Depois de quase um ano fechado para reforma, um dos principais museus berlinenses apresenta quatro novas exposições que refletem a arte em Berlim através de sua arquitetura, seu passado e presente.
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Como outros grande museus do mundo, a Berlinische Galerie não é caracterizada apenas pelo seu acervo, mas também por seu icônico prédio, que reabre suas portas com quatro novas exposições a partir desta sexta-feira (29/05).
A reforma, que durou pouco menos de um ano, não mudou em nada do projeto do arquiteto Jörg Fricke, apenas modernizou o antigo galpão, que em 2004 foi transformado no centro da arte moderna produzida em Berlim, além de abrigar exposições de grandes artistas contemporâneos.
O grande salão com um enorme pé direito recebe os visitantes e, com frequência, instalações criadas especialmente para o espaço. Desta vez, o alemão Björn Dahlem pousou uma nave espacial na Berlinische Galerie para levar o visitante a uma viagem à Lua. A instalação Mare Lunaris é constituída por uma série de esculturas que representam fenômenos astrofísicos. Utilizando materiais comuns, o artista constrói uma ponte entre arte e física.
O salão central ainda é cortado pelas duas escadarias em diagonal, onde, no andar de baixo, acontecem grandes exposições temporárias. A estrela da reabertura é Radikal Modern – Planejamento e construção na Berlim dos anos 1960.
No andar superior há uma nova apresentação do acervo, que conta com obras de nomes como Max Liebermann e Otto Dix.
"Para a apresentação do nosso acervo, nos concentramos no período de 1880 a 1980, com algumas modificações. Recebemos muitas doações recentemente e queremos mostrar algumas novidades", diz Thomas Köhler, diretor da Berlinische Galerie.
Entre as novas obras estão pinturas e estudos da natureza de artistas como Walter Leistikow, Lesser Ury e Julie Wolfthorn. Os visitantes também têm a oportunidade de descobrir o trabalho expressionista de Benno Berneis, com pinturas desenhos e documentos doados à instituição em 2014.
Berlim radical e moderna
Destruída na Segunda Guerra Mundial e dividida por um muro durante a Guerra Fria, Berlim viveu um boom no setor da construção nos anos 1960, tanto no lado ocidental quanto no oriental. A arquitetura e o planejamento urbano daquela época moldaram a capital alemã.
A exposição Radikal Modern é uma análise abrangente do desenvolvimento da cidade através de suas construções, que evidenciam visões políticas, sociais e estruturais da cidade.
A mostra revela esse desenvolvimento através de projetos, desenhos e maquetes que exploram as possibilidades tecnológicas da época e refletem uma sociedade buscando um novo futuro.
"A exposição está dividida em seis partes, que tratam de temas como geometria, arte, moradias populares, diversidade serial, sonhos urbanos e reconstrução. Tentamos reunir em cada um desses aspectos fotografias moderna, colagens e também filmes que criticam e discutem a maneira como Berlim se desenvolveu", diz Ursula Müller, curadora da exposição.
A mostra também conta um pouco da história de prédios e lugares icônicos da cidade, como o da Neue Nationalgalerie ou as construções na região de Alexanderplatz. Um aplicativo para smartphones oferece um mapa detalhado e informações sobre 40 edifícios ao redor da cidade.
Para completar sua reabertura, a Berlinische Galerie também exibe o trabalho de Bernhard Martin. O vencedor do premio Fred-Thieler de pintura em 2015 mostra suas narrativas visuais com inspirações que vêm da literatura (especialmente dos romances do francês Michel Houellebecq) e do universo pop em grande e coloridas pinturas que brincam com clássicos, entre o poético e o profano.
Museus alemães curiosos
Entre os 6.300 museus alemães, há alguns curiosos e outros até bizarros, como o Museu da Batata. Conheça alguns dos mais fora do comum.
Foto: Das Kartoffelmuseum
Muito mais do que higiene
O nome engana! O Museu da Higiene em Dresden enfoca o corpo humano e a saúde. Modelos que podem ser tocados explicam as funções dos órgãos. Nas áreas temáticas, são enfocados o ser humano através da ciência moderna, a sexualidade, a mobilidade, a beleza, a memória, a alimentação e vida e morte. Entre os objetos históricos, há uma estatueta de Vênus do ano 100 e um aparelho de radiografia de 1919.
