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Berlinale

Silke Bartlick (jbn)12 de fevereiro de 2009

Realizado junto com a Berlinale, o Mercado Europeu de Cinema é oportunidade para negócios na indústria cinematográfica. Coproduções internacionais ganham espaço com novas possibilidades de financiamento.

Mercado Europeu de Cinema atrai mais de 6 mil visitantes de 51 paísesFoto: Marc Ohrem-Leclef/Berlinale

Quem vai a Berlim em fevereiro logo percebe um clima excepcional na cidade com o Festival Internacional de Cinema. Mas, ao contrário do que muitos pensam, a Berlinale também é lugar para negócios, pois pode-se experimentar de perto como o público especializado reage às novas produções cinematográficas e, portanto, o que vale a pena comprar.

Conhecido como o centro de negociações do festival, o Mercado Europeu de Cinema (EFM) é um imã para profissionais da área, atraindo mais de 6 mil visitantes de 51 países. A feira, que começou como um pequeno anexo da Berlinale, é atualmente reconhecida como a terceira maior do mundo no setor.

Segundo Beki Probst, não se percebe crise financeira no Mercado Europeu de CinemaFoto: Berlinale 2009

Mais de 700 filmes estão sendo oferecidos no EFM, que ocorre na sala de exposições Martin Gropius Bau e, pela primeira vez, no luxuoso Marriott Hotel. Na feira, a crise econômica parece não ser grande obstáculo para os negócios.

"O Mercado Europeu de Cinema serve como um termômetro, e aqui ainda não percebemos que estamos numa situação de crise", afirma a coordenadora do evento, Beki Probst. Para ela, a explicação é simples: "As pessoas precisam de filmes. Sem eles não dá!".

Novos polos cinematográficos

Embora não perceptível no EFM, a crise financeira tem trazido mudanças à indústria cinematográfica. Como nos EUA não há incentivos estatais para a produção de filmes, os grandes estúdios dependem de empréstimos bancários e patrocinadores. Com a crise, tiveram de buscar novas alternativas.

Uma delas foi procurar financiamento na Europa, onde há sistemas estatais de incentivo ao cinema. "Com este sistema de incentivo que se tem na Alemanha, na França e na Europa em geral, é sempre possível encontrar dinheiro para produzir filmes", explica Probst.

A Alemanha tem sido um dos países escolhidos para as produções devido aos grandes estúdios em Potsdam-Babelsberg, perto de Berlim, e em Munique. Mas o motivo principal são os financiamentos do Fundo de Incentivo ao Cinema Alemão, que podem ser solicitados por países estrangeiros em casos de coproduções internacionais.

Por ano, o governo da Alemanha disponibiliza 60 milhões de euros para a produção de filmes no país. O diretor Quentin Tarantino já se beneficiou do orçamento, gravando com Brad Pitt o seu próximo filme, Inglorious Basterds, previsto para ser lançado em maio no Festival de Cannes.

Rumo ao leste

A fuga da dependência de créditos bancários e de patrocinadores também tem impulsionado os americanos rumo ao leste. Segundo o jornalista da revista britânica Screen International Martin Blaney, já antes da crise os americanos procuravam novas opções de investimento.

Mercado Europeu de Cinema favorece negociações para novas produçõesFoto: picture-alliance / dpa / Montage DW

"Agora eles procuram possibilidades na Índia ou no Oriente Médio para financiar grandes filmes", diz Blaney. Ele ainda destaca que países como Hungria, Romênia, Rússia e Cazaquistão também têm sido destinos dos americanos, pois, nesses lugares, eles podem diminuir os custos de produção.

Networking

O Mercado Europeu de Cinema também favorece o encontro de profissionais no Berlinale Co-Production Market. Durante três dias, produtores e financiadores de vários países discutem projetos que facilitam colaborações e promovem plataformas para produções em desenvolvimento.

Um dos programas realizados é o Works in Progress, voltado exclusivamente para jovens cineastas latino-americanos. Nesse fórum, novos diretores têm a oportunidade de apresentar seus projetos a investidores e agentes, que podem contribuir para o seu desenvolvimento.

Para Probst, as perspectivas são boas para pequenos produtores: "Berlim é naturalmente um mercado no qual uma pequena distribuidora ou um pequeno produtor tem um lugar ao sol e não desaparece no meio da multidão."

Mercado globalizado

O interesse por histórias de outros países também aumentou, uma consequência da globalização. Para a presidente da European Film Promotion, Claudia Landsberger, "quem vai ao cinema quer se transportar a outros lugares e mergulhar em outros mundos". Na Europa, por exemplo, não é raro que documentários da Ásia, da África e da América Latina sejam bem recebidos.

Mas o contrário também acontece. Landsberger tem interesse em levar pequenas produções de 30 países europeus para outros continentes. "Eu sempre acho interessante ver que certos filmes vão muito bem no Brasil e outros, no Leste Europeu. Isso depende totalmente do astral e da cultura das pessoas", aponta.

A European Film Promotion é uma rede internacional de organizações cujo objetivo é promover e divulgar o cinema europeu no mundo.