e Ian GlennFoto: AP

Famosos como Jerry Lewis, Tilda Swinton e Wim Wenders (Asas do desejo, Buena Vista Social Club) compareceram à gala de abertura do festival, mas quem roubou o brilho da noite foi o par Ralph Fiennes e Kristin Scott Thomas, protagonistas do filme de abertura Man to Man.

África é tema central

Se, por um lado, faltam contribuições americanas – arrasa-quarteirões ou não, eles representam apenas de dois a três por cento dos filmes do festival, segundo o diretor-geral Dieter Kosslick – sobejam produções asiáticas e européias. Além disso, a África é, segundo Kosslick, o foco regional da Berlinale este ano.

Cena de 'Man to Man'Foto: Internationale Filmfestspiele Berlin

O filme de abertura, Man to Man, o primeiro rodado em inglês pelo diretor francês Régis Wargnier (Indochina), conta a história de um grupo de antropólogos europeus em expedição na selva africana no final do século 19, em busca do elo perdido entre o macaco e o homem.

E a representação africana não pára por aí. O genocídio provocado pela guerra civil em Ruanda, há dez anos, é tema de duas produções do programa oficial: Hotel Rwanda, do britânico Terry George, que conta o drama num hotel que serviu de abrigo a fugitivos tutsis, e o americano Sometimes in April, que mostra o reencontro, dez anos depois, de dois irmãos que lutaram em frentes opostas.

Cinema é lugar de política...

Cena de 'Hotel Rwanda'Foto: Internationale Filmfestspiele Berlin

O caráter político – para Kosslick, a Berlinale é um evento político – impregnou outros filmes da competição: Paradise Now, de Hany Abu-Asad, narra as últimas 48 horas de vida de dois terroristas palestinos antes de um atentado suicida, e o russo The Sun encerra uma trilogia de Aleksandr Sokurov sobre a psicologia do poder.

A Alemanha contribuiu com Sophie Scholl – Os últimos dias, baseado na vida da lutadora da resistência alemã, assassinada pelos nazistas em 1943.

...sexo, futebol!

Cena do filme "One Day In Europe", Hannes StöhrFoto: Piffl

Mas não é só política. Sexo e futebol também são temas presentes na programação. Em Kinsey, Liam Neeson faz o papel de cientista sexual Alfred C. Kinsey. O documentário Inside Deep Throat mostra os bastidores do mais famoso filme pornográfico de todos os tempos e a cineasta francesa Catherine Breillat fará um workshop sobre a direção de cenas de sexo.

Futebol é tema de um dos concorrentes alemães aos cobiçados ursos: nos episódios de One Day in Europe, de Hannes Stöhr, turistas são roubados em Moscou, Istambul, Santiago de Compostela e Berlim em dia de final da Liga dos Campeões.

Pequena participação brasileira

Ao todo, há filmes de 52 países. O Brasil não podia ficar de fora, mas a participação brasileira este ano é mais que modesta. Nenhum filme brasileiro foi nomeado para a mostra oficial.

Mesmo assim, os brasileiros emplacaram três contribuições: Redentor, estréia na direção de Cláudio Torres, foi o filme de abertura da mostra Panorama. Outros foram Brasileirinho, novo filme do finlandês radicado no Brasil, Mika Kaurismäki (Moro no Brasil) sobre o chorinho, e a versão restaurada do clássico Terra em transe, de Glauber Rocha.

O diretor Walter Salles, que já levou o Urso de Ouro por Central do Brasil, será um dos anfitriões do Talent Campus, uma oficina que promove a integração de consagrados e iniciantes.

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