Foto: Jörg Gläscher
Mundo em miniatura
O "Miniatur Wunderland" (Mundo das Maravilhas em Miniatura) em Hamburgo tem a maior ferrovia de brinquedo do mundo espalhada por oito cenários, desde Las Vegas a fiordes noruegueses, com paisagens da Itália, França, Suíça, Áustria e Alemanha, e ainda um aeroporto em miniatura em funcionamento com 40 modelos de aviões.
Foto: Miniatur Wunderland Hamburg
Museu do feitiço
O museu "Soul of Africa" em Essen é dedicado à cultura vodu, à magia e às artes de cura da África Ocidental. O altar retratado aqui mostra Mami Wata, uma deusa do mar, juntamente com outros 41 espíritos da água.
Foto: Jörg Gläscher
Legado de peso
O assunto guerra requer um tratamento particularmente delicado na Alemanha. Em uma análise crítica, o Museu dos Tanques de Combates em Munster lança luz sobre a história militar. Uma das atrações entre os mais de 150 veículos blindados do acervo é este tanque de 1921. Durante a República de Weimar, ele foi usado pela polícia em eventuais conflitos de rua.
Foto: Deutsches Panzermuseum
Ervas e pomadas
O Museu Alemão de Farmácia fica dentro do castelo de Heidelberg e seu acervo tem objetos relacionados à saúde e à medicina desde a Antiguidade até o século 21. Aqui estão documentados dois mil anos de história da farmacêutica, incluindo antigos kits de primeiros socorros e farmácias inteiras de outras épocas, como esta do mosteiro beneditino de Schwarzach de 1742.
Foto: Dt. Apotheken Museum-Stiftung Heidelberg
Museu subterrâneo
O Museu Alemão da Mineração, em Bochum, é uma antiga mina de carvão. Sua rede de túneis de 2,5 km compõe a maior mina de exposição no mundo. Do carvão ao sal, os visitantes podem aprender tudo sobre a história da mineração. Há inclusive uma sala subterrânea onde se realizam casamentos. A subsequente recepção com champanhe é no alto da torre de transporte, com vista para o Vale do Rio Ruhr.
Foto: Deutsches Bergbaumuseum
Museu do "leão"
Museu do fisco também pode ser divertido. No museu fiscal alemão o visitante pode conhecer cinco mil anos de história da cobrança de impostos, da antiga Mesopotâmia até hoje, passando pela Idade Média. Os documentos expostos narram, de forma informativa e divertida, como a legislação fiscal evoluiu, de poder anárquico a leis vinculativas.
Foto: Fotolia/46700946
A morte como tema
Carros funerários, caixões e túmulos da Idade Média podem ser vistos no Museu da Cultura Sepulcral de Kassel. Ali também são explicados rituais alemães de enterro e de luto. Como mostra o caixão em forma de galo, a morte também pode ter seus aspectos engraçados. A pedidos dos visitantes, o museu organiza eventos especiais, de trabalhos científicos sobre o assunto até espetáculos de comédia.
Foto: Museum für Sepulkralkultur Kasse
Pela diversidade sexual
O Museu Gay de Berlim documenta cultura e modos de vida de gays e lésbicas. Para homens que gostam de homens, mulheres que gostam de mulheres e também para aqueles que curtem os dois, o Museu Gay, no bairro Tiergarten, é uma experiência reveladora e especial. O lugar oferece visitas guiadas gratuitas.
Foto: DW/X. Maximova
Museu da Batata
Bem-vindo ao – segundo a diretora do museu, Barbara Kosler – único museu do mundo dedicado à arte com batatas. Oito salas temáticas ilustram o tema: há vasos dos incas em forma de batata, impressões a cores no estilo pop art de Andy Warhol, a importância do tubérculo como alimento dos pobres, e, finalmente, sua transformação em ícone de publicidade.
Foto: Das Kartoffelmuseum
Cerveja em fartura
O que oferece o Museu da Cerveja e da Oktoberfest? Claro, provas da bebida favorita dos alemães! Além de experimentar diferentes tipos de cerveja, o visitante pode se informar sobre sua fabricação: para se ver, há ferramentas e equipamentos históricos, e até manuscritos de uma cervejaria de Munique de 1487. O museu fica num prédio datado de 1340.